O homem sentado em minha cama tinha um ar arrogante. Seus cabelos pretos caiam na testa por pouco não tampando seus olhos azuis escuros. Sua postura é ereta, como alguém de classe, e seu terno preto ajudava a reforçar essa ideia.
-Quem é você? -pergunto agarrando a primeira coisa que encontro na minha frente, que por acaso era uma almofada, o que não ia adiantar de nada. -Que você tá fazendo na minha casa?
-Eu sou Bam. -ele diz tranquilo. -Eu achei que você já estava esperando minha presença.
-Bom, senhor Bam. -digo sarcástica. -Não sei que falou isso para você, mas eu não te conheço e quero que saia da minha casa agora.
-Não posso fazer isso. -ele diz. -Vim ao seu encontro, para o nosso casamento, é claro.
-Ok, já entendi. -digo largando a almofada e tentando pensar. Tinha que ser coisa do Matheus com aquela estrela cadente dele!
-Ainda bem, me polpa explicações. -ele diz e abana um pouco de poeira de sua roupa.
-Isso é uma pegadinha! A TV tá envolvida nisso? Vocês não precisavam ter estragado meu teto. -digo olhando o buraco na parte de cima da minha casa.
-Não sei que é essa TV, mas se seu problema é o teto eu posso arrumar para você.
Ele se levanta, coloca as mãos na cintura, respira fundo duas vezes e ergue a mão direita para o buraco no meu teto. Todas as faíscas de pó e telha que tinham caído se levantam e se juntam de novo deixando meu telhado, devo admitir, melhor que antes. Esfrego meus olhos com força. Talvez seja a hora de admitir que eu precise de um psiquiatra ou que tem um cara muito louco na minha casa.
-Pronto, Amanda, agora acho que podemos tratar do casamento. -ele diz limpando as mãos.
-Estou ficando biruta! -sinto uma risada histérica me subindo pela garganta. -Que diabos é você? Como sabe meu nome? Que truque barato foi esse que você fez.
-Lá vamos nós! -ele diz se sentando novamente em minha cama. -Você deveria sentar-se. Tem algo alcoólico? Deve ser bom para você também.
-Vou ficar em pé mesmo, obrigada. -digo, não gosto nada que ele me dê ordens em minha própria casa.
-Como queira. -ele revira os olhos. -Eu sou o deus Bam, uma divindade do reino dos céus, Seus ancestrais a prometeram em casamento para mim há... uns dois mil anos, acho.
-Ok Bam. -digo e me sento devagar na cadeira mais próxima.
-Divindade Bam, por favor. -ele diz levantando um pouco a cabeça.
-Divindade Bam. -repito debochada. -Eu estou pouco me lixando para o que meus ancestrais te prometeram, você não pode chegar assim, sem avisar e esperar que a gente se case.
-Mas eu não vim sem avisar. Te mandei sinais a semana inteira. -ele diz incrédulo.
-Que? Aqueles sonhos e a música? Foi você? -questiono.
-Claro, dizem que somos enigmáticos, tentei deixar o mais obvio possível.
-Eu achei que era um presságio de morte ou sei lá! -na verdade achei que tava louca.
-Mas não é esse o conceito de casamento que vocês, humanos, possuem?
-É, faz sentido. -murmuro.
-Então, posso começar os procedimentos da cerimonia para amanhã? -ele pergunta sorridente.
Eu afundo meu rosto nas mãos imaginando que cagada meus ancestrais fizeram para me colocar nessa enrascada.
Palavras: 550
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Notas do Céu
Short StoryEssa história é um conto já finalizado, espero que aproveitem ☆Sinopse☆ Após acordar de um sonho com um céu escuro e frio, Amanda passa a se sentir atormentada e a duvidar da sua sanidade. Acontece que vários elementos desse sonho a atormentam duran...