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Fuja Dália! FUJA!

Eu repetia para mim mesma enquanto corria pela cidade nebulosa e escura. Só mais um pouco. Continue!

Isso não está acontecendo. Não está!

O vento frio chicoteava meu rosto, arranhões em meus membros lançavam pontadas de dor durante meu percurso frenético. Os prédios eram como enormes sentinelas silenciosas assistindo a minha agonia.

Não pare porra! nem em um milhão de anos pare.

Todos os meus músculos reclamavam de cansaço, mas eu não podia parar. A menos que eu quisesse morrer, porque é isso que iria acontecer se eu permitisse que aquela coisa me pegasse. Eu tinha a certeza da morte estampada nas risadas sádicas que me perseguiam.

Não sabia de que porra de filme de terror ele tinha saído, definitivamente não de um normal. Mas isso não importava. Não agora que eu tinha que me concentrar em me manter viva.

Tentei manter minha respiração firme como um dia me ensinaram, inspirando e expirando, mas meus pulmões ardem enquanto eu avanço pela estrada deserta. Os músculos das minhas pernas parecem estar em chamas e o corte no meu braço envia ondas de dor lancinante por todo meu corpo.

Eu não vou aguentar por muito mais tempo. Aguenta Cacete! Já havia perdido a noção de quanto tempo estávamos nesse pega-pega

Segundos, horas...parecia uma eternidade.

Porra! Eu havia tido treinamento para esse tipo de situação, meu avô me obrigara a fazer aulas de defesa pessoal, Taekwondo e boxe para que eu soubesse o que fazer se me atacassem durante meu caminho de volta para casa a noite. Eu tinha treinamento além disso. Porém uma voz no fundo da minha cabeça berrava para que eu fugisse, porque, de alguma forma, eu sabia que não seria capaz de enfrentar aquilo que me perseguia.

Parecia humano, falava como um, mas...merda...aquilo rugiu tão alto e tão forte que sacudiu as paredes da casa.

Derrubei algumas latas de lixo na intenção de atrasá-lo, qualquer vantagem que me desse seria uma benção, mas ele desviou delas com uma habilidade inumana.

Caralho, cacete, todas as merdas de palavrões que existem!

Meu coração está a um passo de sair pela minha garganta. Não pare! Não Pare!

Ele avança sem vacilar uma porra de passo. Nem sequer parece cansado

Eu vou morrer hoje.

Minha última alternativa é entrar em um desses becos na esperança de despistá-lo. Eu deveria começar a orar por algumas das deusas protetoras. Avancei para a escuridão da rua, o breu aumentava a cada passo mas eu continuei a correr. Apenas corri, sem pensar, como se não houvesse amanhã. Talvez não houvesse afinal. Cheguei a um certo ponto em que só conseguia ouvir o barulho dos meus pés contra o chão, ele não parecia estar atrás de mim. A esperança renasceu no meu peito.

Talvez eu tivesse me livrado. Não diminuí o passo, no entanto.

Obrigada minhas santas!

Então me choquei contra algo. Uma parede. Agradeci cedo demais.

- NÃO! não não não - Tateei aquela parede feita de tijolo e concreto em busca de uma brecha, um buraco, o que fosse infernos! Era alta demais, não havia falhas ou rachaduras.

Não havia saída. Droga! Droga!

Por um mísero segundo eu quis rir da ironia.

Mas meu desespero retornou como uma grande onda. E eu estava me afogando nele.

Corte De Memórias E ComeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora