A arte que respira

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~Cap revisado~


Taehyung segurava um papel riscado com o endereço de Hoseok, estacionado há um tempo em frente a porta indicada. Ele conferiu diversas vezes para que não acabasse entrando no apartamento errado, causando uma confusão involuntária.

Dirigiu por três horas de Daegu até Gangnam-gu, deixando Raji mais uma vez aos cuidados do vizinho. Ficava triste por imaginar que estava praticamente abandonando o animal, ou que o velhinho do apartamento ao lado ganhasse mais afeto do felino do que ele. No entanto, seu coração não estava pronto para dar a devida atenção a Raji naquele dia de folga. A cena com Hoseok em Jinhae ocupou toda sua mente, impedindo-o de fazer até os afazeres mais simples.

A sensação confortavelmente intrigante que se apossou do peito, foi o principal motivo da noite mal dormida. Taehyung tocava os lábios sempre que lembrava-se do momento, ainda podendo sentir a boca quente de Hoseok. Maravilhoso demais ao ponto de assustá-lo por, instintivamente, ter medo de esquecer a sensação. E quando o sol surgiu no céu, não foi diferente. Focar-se em qualquer coisa foi difícil, o maior exemplo deu-se por quase ter sido atropelado por uma bicicleta enquanto caminhava com Raji.

Aquele beijo havia chacoalhado-lhe completamente. Por isso que precisava falar urgentemente com Hoseok, descobrir o motivo de toda aquela agitação e tirar a limpo se poderia ser verdade o que acabou por concluir em segredo. Não se importava que Hoseok fosse expulsá-lo de sua vida, acabando com uma amizade que estava indo tão bem. E sendo um eterno adulto ingênuo, tal probabilidade fazia todo sentido na cabeça de Taehyung, mesmo destacando o fato de que foi o próprio pintor que resolveu brincar com a ponta do iceberg.

Abriu calmamente a porta branca, já que Hoseok avisou-lhe que estaria aberta. No entanto, Taehyung não soube se era o apartamento certo no exato momento em que viu a baixa iluminação vermelha. Havia duas explicações para entender os leds daquela cor: Hoseok não sabia por não conseguir ver, ou Taehyung acreditou ter invadido um prostíbulo.

Tentando a sorte, seguiu as ordens de Hoseok. Procurou o interruptor para acender as luzes da sala, percebendo não fazer muita diferença. Continuavam fracas, mas dava para ver com mais clareza os móveis em tons amendoados e preto, destacando-se das paredes bege e do piso branco.

— Hoseok, eu já cheguei. — Pronunciou alto o suficiente para que ecoasse pelo apartamento, recebendo apenas o silêncio de volta. — Hoseok?

Continuou chamando-o, indo para o corredor, que deduziu ser dos quartos e onde Hoseok poderia estar. Não sabia se ele teria dormido depois de esperá-lo por tanto tempo, as estrelas já apresentavam-se no céu quando Taehyung saiu de casa. Pegou o celular para ligar a lanterna e poder se locomover melhor na caligem do corredor, mesmo que as leds ainda iluminassem minimamente o caminho. Não queria pintar as canelas de roxo pela dispersão dos pensamentos.

Havia quatro portas no corredor, a segunda estava aberta. Imaginou que fosse o quarto de Hoseok, paralisando na entrada quando seus olhos perceberam o quadro no centro e as tintas mexidas sobre uma mesinha ao lado. O espanto instantaneamente fez levá-lo a mão até a boca, prendendo o entusiasmo espontâneo diante de um lugar que jamais pensou que poderia visitar. Os olhos expressivamente abertos inspecionaram cada cantinho do mundo no qual saíram as surpreendentes pinturas que fascinaram-lhe outrora, encontrando uma ainda presente que imediatamente encantou-lhe.

Imerso na tela e em tudo que lhe compenetrava, Taehyung não percebeu uma sombra saliente aproximar-se por trás.

— Não me agrada quando fazem isso.

— Shit!

Taehyung sobressaltou com a presença repentina, deitando toda uma disciplina doutrinada por 3 anos pela tia. Só não raciocinou o estrago que faria quando ergueu o celular para iluminar o rosto de Hoseok, sendo impedido pelo pintor simultaneamente.

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