A arte da conquista

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Bam não voltou mais na minha casa no sábado, mas acho que ele não estava brincando com o negócio de conquistar, porque no domingo de manhã, dia em que o Museu mais tem movimento, quando saí para o trabalho ele estava na porta de casa com um buquê ...

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Bam não voltou mais na minha casa no sábado, mas acho que ele não estava brincando com o negócio de conquistar, porque no domingo de manhã, dia em que o Museu mais tem movimento, quando saí para o trabalho ele estava na porta de casa com um buquê de flores enorme.

-Eu tirei a tarde de ontem para analisar alguns costumes de conquista, espero que tenho acertado. -diz me entregando o buquê.

-Teria acertado, mas eu sou alérgica. -digo passando longe das flores e seguindo pela rua.

-Ah, ok. -ele fala e o buquê já não está mais a vista, onde ele enfiou eu nunca vou saber. -Onde você vai hoje?

-Faze um negócio de extrema importância na vida de um "reles humano". -digo imitando sua expressão do dia anterior.

-Sério? -diz parecendo animado.

-Sim, vou trabalhar. -falo rabugenta.

-Parece interessante.

Ele me segue pelo caminho inteiro, o que acho um pouco estranho. Estou acostumada a fazer o percurso sozinha, nunca pensei que ter alguém andando do meu lado fosse reconfortante, mesmo que esse alguém fosse um deus maluco.

-Oi. -Matheus diz quando eu chego e muda de expressão quando vê Bam. -E esse aí é quem?

-Ah você vê ele também? Ótimo! Ou talvez não, talvez seja um delírio coletivo. -resmungo.

-Eu sou a divindade Bam! -ele se apresenta estendo a mão para meu colega.

-Eu sou o atendente Matheus. -ele fala, achando graça na forma do deus falar.

-Eu vou trabalhar agora, não posso ser incomodada. -digo a Bam.

Surpreendentemente ele pareceu entender o que eu precisava e ficou sentado em um canto durante todo o meu expediente. Eu poderia dizer que foi um dia normal, mas era desconcertante saber que ele me observava a todo momento. Matheus tentou me perguntar algumas vezes sobre o cara misterioso, mas todas as vezes eu desviava do assunto. Para quem quase nunca conversava, meu colega estava bem tagarela esses dias.

Depois de um dia cheio de visitas no museu, declaro o fim do expediente e Bam se levanta para ir segui o caminho de volta para casa comigo. Percebo que quanto mais o céu vai escurecendo mais meu acompanhante parece transparecer uma áurea alegre e elegante, sua beleza se destaca com o brilho da lua.

-Você não me disse o que meus ancestrais fizeram para isso estar acontecendo comigo. -resolvo começar uma conversa.

-É mesmo, eu não disse. Acho que posso contar agora. -ele faz uma pausa antes de continuar. -Há uns dois mil anos atrás uma humana amou muito um humano e o sentimento era reciproco. Ela queria que seus descendentes pudessem usufruir do mesmo sentimento, então procurou o poder divino para atender seu pedido.

-E no caso era você?

-Sim, era eu. -ele suspira. -Eu nunca havia visto um sentimento tão forte, disse que a ajudaria, mas em troca pedi que me cedesse um de seus descendentes, queria ter a oportunidade de ter o mesmo sentimento por perto outra vez. Então ela aceitou minha proposta e escolheu você para o sacrifício.

-Mas aposto que ela não contava que fosse ser assim, não é? Digo, acho que eu não devo estar sentindo o mesmo amor que ela.

-É, não contou com isso. -ele diz parando de andar. -E eu era muito novo para cogitar isso.

Eu estive tão submersa na conversa que não havia reparado que chegamos em frente à minha casa. Bam estava em minha frente, me analisando com seus olhos azuis. A história que ele me contava fazia sentido, meus pais se apaixonaram de primeira e possuem um casamento prospero e feliz. Que eu saiba o mesmo tinha acontecido com minha avó por parte de mãe e com minha bisavó também.

-Acho que já deve ser a hora de nos separarmos. -ele diz.

-É acho que sim. -digo. -Está tarde.

-Bons sonhos, Amanda. -ele diz se curvando para perto de mim e depositando um leve beijo em minha bochecha.

Antes que eu pense em reclamar ele se vira e vai embora andando pela rua. Seguro bem minha chave na mão e abro a porta. Quando ligo as luzes vejo uma mulher em pé no meio da minha casa. Sua pele é um pouco bronzeada e seu olhar é firme.

-De novo não. -digo amarrando a cara. -Quem é você?

-Eu sou Haru. -ela diz e vem em minha direção. -E pode ter certeza que não sou tão frouxa quanto meu irmão.

A última coisa que vejo são seus dedos se apontando para mim e então tudo fica escuro.

 A última coisa que vejo são seus dedos se apontando para mim e então tudo fica escuro

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Palavras: 750

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