#Degustação - o livro foi postado até o final e retirado.
Novo romance de Ane Pimentel.
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As publicações acontecerão DUAS vezes por semana. E assim que o livro estiver completo, será dado prazo de 48h para quem estiver acompanhando possa ter...
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Murilo
"Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar". Não sei se foi realmente Leonardo Da Vinci quem disse isso, mas eu mesmo o teria dito se já não tivessem feito, porque era exatamente assim que havia acontecido comigo desde a primeira vez. Eu tinha cinco anos de idade e viajava com meus pais. Na verdade, eles dizem que eu voei antes, com apenas dois anos, mas minha memória não consegue capturar tal momento, por isso considero o voo que fizemos de São Paulo para Natal, no Rio Grande do Norte, como o marco inicial da minha paixão pela aviação.
Quando a aeronave começou a acelerar em busca da velocidade perfeita para subir, não senti medo. Pelo contrário, colei meu rosto na janela arredondada para ver o momento exato em que o chão começava a se afastar. Assim que aterrissamos, ao pisar no chão, em meio à euforia de pular do último degrau da escada, disse em alto e bom som:
— Quero ser piloto, igual ao meu pai!
Enquanto minha irmã, aos sete anos, ficava em dúvidas entre ser veterinária, astronauta ou modelo, eu, aos cinco tive certeza de que queria "dirigir avião".
Sempre imaginei que meu pai fosse ficar muito feliz por saber que eu escolhi seguir sua profissão, mas as coisas não foram exatamente assim. Inicialmente, ele achou que fosse "coisa de criança" e que logo mudaria de ideia. Com o passar do tempo, notei que ele estava sutilmente querendo me fazer mudar de ideia. Por fim, na nossa "conversa decisiva", ele listou vários fatores para me fazer repensar, tais quais: oportunidades de trabalho limitadas, exames médicos frequentes, treinamentos... Ele chegou até a trazer alguns amigos seus de profissão que também começaram a me persuadir a procurar outra coisa. Mas só me convencia que, com a preparação certa, eu conseguiria realizar meu sonho.
Ele não entendia ainda, mas sua figura era uma inspiração para mim. Vê-lo com aquele uniforme bonito, imaginar quão inteligente era por conseguir voar com uma máquina tão pesada era empolgante demais e tudo que queria era fazer o mesmo. Mas eu o entendi quando me explicou que eu precisava de uma estratégia e concordei em formar o meu plano B.
Quando terminei o ensino médio, me inscrevi para fazer o curso de piloto privado em uma escola reconhecida pela ANAC. Passei por exames, fiz a parte teórica e a prática e fui aprovado em todas elas. O passo seguinte seria me inscrever no curso de piloto comercial, necessário para poder ser remunerado e não só pilotar por diversão, mas fiz o que havia prometido para o meu pai. Dei início ao plano B: comecei a cursar administração na universidade. Dessa maneira, digamos que se um dia, por qualquer problema que seja, meus exames me proibissem de pilotar eu teria outra opção de trabalho com meu diploma de bacharel.
Conciliando planos, até aqui tem dado tudo certo: tenho 32 anos e sou piloto de avião há 10. Atualmente, comando um boing 777-300 com capacidade para 374 passageiros e faço voos nacionais e internacionais.