As ruas de Velaris ficaram cada vez mais agitadas conforme caminhávamos para mais perto de uma da praças gêmeas, uma de cada lado do rio. Estávamos no Palácio de Casca e Folha, toda a praça estava repleta de comerciantes vendendo comida com feéricos e grão-feéricos comprando, eu estava me esforçando para não esbarrar em ninguém, o que era quase impossível, portanto as palavras "com licença" e "desculpe" não paravam de sair da minha boca.
Todo aquele mercado cheirava bem, o cheiro de temperos inebriava o ar de tal forma que quase era possível sentir seus gostos. Cheiros que eu nunca havia sentido, comidas que eu nunca havia sequer escutado o nome, e que pronunciar seus nome era difícil o bastante para que nem tentasse.
— Aqui, prove. — Aedan, que fez questão de me dar um tour por toda Velaris antes do almoço, só porque eu havia dito que seria o maior desafio ver essa cidade por completo em um dia, decidiu que eu veria em meio dia, agora estava me dando um garfo com algum tipo de carne que cheirava tão bem que não pensei duas vezes antes de pegar o garfo de sua mão... e sentir uma explosão salgada e deliciosa de sabores na minha boca.
— O. que. é. isso? —saiu quase imediatamente, aquela comida era a melhor coisa que eu já havia comido em toda minha ordinária existência.
— Carne de naga— por um momento eu apenas o olhei, seu rosto estava impassível, aquilo não tinha gosto de algo tão terrível, parecia até carne bovina, mas talvez não fosse, eu estava em outro mundo afinal, outros costumes. A minha boca começou a ficar dormente, bile queimava no estômago. Naga, aquilo era naga, carne de um terrível monstro que mais parecia um cachorro sem pelo com braços humanoides de face viperina.
Eu preciso cuspir isso. onde? ONDE?
Então eu ouvi uma risadinha, não foi mais que um suspiro divertido, vindo dele. Eu o fuzilei com olhar, endireitei os ombros e engoli a comida.
— idiota.
— Me perdoe, mas eu não pude resistir — ele respondeu com um sorriso de lado... tão parecido com o pai mas ao mesmo tempo tão diferente. Voltamos a andar pela praça, ele com as mãos nos bolsos da calça e eu com as minhas nos bolsos do blazer — então sabe o que é um naga.
— Li sobre, assim como tudo neste lugar... mas ao contrário daqui, eu prefiro não ver esse ao vivo.
— Sabe... eu ainda tive a chance de lhe perguntar o quanto você sabe sobre minha mãe...
— Demais — Ele semicerrou os olhos para mim diante da minha súbita interrupção — Apenas... demais— não disse nada por um momento, estávamos no meio de uma das ponte que ligava a cidade, o sidra corria abaixo dela. Parei para observar os barcos saindo
— Demais... quanto? — Eu ri com escárnio, a ideia de contar tudo o que eu sei sobre os pais de Aedan... ver Feyre e Rhys já era vergonhoso demais, ainda mais com toda a tensão que eu presenciava de vez em quando, imagine só o filho deles.
— Às vezes eu tenho vontade de entrar na sua mente só para saber o que pensa— Ele falou com uma naturalidade, como se entrar na cabeça de alguém fosse nada, algo comum. Aquilo gelou minha espinha.
— A não ser que queira ficar traumatizado pelo resto da eternidade — brinquei, tentando fazer parecer natural, mas não soou do jeito que eu queria.
Ele não era qualquer pessoa, ele tinha poder, mais poder do que qualquer um dos grão-senhores daquele lugar. Aedan era a junção do Grão-senhor mais poderoso entre eles e da Grã-senhora renascida do poder de todos os sete lordes que governavam Prythian.
Eu ainda estava me dando conta do que ele era.
Saímos do mercado e fomos para o lugar onde os artistas trabalhavam. O Arco-íris de Velaris.
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Corte De Memórias E Começos
FanfictionDestruída em mais camadas que ousa aceitar após perder sua única família no mundo, Dália herda as heranças de seu avô. No meio delas, um estranho colar desconhecido, com uma única nota grudada na caixa de madeira, que dizia: "Achei que ficaria lind...