Capítulo 11 - O Pedido

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Naquela manhã Perséfone se sentia radiante, quase como se pudesse flutuar de tanta felicidade. Os últimos dias ao lado de Hades haviam sido simplesmente perfeitos. Os passeios, as palavras doces, os beijos... ah sim, desses ela gostava mais do que qualquer outra coisa. Só as lembranças eram suficientes para lhe causar um forte rubor nas bochechas.

A jovem deusa estava sentada de frente para um grande espelho penteando suas grossas madeixas de cabelos ruivos enquanto cantarolava uma melodia qualquer quando ouviu uma risada conhecida.

-Alguém aqui está de bom humor.

Pelo reflexo do espelho ela viu Nix se materializar das sombras do quarto. A divindade noturna trajava negro como sempre, e tinha seus longos cabelos presos em uma grossa trança lateral. Mediante a figura imponente da divindade, Perséfone se sentiu acanhada e envergonhada por ser tão transparente quanto aos seus sentimentos.

-Não precisa ter vergonha Perséfone. -Nix a tranquilizou se aproximando e tocando seu ombro. -O que está acontecendo entre você e Hades... é apenas o curso natural das coisas.

Perséfone olhou para o reflexo das duas no espelho e sorriu nervosamente. Apesar de não dar muito as caras, Nix tinha se mostrado uma boa companheira quando ela precisava. Não como uma figura materna, mas como uma amiga, e esse era um sentimento que ela não tinha nem com suas irmãs mais próximas.

-Pode me ajudar? -Ela pediu timidamente. -Quero impressiona-lo hoje.

-Até mesmo se usasse trapos você o deixaria boquiaberto, mas eu entendo o que quer dizer. Acho que tenho uma ideia. -Nix sorriu de maneira conspiratória.

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No salão de refeição, Hades alternava sua atenção entre os pergaminhos e sua comida, ambos dispostos de maneira desordenada sobre a mesa. Tinha esperanças de terminar aquilo o quanto antes para poder ter mais tempo livre, ou melhor, mais tempo com Perséfone. O mundo inferior era vasto e agitado e sim, ele era um deus ocupado, porém não para ela. Nunca para ela.

E por falar nela...

O cheiro de flores do campo o atingiu antes mesmo que ela entrasse no salão, fazendo com que ele inspirasse profundamente em êxtase. Porém ao erguer a vista da mesa, não foi a visão que estava preparado para ter. Ainda que ela estivesse habituada a usar as vestimentas do mundo inferior, Hades não estava preparado para a visão de sua donzela trajada daquela forma.

O vestido preto a abraçava como uma segunda pele na região do busto até um pouco abaixo da cintura, onde ganhava um caimento mais leve conforme o tecido ganhava transparência. As fendas profundas nas laterais eram deliciosos detalhes que o fizeram engolir em seco. Seus cabelos geralmente soltos, estavam presos e enrolados no topo de sua cabeça, deixando muito de delicada pele do pescoço á mostra, o que fez com que seus dedos sentissem comichões de vontade de toca-la.

-Olá Hades. -Ela cumprimentou timidamente abraçando a si mesma.

-Olá. -Foi tudo que ele conseguiu responder ao sair do seu estado de estupor. -Por favor, junte-se a mim.

Continuou observando a forma como ela caminhava até o seu lugar na mesa, a forma como ela se sentava... pelos céus, até sua respiração o estava cativando. Fechando as mãos em punho sobre a mesa ele se obrigou a ter um pouco de autocontrole, pelo menos na frente dela. Não importava o quanto desejasse pega-la em seus braços para nunca mais soltar, ele não era seu irmão, e não estava indo para ela com toda essa selvageria.

Não, Perséfone merecia mais.

Dito isso, Hades decidiu que o melhor seria voltar para o que estava fazendo antes que a deixasse mais envergonhada do que provavelmente já estava.  E quanto mais cedo terminasse, mais tempo poderia dedicar aos seus cortejos. Sim, mal podia esperar para estar a sós com ela...

O Conto de Hades e PerséfoneOnde histórias criam vida. Descubra agora