Capítulo 5

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Murilo

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Murilo

Missão cumprida, obrigada Senhor. Esse era o meu pensamento toda vez que pousava. A sensação de dever cumprido imperava. O mecânico da companhia aérea me ajudou a parar o avião no lugar certo e colocou um calço na roda dianteira. Depois de estacionar, desliguei a turbina e o "pisca-pisca" do sistema de anticolisão. Esse procedimento era obrigatório e servia como sinal de partida para as equipes: assim que o pisca apaga, elas entram em ação.

Eu estava pronto para seguir a minha vida normalmente depois da confusão que tinha sido as últimas horas. A Heloísa estava bem e em seu país. Eu sabia que ela estaria no voo, por isso pedi que servissem champanhe para que pudesse relaxar. Podia imaginar a tensão de voar novamente depois de ser deportada.

Estava pronto para encerrar de vez aquela missão.

Até ela sorrir para mim.

Ok, a maioria das pessoas costumavam sorrir para a tripulação da aeronave, e em especial para o comandante, afinal estavam gratas por retornarem em segurança ao solo firme, mas o sorriso da Heloísa ao me reconhecer parecia ter algo especial.

Gratidão. Apenas Gratidão, babaca.

Quando ela deixou o avião, arquivei tudo isso em uma das gavetas do meu cérebro e me concentrei nos últimos detalhes do meu trabalho. Depois que o último passageiro desembarca, a tripulação termina seu trabalho e o comandante informa ao piloto que assumirá a aeronave se houve algum problema durante seu voo. Além disso, é nesse momento que começa o corre-corre para deixar tudo pronto para a próxima decolagem.

Caminhei entre as pessoas apressadas do aeroporto e me dirigi para a área destinada ao desembarque, com o intuito de encontrar o carro que o aplicativo informava que me levaria para o conforto do meu apartamento. Algo em minha visão periférica me atraiu. Desviei o foco do celular e a vi sentada em um dos bancos do aeroporto. Dessa vez, seus pés descansam sobre a mala e seus olhos estão fechados.

Não seria considerado falta de educação passar por ela e fingir que não a vi, mas não consegui seguir sem saber se precisava de algum ajuda.

— Acho que você gosta bastante de aeroportos — disse ao me aproximar.

— Comandante Salles... — Ela abriu os olhos vagarosamente.

— Murilo — arqueou a sobrancelha, sem entender — meu nome é Murilo.

— Ah, oi Murilo...

            Sim, definitivamente eu precisava de uma ducha quente e relaxante, além de oito horas ininterruptas de sono. Somente isso explicava os meus pensamentos nada cavalheirescos ao ouvir a simples pronúncia do meu nome.

            — Esperando a sua carona de volta para casa?

            — Teoricamente sim — retirou as pernas da mala e endireitou a postura — as pessoas não confiam em uma desconhecida que acabou de ser deportada do Chile. Então, até consegui fazer contato, mas se resumiu a enviar uma mensagem inbox para uma amiga e agora me resta torcer para ela visualizar antes da meia-noite para vir me resgatar.

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