Capítulo 1

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Heloísa

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Heloísa

Quinze minutos não podem ser considerados atraso. É mais uma tolerância, não é? Ainda mais nesse caso, em que a companhia aérea recomendou que chegasse três horas antes da saída do voo só porque ele era internacional. Cento e oitenta minutos perdidos em um aeroporto sem finalidade alguma, uma vez que o tempo de embarque ainda contava com quase trinta minutos. Bem, então nesse caso não eram exatamente quinze minutos de atraso, mas sim os quinze minutos finais daqueles cento e oitenta minutos que eu deveria ter chegado se quisesse perder tempo sentada em Guarulhos.

Estava tudo certo, minha mala era de bordo e não precisaria ser despachada, então era só esperar um pouquinho para que autorizassem o início do embarque. Sentei em uma das poucas cadeiras vazias em frente em frente ao portão 320, no terminal 3. Posicionei minha mala próxima a mim e coloquei a minha bolsa no colo, desfazendo o nó que fechava a sua entrada para pegar meu celular.

Havia várias mensagens da minha mãe, me lembrando da necessidade de não atrasar porque era um dia importante e tudo o mais. Resolvi fazer uma chamada de vídeo pelo WhatsApp para que ela visse com seus próprios olhos que eu estava ali e que daria tudo certo. No terceiro toque, ela atendeu e sua imagem com bobs nos cabelos claros invadiu a tela.

— Eu te mandei várias mensagens, Heloísa, já estava preocupada — disse com um tom de voz realmente preocupado.

— Desculpe, mãe, não tive tempo de olhar o celular...

— Você nunca tem tempo... — ela me interrompeu.

— Está vendo — virei a tela para que mostrasse o ambiente — já estou no aeroporto, prestes a embarcar para o grande dia da Victória!

— Graças a Deus! Você já deveria estar aqui, se arrumando conosco, tirando fotos para o making off da sua irmã.

— Eu sei, lamento por isso, a senhora sabe que não foi por negligência, estava trabalhando...

— Filha, você trabalha demais — não respondi, ela continuou — está ficando tudo lindo, estamos ansiosos para que chegue. Vou mandar alguém pegar vocês... Aliás, cadê o Leandro?

Eu achava mesmo que ela não perceberia?

— Ele teve um imprevisto e não vai poder ir.

— Seu namorado não vai para o casamento da sua irmã? — Perguntou incrédula.

— Vou ter que desligar, mãe. Assim que aterrissar, aviso. Te amo!

— Também amo você, Helô.

Encerrei a chamada no momento exato em que anunciaram o embarque do voo para o Chile.

***

Depois de colocar minha mala no bagageiro, acima do meu lugar, me sentei curtindo a grande vitória de estar na janela. O voo estava lotado, quase não havia poltronas disponíveis na classe econômica e eu agradeci mentalmente por não ser esmagada na poltrona do meio, tampouco estar desconfortável na do corredor. Na janela, eu poderia me recostar e me distrair com a vista, a previsão era que voo durasse pouco mais de quatro horas.

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