the torn poem [HIATUS]

-vier-

Era estranho olhar para todas as direções e não ver nada além de uma imensidão de escuridão. Wonwoo estava confuso, sentia seu corpo todo mole recuperando-se aos poucos, mas mesmo assim, haviam algumas dores concentradas.

Não conseguia mexer seus braços ou pernas, mesmo que fizesse um pouco da força que tinha naquele momento, nada se movia, e para piorar as coisas, não enxergava nada a sua frente, seu corpo, o chão, uma mísera fresta de luz, nada.

Parecia a visão do limbo, o espaço localizado entre o céu e inferno, só não acreditava ter morrido de uma hora para outra pelo simples fato de que provavelmente não estaria sentado em uma cadeira bem ali no meio no fim de sua vida.

A parte mais desconfortável era o fato de não saber como foi parar ali, nada estava claro na sua mente, a memória mais recente que tinha consciência era do momento exato que conheceu Mingyu, depois daquilo, havia alguma espécie de bloqueio impedindo-o de raciocinar algo muito mirabolante.  A sua aposta mais óbvia é de que a sua negociação foi a pior das piores falhas de sua vida, e de raiva alguém o deu um soco bem dado no meio da cara, e agora estava destinado a trabalhar como testador de estofo de cadeira até o fim dos tempos.

Até que não seria um destino tão cruel, na verdade, comparado a tudo que já fez aquilo seria fichinha.

Uma luz quase cegante invadiu o seu campo de visão repentinamente, fazendo Wonwoo fechar seus olhos de forma instantânea sem deixar de soltar um grunhido como forma de queixa. Seja lá quem estivesse ali atrás dele, soltava umas boas risadas diante do acontecido.

Lentamente, ele foi abrindo seus olhos enquanto mantinha estes apontados para o seu colo, ao perceber que já estava acostumado com a claridade, levantou seu olhar junto de sua cabeça com calma, só para dar de cara com o homem de cabelos vermelhos o fitando pelo espelho que cobria a parede inteira, também todas as outras daquele cômodo.

"Achei que Seokmin tivesse exagerado na dose, imagino o fracasso de uma pessoa morta por causa de um simples drink batizado" — Mingyu disse com um sorrisinho cínico, colocando sua mão direita no ombro de Wonwoo.

Nunca se tocou tão rápido do que estava acontecendo, as palavras negociação, briga e bebida vieram em sua cabeça automaticamente. Ele suspirou e soltou uma risada nasalada — "Vai fazer o que agora? Me matar? Muito bem, Kim Mingyu, você venceu, acredito que assim seu orgulho será bem alimentado"

O mais alto estalou a língua e negou com a cabeça, posicionando-se na frente de Wonwoo, ele se agachou para ficar bem na altura deste, e sorriu mais uma vez.

"E perder a diversão? Que bobagem" — o ruivo riu seco, passando uma das mãos pelo seu cabelo — "Enfim, depois de cinco horas pensando em uma solução, eu finalmente cheguei a um jeito negociável de tirar você dessa enrascada" — ele colocou ambas as mãos agora nas coxas do rapaz com um certa força e rapidez, causando um pequeno susto no garoto amarrado na cadeira — "Posso falar?"

"E eu tenho escolha?"

Mingyu simplesmente o ignorou, limpou sua garganta e começou — "Trabalha para mim por quanto tempo eu quiser, e talvez você saia daqui fora de um saco de lixo direto para o fundo de um rio qualquer, pode ser?"

Wonwoo permaneceu calado por um instante, mas logo caiu na gargalhada, deixando o outro ali confuso.

"Tá brincando, né? Que tal não?" — ele disse entre algumas risadas, abaixando a cabeça na tentativa de acalmar a crise de risadas que fazia o sangue de Mingyu borbulhar.

O ruivo respirou fundo e pegou Wonwoo pela gola da camisa de forma bruta e aproximou-se mais de seu rosto, fazendo que suas respirações se cruzassem, e os dois focassem somente nos olhos um do outro.