Eles queriam algo reconfortante para olhar, algo que os dissesse que tudo ficaria bem, que sua missão seria bem-sucedida. Mas como em Hope Path, por onde quer que olhassem, era apenas destruição que viam.
— Eu não entendo, mesmo com todo o desequilíbrio, o Mundo das Estações deveria ser o último afetado. Isso aqui não é normal, Mel — Jhonny disse, aflito, enquanto passeavam entre os corpos de alguns animais do pântano e sujavam seus pés com uma lama quase preta que cobria quase todo o local.
Melyssa suspirou por um instante e parou de andar, ficando alguns passos atrás de Jhonny.
— O que foi? — perguntou ele, preocupado.
— Eu acho que sei a razão.
— Sabe? — Ele franziu o cenho.
— Lembra da profecia sobre a qual eu te falei? — Ele assentiu, mas ainda com interrogação no olhar. — Eu procurei Natalia e encontrei a profecia. Ela dizia... — Engoliu em seco. — Ela dizia que o nascimento de uma fada que não pode voar iniciaria o envenenamento da terra. Eu sou uma fada que não voa, e eu achei que a profecia estivesse se referindo apenas ao bosque das fadas, mas acho que vai muito além disso, aqui está a prova. — Melyssa abriu os braços indicando tudo ao redor.
Ela olhou para Jhonny na expectativa de que ele falasse alguma coisa, mas ele permaneceu em silêncio, então Melyssa continuou:
— Você entende o que isso quer dizer? Nossa terra esteve sendo envenenada durante 12 anos. Parou quando fui embora, mas agora... tudo voltou porque estou aqui. Eu não devia ter vindo.
Jhonny fechou os olhos, voltou a abrir e então caminhou até ela, segurou suas mãos e disse:
— Nada disso é culpa sua, entendeu? — Ele balançou a cabeça em negação. — Nada! Seu nascimento foi apenas um marco no tempo para que isso acontecesse, não tem nada a ver com você.
Melyssa olhou nos olhos lacrimejantes dele e decidiu, naquele momento, ocultar a última parte da profecia. O pouco que ela lhe contara o abalou muito, não podia deixar que seu amigo se entristecesse por sua causa novamente, principalmente sendo o escolhido para uma missão tão importante.
Ela deixou seus olhos se inundarem e o abraçou.
— Obrigada por ser tão bom para mim.
— Você é minha irmãzinha — disse Jhonny, dando um peteleco no nariz dela, o que a fez rir. Ele riu junto, sempre fazia isso para distrai-la de sua tristeza, mesmo que ela achasse que sabia disfarçar bem quando estava triste.
Eles estavam tão distraídos, que não viram o que se aproximava, até que um barulho lhes chamou a atenção.
— Não é possível... — balbuciou Jhonny.
— Me diga que não fomos parar em um filme de terror macabro em que seremos devorados vivos.
— É exatamente o que parece.
Ao redor deles, todos os animais que estavam "mortos" se erguiam e os cercavam. Alguns deles estavam com graves ferimentos, membros faltando, mas assim permaneciam e continuavam se aproximando dos dois, cada vez mais.
— O que faremos?
— Não temos como fugir, estamos cercados. Melyssa, procure em minha mochila, eu trouxe armas, teremos que lutar.
— Não podemos fazer isso, são animais, não podemos machucá-los.
— Eu entendo, Mel, mas olhe para eles, já estão mortos. Pense em quantos animais impediremos que morram se conseguirmos concluir nosso objetivo.
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Primavera | As 4 Estações [Livro I]
FantasyAs estações do ano existem como uma indicação de tempo, de temperatura, de transformação... Mas como elas surgiram? Qual foi o momento exato em que alguém determinou a existência delas? Natasha sempre questionou muitas coisas, principalmente sobre s...