Capítulo 14 - Dezenove Anos

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Sehun abriu a porta se deparando com um ômega emburrado que saia da cozinha, rumo as escadas para subir até seu quarto. Seus olhos seguiram o filho que parecia um tanto chateado, emburrado. Luhan saiu logo atrás com uma carranca na cara, parando em meio a sala.

— Ele tá insuportável — andou até o maior, próximo a porta — Por que demorou tanto? — ele estava com o semblante cansado, Sehun não sabia o que dizer, nunca soube.

Se passaram dezenove anos desde então.

Sehun abriu uma sede da sweet iKOn na China, deixando Jongin e Kyungsoo aos cuidados do oficial na Coreia. A alfa dos Kim era uma bela jovem que ao menos podia visitar Luyan sem fazer uma algazarra. Se tornou uma guerra de alfas, entre ela e Yijie.

Sehun se adaptou bem a vida na China, no começo as visitas a casa de Luhan eram poucas porque ainda existia certo temor em ser rejeitado pelo ômega, mas sua mente já estava mais tranquila. Respeitou o tempo do menor como prometeu a si mesmo até que Luhan se sentisse confortável.

— O que foi dessa vez? — ele levou as sacolas até as bancadas da cozinha, tirando as frutas e legumes de dentro dela enquanto Luhan voltava a cozinhar. O ômega deu de ombros e o alfa franziu o cenho — Luhan...?

O chinês sabia o que o tom de repreensão na voz do outro significava.

Eles haviam voltado a morar juntos quando o filhote fez dez anos. Luyan estranhou a súbita união dos pais, nenhum deles parecia confortável com a situação, ele não presenciava momento de carinho, conversas cúmplices ou sequer um grude rápido dos lábios. Conforme os anos se passaram essa situação só se tornou algo comum, mas magoava-o.

— Ele só tá chateado com a nossa situação — se encolheu nos ombros — Ele queria que voltássemos a ser o que éramos — se virou de frente para o Oh, os orbes negros o fitando, deixando-o meio acuado — Não é tão simples, Sehun.

O outro suspirou, sabia que o filho estaria no topo da escada ouvindo a conversa, era típico dele. Luyan queria os pais juntos, mesmo não tendo ideia alguma de como era a relação deles, ele sabia que se amavam e era injusto.

— Eu não posso insistir, você sabe, mas acho que de certa forma ele pede para que os pais voltem a ficar juntos.

— E não estamos?

— Não como deveríamos.

Houve um silêncio, Sehun não queria que o ômega se sentisse pressionado, mas haviam se passado dezenove anos, nove deles que estavam morando juntos, dormindo em quartos separados e se dirigindo um ao outro como se fossem grandes amigos.

-baby doll-

Luyan estava sentado no sofá assistindo a um filme. Sehun chegou lentamente ao seu lado, no sofá, sentando-se ali. O filho o olhou e rapidamente voltou sua atenção ao filme.

— Eu sei o porquê de estar assim — ele revirou os olhos e o alfa riu — Não faça isso, eu sou seu pai! — o beliscou na cintura.

O ômega deu risada e se virou no sofá, de frente para ele, cruzou as pernas ali em cima e os braços também, cerrando os olhos acusadores.

— Por que você e a mamãe não voltam como antes?

— Não chame sua mãe de mãe, por favor — Sehun maneou com a cabeça, em um tom falso de repreensão.

— O que?!

Sehun se virou de frente também, sorrindo e sendo acompanhado. Luhan odiava quando chamavam ele de mãe ou mamãe, o que fosse. Era a piada interna de pai e filho ali.

— Luh... Por favor — ele ficou sério, o fitando nos olhos — Sabe que para seu pai as coisas ainda não complicadas, um passo de cada vez, tudo bem? — tentou ser o mais sutil possível, Luyan era muito frágil sentimentalmente — Foi um grande passo eu vir morar aqui com vocês, não foi? — o agarrou pelos ombros, trazendo o corpo magro até o seu em um abraço desajeitado.

Luyan era lindo como o pai ômega, a pena lisa e sem imperfeições, os lábios bem desenhados e sempre rosados, ele tinha um aroma tranquilizador que poderia até ser excitante se ele quisesse, Sehun tinha duas preciosidades em casa e zelava por elas, seu filho ficava mais lindo a cada dia, assim como seu pai ômega.

— Acho que tenho que me preocupar com a Jongah ou o Yijie, certo? — se afastou o beijando na testa — Você tá ficando lindo demais até pra eu aturar, mal posso te ver sem ficar emocionado! — riu — Se bem que Yijie já te tem e... Ah... Como crescem... — fez um bico.

— Pai... — ele resmungou revirando mais uma vez os olhos — Que vergonha, isso é tão brega!

A campainha tocou e os dois ali tiveram suas atenções voltadas para a porta, Luhan saiu de algum lugar que eles não repararam para abrir a mesma.

— Senhor Luhan, como vai? — o alfa Wu entrou sorrindo para o menor.

Yijie estava enorme, era assustador. Seria óbvio que puxaria o tamanho de Yifan e Zitao, também, por si só já era maior que todos ali. Ele terminou de entrar indo em direção ao sofá. Luyan desgrudou dos braços do pai para correr até o namorado, se jogando nos braços dele e o beijando.

— Céus... É sempre assustador! — Sehun resmungou dessa vez seguindo com Luhan para a cozinha — E então?

— Então o que? — o ômega estava vidrado no livro de receitas, o avental amarrado na cintura marcando seu corpo. Sehun ficou o observando.

— Luhan?

— O que é? — ele se virou impaciente, percebendo a curta distância entre si e o alfa — O-o que é... Sehun?

O alfa sorriu quebrando ainda mais o espaço entre os corpos, apoiando as mãos na bancada atrás do corpo alheio. Seu nariz foi rapidamente para a curva do pescoço do ômega, sentindo o cheiro de mel que estava ficando cada vez mais forte.

Sehun sentiu-se livre das próprias amarras quando percebeu que amava o menor acima de tudo, não era um problema Luhan ser homem ou mulher, para o Oh o verdadeiro motivo do seu medo era se permitir amar alguém tão bom quanto o ômega era.

O alfa precisava se permitir amar.

— Será que eles vão ouvir a gente? — beijou a tez quente do pescoço alheio — Só uma rapidinha, o que acha?

— Pervertido — agarrou a camisa, o afastando — Não acho certo o que estamos fazendo! — indicou o outro cômodo com a cabeça — Ele merece saber a verdade...

— Sim, claro que merece — se afastou passando as mãos pelos fios negros — Faltam quantos dias para o aniversário dele, mesmo?

— Uma semana!

— Ótimo! Até lá continuaremos transando escondido, o que acha? — voltou para selar seus lábios ao do chinês.

Luhan arregalou os olhos tamanha ousadia do Oh, pegou o pano lançando no rosto dele, arrancando uma gargalhada. Luyan ainda demoraria sete dias para descobrir que seus pais haviam voltado ao "normal" há um bom tempo.

— O que eles estão fazendo na cozinha? — Yijie perguntou enquanto abraçava o ômega pelo ombro, eles iriam assistir a alguma coisa na Netflix.

— Eles devem estar se pegando — deu de ombros — Acham que eu não sei que eles fizeram as pazes fazem uns... — parou par apensar — Dois ou três anos?

— Quer ter um irmão? — sorriu de canto, fitando a tevê.

— NÃO! — ele gritou — Oh... Meu Deus... Não! — ergueu-se do sofá, correndo até a cozinha — PAI, MÃE, SEM IRMÃOS, POR FAVOR!

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