Capítulo 2

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Heloísa

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Heloísa

Respirei fundo para me conter e não marchar pelo aeroporto como se fosse uma criança chorona enquanto seguia o comandante. Ele arrastava uma mala pequena e preta, com rodinhas que giravam em 360°. Comandante... Salles? Era esse o nome do piloto do avião que tinha me trazido?

— Você era o piloto do voo que veio de Guarulhos? — Perguntei, curiosa com a coincidência.

— Sim, voo 1852, estava a bordo? — Ele respondeu sem parar de andar.

— Estava, foi o voo que me trouxe de casa.

— Mora em São Paulo? — O piloto perguntou. Assenti com a cabeça, mas ele não viu.

— Moro sim — reafirmei.

— Vamos passar no balcão de achados e perdidos para ver se entregaram suas coisas lá antes de seguir para a imigração — informou e acelerou o passo.

O aeroporto era grande, não consegui mensurar se maior ou menor que Guarulhos, mas caminhamos por alguns minutos até chegar no balcão ao qual ele se referiu. Assim que nos aproximamos, ele cumprimentou o funcionário em espanhol, antes de se virar para me perguntar o óbvio:

— Qual o seu nome?

Muito mal educadamente, havia esquecido de me apresentar ao homem que servia de tradutor.

— Desculpe, meu nome é Heloísa Delfino Maia — ele assentiu e informou ao homem o que, suponho, seja um resumo do que aconteceu comigo.

Alguns minutos se passaram enquanto o homem buscava meu documento entre as inúmeras carteiras de identidade e passaportes perdidos naquele lugar... Eu não era a única descuidada, mas provavelmente era uma das poucas que não sabia o idioma e estava atrasada para o casamento da irmã mais velha.

— Você tem passaporte, Heloísa?

— Tenho, mas embarquei só com a identidade porque sabia que não era preciso passaporte para entrar no Chile.

— Pelo menos ainda pode viajar — informou — se tivesse trazido poderia ter perdido junto com as outras coisas.

— Não sei como isso aconteceu — lamentei — não parei em lugar algum desde que saí do avião... Realmente acho que fui roubada.

O funcionário do aeroporto falou com o comandante e, pelo negar em seu aceno de cabeça, nem precisava de tradução para saber que não havia encontrado.

— Oh, mas que porra — xinguei e senti novas lágrimas se formarem em meus olhos.

— Vai ficar tudo bem... — E quando ele disse essa frase, duas delas escaparam — vamos para a imigração.

Eu o segui porque não tinha outra coisa para fazer. Os minutos passavam e as coisas só pioravam. Minha irmã ia ficar triste com minha ausência, meu pai preocupado e minha mãe bem próxima de furiosa. Eu podia ouvi-la dizer que tinha me avisado para vir antes, mas já estava me sentindo culpada o suficiente sem que ela precisasse me lembrar.

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