Capítulo 30 - Promessas indecentes

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— Você errou. — comentou Jackson, abaixando o violino e se aproximando — Já é a segunda vez e isso porque você sequer costuma errar. Geralmente, esse trabalho é meu.

O Jung tentou esboçar um sorriso e desviou a atenção para as mãos que descansavam sobre as teclas do piano; Jackson, fitando o semblante abatido do amigo, deixou o instrumento de lado.

— O que aconteceu, huh? — indagou, genuinamente preocupado — Você está disperso desde que começamos e é incomum quando se trata de nossos ensaios. Você é sempre tão focado.

Yoongi respirou fundo, sentindo-se um tanto cabisbaixo, e confessou:

— Meu irmão descobriu.

Jackson arregalou os olhos, estupefato, já que não precisava de muitas explicações para entender ao que o mais novo se referia. Aquela descoberta poderia ser o início de um grande problema, porque, apesar de tudo o que disse a Yoongi na Molly House, ainda era um crime.

— Como? Quando?

— Há três dias. Ele flagrou Christian e eu, em uma situação bastante... Escandalosa.

— Deus do céu! — arfou — Isso é....

Yoongi anuiu. As pontas dos dedos deslizando distraidamente sobre o teclado. Seu amigo não precisava terminar a frase para captar o que gostaria de expressar; levou alguns minutos para começar a contar o que sucedeu na tarde anterior. Como discutiu com Hoseok e se impôs ao dizer que não desistiria de seu amor e estava disposto a renunciar tudo pelo ruivinho.

Jackson ficou impressionado com a determinação do amigo. Ele mesmo era incapaz de imaginar que um dia seria audacioso para assumir a sua família ou outras pessoas além daquelas com quem compartilhava tal segredo. Por isso, irremediavelmente, viu-se mais admirado.

— Ele não voltou a falar com você desde então? — questionou.

— Não. — suspirou — Estamos nos evitando mutuamente e eu acho que é melhor assim. Meu irmão precisa pensar. Não é algo fácil, tenho consciência disso, e devo dar espaço a ele.

— Você é muito sensato, Yoongi, e também atencioso. Apesar da seriedade da situação e da desavença que tiveram, continua levando em consideração os sentimentos de Hoseok.

— Se eu quero que ele considere os meus, nada mais justo do que fazer o mesmo.

Embora tenha deixado claro que não abandonaria Christian e falado mais do que deveria no calor de sua raiva, Yoongi amava seu hyung e respeitaria os sentimentos dele, só assim poderia fazer o necessário para que os seus também fossem.

Jackson sorriu e deu palmadinhas no ombro do Jung, encorajando-o silenciosamente e demonstrando seu apoio, mesmo que as emoções dentro de si continuassem confusas por ele.

Mas tinha que agir como o amigo que era.

— Tenho certeza de que logo as coisas irão se resolver. Não conheço tanto o seu irmão quanto lhe conheço, mas sei que Hoseok também é sensato e dará uma chance para compreendê-lo.

Yoongi resfolegou, esforçando-se parar crer nas palavras positivas do rapaz ao seu lado, uma vez que as sombras de seus pensamentos estavam arrastando-o para baixo desde o dia anterior e ele não queria continuar deprimido – embora fosse inevitável nas circunstâncias atuais.

— Vamos retomar o ensaio? — sugeriu o Jung, querendo mudar o foco — Não temos muito tempo sobrando até o evento, afinal, precisaremos nos arrumar mais tarde.

Jackson concordou e resgatou o violino de cima do aparador.

Recomeçaram a tocar.

Em outra parte do casarão, reunidos na sala de estar como incomumente acontecia tendo em vista que estavam apenas os três, o duque e os gêmeos desfrutavam de um bule recém preparado de Darjeeling tea enquanto trocavam algumas palavras. Tanto Christinie quanto Christian sabiam que o pai não ficava confortável na presença deles, algo que se deu com a morte da mãe há dez anos atrás. Ninguém conhecia exatamente a razão daquele distanciamento, mas acreditavam que a semelhança que tinham com Abigail ocasionava lembranças dolorosas.

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