Capítulo 12

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Anastasia Steele

O velório foi um grande sucesso. Era exatamente como Robert queria, com muita comida, champanhe, cantores e até mesmo cuspidores de fogo em pleno inverno.

Depois de toda a alegria, música e pessoas, de repente percebi que eu não podia estar com Robert nunca mais. Esta foi a sua casa e este era seu velório, mas seu espírito não parecia estar em lugar nenhum.

Sufocando meu desejo de dizer a todos para irem embora, saí da sala de recepção, cheia de gente, e caminhei para sua biblioteca. Fiz uma pausa por um momento antes de abrir as portas e entrei.

Imediatamente eu estava envolvida pelo cheiro familiar do local. Antes de se tornar verdadeiramente doente esta sala cheirava a tabaco. Agora só cheirava a couro velho e o creme que ele costumava usar.

Respirando profundamente, entrei na escuridão fria. Eu senti como se aquela sala escura estivesse cheia com o passado, e eu poderia revivê-lo. Fui até o fim da sala em sua mesa. Deixei meus dedos trilharem na superfície de madeira polida. Acendi o candeeiro de mesa. Ele iluminou a madeira polida e pensei em Robert aqui sentado, de cabeça baixa, lendo.

— Oh, Robert — eu sussurrei.

— Olá, mamãe— uma voz falou lentamente da porta.

Minha coluna endureceu. Virei-me lentamente.

Dorian estava de pé na porta, segurando um copo de vinho tinto. Seu belo rosto estava ligeiramente corado, os lábios vermelhos e seu cabelo um pouco despenteado. Na meia-luz, ele parecia tão bonito como uma daquelas estátuas gregas, mas do modo como ele segurava a taça, ligeiramente inclinada, algo me dizia que ele estava bêbado.

— Eu não sou sua mãe — disse friamente.

Ele tomou um gole de vinho.

— Não se preocupe. Não vou usar isso contra você — disse ele lentamente.

Eu esperava que meu rosto não mostrasse o desgosto que sentia. Nunca parava de me surpreender o quanto Robert era insignificante para seus filhos.

— O que você quer, Dorian? — Minha voz soou forte no cômodo vazio.

Ele andou em minha direção. Algo sobre sua postura não natural me fez estremecer. Ele parou na minha frente e o desejo de dar um passo atrás era quase irresistível, mas me segurei.

Eu estava em minha casa. Ele era o intruso. O que Dorian poderia fazer comigo? Um grito e todo mundo estaria aqui. Ele estava apenas tentando me assustar, mas não havia nada a temer. Ele era apenas um garoto rico e mimado. Recusei-me a dar-lhe a satisfação de saber que ele conseguiu me assustar.

— Você sabe que eu sempre quis foder você? — Ele disse tranquilamente.

Apenas o encarei, meu rosto não demostrava qualquer expressão. Robert sempre disse que a arte da guerra era nunca mostrar sua mão. Sempre surpreenda o seu inimigo.

— Bem, eu nunca quis te foder — respondi polidamente.

Ele tomou um gole longo e lento de sua bebida e me olhou cheio de curiosidade, pela borda da taça.

— Hmmm... como ele poderia ter satisfeito você? — Ele perguntou em voz alta.

Eu sorri friamente.

— Eu o amava.

Seus olhos brilharam cheio de diversão.

— Vamos lá, o sexo era uma merda, não era?

Eu sorri lentamente.

— Não que isso seja da sua conta, mas não me lembro de ter reclamado alguma vez.

— Se você acha que o pau flácido do bastardo pervertido era bom...

Eu ri rouca.

— Pobre menino mimado Dorian. Tantas mulheres a sua disposição, mas o filho perturbado quer a sua madrasta.

Seus olhos brilhavam.

— Puxe suas garras de volta, mãe. Não há nenhuma necessidade para elas. Você trabalhou duro e rápido. Num dia estava cuidando de suas unhas e no outro cuidando do seu pau. Você ganhou. Abaixe suas garras. Você tem tudo. Ninguém pode tirar isso de você agora. — Um sorriso amargo se formou em sua boca. Ele deu um passo mais perto. — Você não precisa fingir. Então venha, pelo menos, venha ter uma foda da vitória. Você sabe que está louca por isso.

— Se você colocar um dedo em mim...

— Então você o enganou para ganhar minha herança e você não vai nem mesmo admitir. Até mesmo a mais humilde prostituta vai se deixar foder depois que ela fica com o meu dinheiro.

— Não era o seu dinheiro — eu disse entre dentes.

— Não?

— Não. Era o dinheiro de seu pai e ele poderia ter deixado isto para um abrigo de gatos se assim o desejasse.

— Mas ele não fez isso — ele sussurrou. — Ele deixou tudo para você.

— Sorte minha.

— E sobre a foda da vitória, então?

— Não, obrigada. Agora, que tal você sair desta biblioteca e curtir a festa. Seu pai gostaria disso.

Sua resposta foi deixar cair a taça. Ele a quebrou perto de nossos pés, o vinho espirrou em minhas panturrilhas. Usou aquele momento em que eu estava distraída para me agarrar e atacar minha boca. Seus lábios me esmagaram, os dentes me ferindo, o gosto do vinho tinto me sufocou. Ele apertou seu pênis ereto em meu corpo, eu estava horrorizada. Ergui as mãos e tentei empurrá-lo, mas ele era surpreendentemente forte.

— Que porra você acha que está fazendo? — Uma voz como uma chicotada atravessou a sala.

Dorian me liberou sem pressa e se virou para olhar para o seu meio-irmão com insolência.

— Você se importa? Estou dizendo "olá" para minha querida madrasta.

Meu olhar chocado voou para Christian e encontrei seus olhos ardentes fixos em mim. Seus olhos ardiam como prata derretida. Meu Deus. Que terrível bagunça!

Minha mão foi até minha boca latejante. Meus joelhos pareciam gelatina, mas acima de tudo eu me sentia suja pelo olhar acusador de Christian. Ele pensou que eu queria aquilo.

Sentindo-me mal, me afastei de Dorian, mas como uma tola tropecei ligeiramente e do canto dos meus olhos eu podia ver Christian fazer um movimento involuntário, como se para me ajudar, mas coloquei minhas mãos sobre a mesa para não cair.

— Tenho que voltar para a festa — eu disse com voz trêmula, sem olhar diretamente para ninguém, sai com o corpo ereto. Quando eu estava fora, debrucei-me contra a parede e ouvi Christian dizer em uma voz dura:

— Por uma questão de fato, eu me importo.

— Oh, não seja ganancioso, irmão. Estou perfeitamente disposto a compartilhar. Você pode pegar o próximo turno.

— Você está bêbado. — A voz de Christian era dura e fria.

— E você é um hipócrita. Não me diga que você não a deseja, porque eu vi o modo que você a olha.

— Vá para casa, Dorian. — A voz de Christian pareceu exasperada.

 — Sempre o desmancha-prazeres — disse Dorian com uma risada.

O Lorde de Greystoke {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora