IV

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POV SUNSET

Meu despertador tocou pela terceira vez naquela tarde. Tentei evitar ao máximo o som do aparelho, mas infelizmente eu tinha que ir para a escola.

A detenção era de tarde, mais especificamente às dezessete horas. Meus cochilos não foram suficientes o bastante para que eu ficasse descansada. Eu estava com com um olhar cansado, mas, milagrosamente, sem nenhuma olheira.

Pus uma roupa aceitável, escovei os dentes e penteei o cabelo. A única coisa que eu precisaria para a detenção era meu celular e meus fones. Aprontei-me em questão de alguns minutos, deixei um pouco de comida para o Ray e saí de casa.

Reservei alguns trocados para comprar um copo de café, talvez um bom gole de cafeína me acordasse. Não havia lugar melhor para comprar café do que o Sugarcube Corner. Era o estabelecimento que Pinkie trabalhava. O senhor e a senhora Cake tratavam eu, Pinkie, Rainbow e Applejack como sobrinhas, mesmo que não tivéssemos qualquer parentesco, talvez porque éramos clientes assíduas do local.

Logo quando cheguei, minha entrada foi anunciada pelo sino na porta. O senhor Cake, um homem magricelo e de cabelos ruivos, me atendeu prontamente.

– Boa tarde Sunset – um sorriso radiante tomava conta do seu rosto – como vai?

– Oi senhor Cake – cumprimentei-o – vou bem, e o senhor?

– Tudo como deve ser – ele deu uma olhada pelas mesas com clientes satisfeitos – o que posso fazer por você hoje?

– Apenas um café com leite – pedi – por favor.

– É para já!

Eu passava pelas minhas redes sociais enquanto esperava o meu café ficar pronto. Senhor Cake chegou com o meu pedido depois de um minuto, entregou-me o copo e eu dei-lhe o dinheiro.

– até mais Sunset – disse ele.

– Até senhor Cake – despedi-me – um ótimo dia para o senhor!


POV TWILIGHT

Passei a minha tarde organizando o conteúdo de biologia que eu não prestara atenção, devido ao incidente com a Trixie. Ouvi batidas na porta do meu quarto, perto das 17:00.

– Pode entrar – anunciei.

– Oi filha – meu pai entrou no quarto – eu vou sair com o carro, você quer carona até a escola?

– Vou querer sim pai – comecei a guardar as minhas coisas – vou arrumar minha mochila e te encontro no andar de baixo.

Ele assentiu e fechou a porta novamente. Pus na minha mochila um caderno pequeno e o meu estojo, não sabia o que esperar da detenção. Encontrei meu pai na sala e em seguida saímos de carro.

Nossa casa era relativamente longe da escola, cerca de vinte minutos de carro para chegar até ela. Meu pai estacionou na porta principal e destrancou as portas.

– Até de noite princesa – ele deu um beijo na minha bochecha – me liga se quiser que eu te busque.

– Tudo bem, até depois – disse enquanto abria a porta do veículo.

O zelador da escola varria a frente do portão, completamente imerso em seu trabalho. Dei-me conta de que não tinha a mínima ideia de onde era a detenção, ou se a porta principal estava aberta. Minha única tentativa era o zelador.

– Com licença, senhor? – acanhadamente eu me aproximei dele – gostaria de saber onde é a detenção.

Ele sequer me deu ouvidos, continuava a varrer. Fiquei em dúvida se tentava mais uma vez. 

Antes que eu pudesse tentar novamente, senti uma cutucada no meu ombro. Quando olhei para trás, Pinkie Pie me olhava com um sorriso enorme no rosto.

– Ah, oi Pinkie – ajeitei meus óculos e sorri para ela.

– Twilight eu nem acredito que você também está aqui – ela me abraçou, quase esmagando todos os meus ossos – por que não entrou ainda? Nesse horário o tempo costuma esfriar sabia?

Pinkie e eu nos conhecíamos desde pequenas, ela era uma grande amiga. Rarity, Fluttershy, Pinkie e eu sempre saíamos quando podíamos, sem ela nosso grupo ficava incompleto.

– Eu não sabia se a porta tava aberta – expliquei.

A garota de cabelos cacheados deu uma risada.

– É claro que tá aberta, bobinha – ela revirou os olhos com um sorriso – vamos logo, não quero chegar atrasada na detenção.

Pinkie pegou meu pulso e praticamente me arrastou para dentro da escola. De fato o ambiente interno parecia mais quente do que o externo. Pela primeira vez vi os corredores vazios, a cena me lembrava de um filme de terror.

– Essa vai ser a melhor detenção de todas! – Pinkie comemorou ao meu lado.

– Por que? – perguntei – pensei que detenções eram chatas.

– Chatas? – ela questionou, parecendo indignada – as detenções são incríveis!

– Sério? – levantei uma sobrancelha – acho meio difícil de acreditar.

– Você vai entender quando chegar lá – ela deu uma piscadela e andou um pouco mais a minha frente – vai ser bem mais emocionante do que aqueles seus cálculos sem graça, vai por mim.

Dei uma risada e segui Pinkie. Dobramos num pequeno corredor estreito que eu nunca havia ido. Havia duas portas: uma que estava aberta e revelava alguns utensílios de limpeza e outra fechada com bastante barulho vindo de dentro dela. A primeira aparentava ser o armário do zelador, já a segunda – considerando que era a única sobrando – supostamente era a sala da detenção.

Abracei meu próprio corpo, insegura. Não tinha certeza do que eu enfrentaria além daquela porta. Meu psicológico não fora preparado para tais situações.

Pinkie abriu a porta e entrou rapidamente na sala, parecia ter esquecido completamente da minha existência. Aproveitei a deixa e gentilmente entrei na sala.

Era um cômodo grande, algumas cadeiras e mesas desorganizadas preenchiam o lugar, uma mesa de professor quase caindo aos pedaços ficava na frente da sala. Alguns alunos já estavam acomodados, cada um com seu respectivo grupo. O barulho era ensurdecedor, muitas pessoas falando alto ao mesmo tempo. Vi uma bolinha de papel passar a centímetros do meu rosto e acertar em cheio a lixeira ao meu lado.

– Cesta de três pontos, gata – uma garota de cabelos coloridos disse, com os pés em cima da mesa e a cadeira inclinada – tenta superar essa.

Ao lado dessa garota estava Pinkie, que animadamente fazia um avião de papel. Ela jogou o avião e ele sequer chegou na metade do caminho até a lixeira. Ela fez uma cara desanimada.

– Ótimo arremesso Pinkie – uma voz sarcástica comentou.

A dona da voz possuía cabelos ruivos e vestia uma jaqueta de couro por cima de uma camiseta básica com uma estampa que eu não conseguia decifrar. Sua voz era suave mas ao mesmo tempo demonstrava confiança.

Devia ter encarado por tempo demais, pois não demorou muito para que a ruiva cruzasse seu olhar com o meu. Ela me observou de cima a baixo, deu um sorriso de lado e voltou a conversar com as suas amigas. Por alguns segundos senti minhas pernas ficarem bambas.

Sacudi minha cabeça de leve, tentando voltar a realidade e parar de analisar o local. Sentei-me na mesa da frente e fiquei quieta, esperando o final daquele pesadelo.

Detenção (Sunset Shimmer X Twilight Sparkle)Onde histórias criam vida. Descubra agora