Capítulo 10

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Murilo

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Murilo

Não conseguia explicar concretamente o motivo pelo qual eu ofereci as passagens daquela viagem para ela. A ideia surgiu quase que instantaneamente na minha cabeça quando estávamos almoçando, no dia em que foi entregar meu celular. Em um segundo, a imagem da mulher chorando no chão do aeroporto se transformou na de uma mulher sorrindo, com óculos escuros e biquíni minúsculo, olhando para o mar do Caribe.

Eu realmente tinha muitas milhas e as passagens dela e da amiga não tinham me custado nada, ainda assim minha mente ficava tentando burlar a lógica para inventar fantasias sobre a situação.

No Brasil, antes de decolar, havia uma pequena dúvida em mim: ela iria mesmo? Se eu não conseguia encontrar motivos lógicos para aquela viagem, ela com certeza ponderaria e chegaria a mesma conclusão.

Enquanto o avião era lentamente empurrado até à taxiway, eu me perguntava se Heloísa estava ou não na minha aeronave. Você sabia que o avião era empurrado até a pista para taxear? Pois é, avião não dá ré, o procedimento se chama pushback e nele o avião é rebocado por um veículo, comumente chamado de trator de reboque, que é ligado ao avião por uma barra, e o empurra até a posição correta para o ponto de partida.

Iniciei a decolagem com todos os cuidados e atenção necessários, mas assim que tudo estava estável, a dúvida voltou a minha mente. Nos voos, depois da decolagem a aeronave segue o caminho pelo piloto automático, que libera os tripulantes de tarefas manuais, nos deixando focados na alta carga de trabalho envolvida para decolar e pousar.

Apesar de voar em piloto automático e de ter um copiloto ao meu lado, qualquer alteração nos dados do voo precisava do comandante. Mesmo assim a minha vontade era sair da cabine por uns instantes para me certificar de que minhas convidadas estavam a bordo.

Mas isso não era recomendado, claro. Os passageiros, em sua maioria, não entendem como o processo voar funciona e poderiam ter leves (ou nem tão leves assim) surtos porque o piloto estava fora da cabine, desfilando entre as filas, em busca de duas pessoas específicas.

Mas naquele momento, eu precisava ter a certeza de que elas tinham vindo, por isso apertei o pequeno botão que acionava a tripulação.

— Comandante Salles, precisa de alguma coisa? — A comissária de bordo que veio atender meu chamado foi a Rosa.

De todas as opções a bordo, Rosa era a menos adequada para a verificação. Ela, com certeza, faria suposições e as espalharia por todos os lugares, não me surpreenderia que o Brasil soubesse do meu interesse nas passageiras antes mesmo que o meu avião pousasse.

— Gostaria de verificasse se os assentos 38A e 38B estão ocupados, por favor — pedi, encarando-a.

— Sim, senhor. Gostaria que eu verificasse quem são os passageiros ou que enviasse algo para eles? — O olhar dela era atento e avaliativo. Rosa queria descobrir qual era o meu interesse naqueles assentos.

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