Capítulo 27

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Pessoas corriam e gritavam em uma legítima cena de apocalipse. Natalia corria para ajudar o máximo de pessoas possível, Joan fazia o mesmo. Enquanto isso, Janelle ia para a linha de frente, onde se sentia mais confortável, incendiando ou esfaqueando sem dó quem ousasse tentar machucá-la.

Em seu combate quase pessoal, pôde localizar outras pessoas que lutavam ao seu lado. Rose e Calvin estavam lá, não tinham poder nenhum, pois a magia da estação que os regia estava fraca, quase inexistente, então lutavam com armas brancas, as quais os guerreiros Ligheat estavam acostumados.

Era muito bom poder finalmente usar suas habilidades naqueles que sempre a causaram tanta dor e revolta. Aqueles a quem ela treinou a vida toda para ferir, e até matar. Mas gostaria que nada daquilo estivesse acontecendo. Não havia mais tantas pessoas nas ruas, Joan e Natalia haviam cuidado disso, mas as estruturas de algumas das casas não suportaram o vento. Sucumbiram, assim como o que era vivo e não podia se mover, assim como a flora de Hope Path, que morrera semanas antes desse novo desastre acontecer.

Eles se moviam, rápidos, com o vento. Alguns riam da expressão cheia de medo que estampava os rostos de alguns dos que os enfrentavam. Alguns eram mais frios do que os outros, invernais, então não restaram dúvidas de que se tratava de um ataque de Lucy, e não de algum plano de August. Todos sabiam que ele não era nem capaz de comandar seu próprio exército de outonais. Lucy se encarregava disso, ela os usava como marionetes e poupava os seus, o que podia explicar a singela porcentagem de invernais naquele ataque, em meio a tantos outonais.

— Acha que consegue parar tantos de nós? Não somos fracos como o exército de Aurora — disse um deles, seus olhos eram castanhos, símbolo outonal, e a pele tinha um tom semelhante a oliva.

— Eu não trabalho para ninguém além de mim e daqueles com quem me importo. E pode ter certeza de que não vou me importar ao te reduzir a ossos — Janelle respondeu ao insulto, seus olhos flamejando em raiva. Com sua mão esquerda, ela invocou uma bola de fogo e atirou nele, que conseguiu desviar com facilidade.

— Nada do que você diga te tornará mais forte que eu, nem preciso fazer ventar para afirmar isso.

— Prove — cuspiu ela, sua voz como uma lâmina afiada, assim como a da adaga que segurava em sua mão direita.

— Pode ficar com a faca, talvez fique quase justo pra você — ele debochou.

— É uma adaga — ela disse cerrando os dentes enquanto largava a arma, que caiu com um estrondo no chão. — E acho que não vou precisar dela.

O Dawcold sorriu como se já esperasse por essa atitude da garota, mas o sorriso logo foi substituído por uma expressão de total surpresa. Janelle de súbito saltou sobre o outonal, envolvendo seu pescoço com os dois braços na intenção de sufocá-lo, mas ele, ao se recuperar do choque, conseguiu tirá-la facilmente, a jogando no chão, como se fosse qualquer outra coisa e não uma pessoa.

Janelle usou seus braços para amortecer a queda, então acabou adquirindo alguns arranhões, que não a incomodaram a ponto de fazê-la parar. Ela prontamente se levantou e voltou a encarar o oponente.

— Você não é páreo pra mim, não passa de uma garota fraca — disse ele com rispidez.

— O fato de ter que afirmar isso em voz alta prova que nem você acredita nisso.

Ele bufou, as palavras lhe fugiram, então apenas partiu para cima dela. Quando Janelle estava prestes a se defender do golpe que viria, ouviu um grito, era Rose, um outonal quase feriu Calvin e ela se assustou com a possibilidade. Foi assim que ela interpretou a cena, provavelmente agiria da mesma forma se fosse Jhonny no lugar.

Primavera | As 4 Estações [Livro I]Onde histórias criam vida. Descubra agora