Capítulo 10 - Desejos

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Ao primeiro contato Perséfone pensou em fugir, mas para onde iria? Ele estava por toda a parte. Havia muito dele ao seu redor para que ela sequer pensasse em escapar.

Então ela sentiu a língua quente e húmida roçar nos seus lábios. Sabia que deveria resistir, por Zeus ela queria conseguir resistir, mas a absoluta presença de Hades ao seu redor a deixou fraca, e assim, ela cedeu.

Fechando os olhos, a jovem deusa entreabriu os lábios e ofegou surpresa com o primeiro contato de suas línguas. Ele fazia movimentos suaves, instigando-a, convidando-a a fazer o mesmo, e ela prontamente o fez.

Aquilo era diferente da primeira vez em que haviam se beijado. Havia algo ali, algo que ela não sabia descrever, mas a fez estremecer da cabeça aos pés. Especialmente quando uma das mãos de Hades deslizou pela sua cintura e se manteve ali em um aperto firme.

Cedo demais o beijo teve fim, e ela precisou de alguns segundos para recuperar o fôlego antes de abrir os olhos e ver Hades ainda bem perto.

-Parece que eu estava certo. -Concluiu com um pequeno sorriso vitorioso.

Com um pequeno tremor no queixo, Perséfone virou o rosto para o lado e respirou fundo. Por Zeus, aquele maldito convencido tinha um ponto. Ela podia espernear à vontade, mas não podia enganar seu coração. Não podia continuar ignorando o fato de estar se apaixonando pelo senhor dos mortos.

Aquilo a apavorava.

-Isso não muda o fato de que você me enganou para ficar aqui. -Ela resmungou com a voz trêmula.

Hades inspirou profundamente antes de se afastar alguns passos, dando a ela um pouco de trégua da sua inebriante e intimidadora presença.

-Eu a amo desde o dia em que coloquei meus olhos em você pela primeira vez. -Ele falou sem vacilar e levou uma mão ao peito. -Peço desculpas por ter tido iniciativa e ter tomado o que eu queria.

Bufando, ela cruzou os braços e desviou o olhar resmungando.

-Você soou como o meu pai agora.

Como estava olhando para o outro lado, ela não pôde ver a expressão de desgosto que tomou a face de Hades ao ouvir aquelas palavras.

-Talvez não sejamos tão diferentes quanto eu gostaria. -Falou asperamente.

Seu tom de voz atraiu a atenção da jovem, mas antes que ela pudesse ver sua expressão, ele se adiantou e deu alguns passos adiante tomando uma das mãos dela e levando-a até o próprio peito.

-Perséfone, te peço que seja a minha rainha. Case-se comigo e não lhe faltará nada. Você vai ser rainha de todo um reino, rainha do submundo. Será servida e venerada e terá a liberdade que tanto ama. -Ficou em silêncio por alguns segundos como se decidisse se deveria continuar ou não. -E também terá a mim. Prometo ama-la incondicionalmente e adora-la para toda a eternidade.

Oh céus...

Mediante aquele pedido, Perséfone sentiu suas estruturas balançarem. Não estava preparada para aquilo. Não imaginava que sua conversa seguiria para aquele rumo. Parte dela queria dizer sim e se jogar nos seus braços para acabar de vez com aquele martírio, porém haviam muitas pontas soltas, muitas incertezas. Ela podia sentir a intensidade dos sentimentos do deus por ela, e aquilo a assustava.

Assustava-se com o quão desesperadamente ele a queria. Com o quão tentada ela estava a desistir de tudo para estar ao lado dele para sempre. Recomeçar sem olhar para trás... Mas ela não era egoísta a esse ponto. Sabia que timha uma mãe preocupada por ela na superfície. Seu único porto seguro durante vários anos. Ela ficaria decepcionada quando a encontrasse.

O Conto de Hades e PerséfoneOnde histórias criam vida. Descubra agora