Capítulo 19 - Entre chances e brindes ao fracasso

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Era a quinta ou sexta taça de champanhe que Namjoon bebia na última hora.

Perdera a conta de quantas foram desde que chegara ao baile e tudo porque queria criar coragem o suficiente para convidar lady Adelyn para uma dança. No entanto, tudo o que havia conseguido até então era ficar levemente embriagado. Sua resistência para o álcool não era das melhores – se tivesse alguma – e o nervosismo não ajudava nem um pouco.

Que patético.

Do canto onde estava, incluído em uma conversa para a qual não dava a mínima atenção, ele observava a jovem de longe, sentada entre os familiares e com um semblante nitidamente entediado. Sequer fazia questão de esconder; ela não havia sido tirada para dançar nenhuma vez, o que só aumentava sua vontade de ser o primeiro. Porém, a insegurança o detinha.

E se ela não aceitasse? Se não o quisesse como parceiro? Além disso, afligia-lhe a ideia de que ela pudesse interpretá-lo mal, pensando que estava convidando por pena ou algo do tipo.

Em outras palavras: seu maior receio era ser rejeitado.

Como médico, ele lidava com situações complicadas praticamente todos os dias, mas via-se ridiculamente paralisado diante daquela. Simplesmente porque não sabia como agir quando se tratava de sentimentos, ainda mais pela jovem por quem se apaixonara.

Namjoon também não sabia dizer quando começou a reparar em Adelyn ou em como aquela súbita atração se tornou algo mais. Frequentava a casa dos Bamborough desde que se lembrava por gente. Seu pai e o duque sempre foram amigos de longa data e as famílias se visitavam, o que passou a acontecer com mais frequência especialmente depois do acidente.

Naquela época, ele tinha 16 anos e ela apenas 10. Somente uma criança aos seus olhos e, honestamente, às vezes chegava a ser um pouco irritante. Adelyn sempre fora a mais rechonchuda das irmãs e também a mais esperta. Recordava-se que, algumas vezes, as criadas brigavam com ela por roubar os bolinhos que seriam servidos na hora do chá e dividir com os gêmeos e Jimin, o filho do cavalariço. Os quatro eram inseparáveis. E ele apenas observava.

E assim os anos foram passando.

Acompanhou o desabrochar dela e, ainda que não correspondesse ao que a maioria dos rapazes procuravam em uma dama, Adelyn correspondia ao que buscava em uma futura companheira. Era inteligente, espirituosa, de uma opinião mordaz às vezes. Só que ela continuava sendo uma menina. A diferença de idade não era gritante, mas ainda fazia-o hesitar, e qualquer movimento só poderia ser feito após o debut dela acontecer.

Foi por isso que, ao decidir sair do ducado para estudar medicina, resolveu que iria esquecê-la. Provavelmente Adelyn já estaria comprometida quando voltasse, três anos depois, e a vida de médico não permitiria que vivessem um romance como ela merecia. Seria muito ocupado.

E então Namjoon partiu.

Sonhara em se tornar médico como o pai desde criança. Uma inclinação que nasceu naturalmente conforme via-o cuidando de outras pessoas. Ele queria fazer o mesmo, cuidar e salvar vidas, e por isso não hesitou em correr atrás de seu sonho. Ingressou na universidade.

Formou-se com honras na Universidade de Cambridge e retornou para Northumberland a fim de dar continuidade ao trabalho do pai, que havia falecido pouco antes de sua graduação.

Foram mais de três anos longe. Namjoon havia madurecido, experimentado da sensação do corpo de uma mulher, e se transformado em um homem. Parecia que tudo havia mudado.

Porém, enganou-se, pois Adelyn continuou dentro de seu coração.

Após tomar a responsabilidade dos gêmeos para si e a de médico da família, ele pensou que teria alguma oportunidade de expressar seu interesse em cortejar a jovem. No entanto, para a sua infelicidade, o duque fez a proposta de que cortejasse lady Queeny, a segunda filha mais velha. Seu desconcerto foi enorme, mas ele teve que recusar com a justificativa de que era ocupado demais para cogitar um matrimônio tão cedo. Fugira sem pensar duas vezes. Contudo, ao fazê-lo, arruinou as chances que tinha de conseguir demonstrar sua afeição a filha do meio.

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