Nora Bouvier foi treinada à vida inteira para ser perfeita em tudo, a filha perfeita, a esposa perfeita. Hoje, as coisas mudaram. . E tudo o que ela quer é cuidar de seu filho em paz, e ter uma vida tranquila. Isso se os inimigos que a rodeiam permi...
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As pessoas iam e vinham ao meu redor, rindo e conversando bastante animadas. Uma vez ou outra elas me notavam, paravam e sorriam. Às vezes tentavam puxar conversa, mas não saía do "como você está?", "onde está o bebê, Nicholas?", "Mas ele já foi dormir tão cedo?". Em sua maioria eu dava respostas curtas, ou deixava que falassem sozinhos, para preencherem as lacunas por si só. Esse era o tanto que eu estava cansada. Mas alguma coisa ainda me mantinha presa ao salão. Certamente não era a promessa de diversão, muito menos a companhia. Provavelmente era o senso de dever falando mais alto. É, era isso.
Seria muita falta de educação sair assim — de um evento da minha irmã —, sem avisar ou me despedir de metade dos convidados pelo menos, ainda mais quando cada movimento nosso, por menor que fosse, estava sendo observado.
Meu olhar se desviou mais uma vez para o casal na varanda. Eles conversavam um perto do outro parecendo bem íntimos. Tinha sido assim desde que Lady Chelsea Ashbury tinha chegado e colocado os olhos, nele, no começo do evento. A mulher era uma velha conhecida da família e fez questão de vir prestigiar Nicol. Ela pertencia a uma das famílias mais antigas de Kadia, também era viúva, sem filhos e com uma enorme fortuna. Quem olhasse não daria mais de quarenta anos pra ela. Ela e Warren se deram bem logo de cara, e ficaram conversando desde então. Ele todo simpático, Lady Chelsea só sorrisos.
Warren colocou a mão no braço da mulher, se inclinou e sussurrou algo em seu ouvido que a fez alargar ainda mais o sorriso. Não sei por quanto tempo fiquei observando os dois, mas não consegui tirar os olhos. Até que finalmente Warren se virou na minha direção, como se eu o tivesse chamado, e imediatamente virei o rosto, minhas bochechas pegando fogo. Afundei no sofá muito desconfortável, sentindo de alguma maneira, seus olhos sobre mim.
— Você parece cansada. — Alice surgiu ao meu lado no sofá e eu dei um pulo levando a mão ao peito.
— Ah...— forcei um sorriso, agitando a mão no ar, como se espantasse uma mosca. — Só um pouco. — Eu estava mesmo cansada. Ainda mais depois de ter ajudado Nicol esses dias todos, com a preparação para as festividades de fim de ano. Tudo o que eu queria agora era dormir. — Seria muita falta de educação minha sair no meio da festa. — Olhei ao redor, para o salão movimentado, as pessoas interagindo enquanto eu estava aqui, encolhida, sentada no sofá, com a desculpa de que meus saltos estavam me matando. Na verdade essa foi uma das desculpas, eu já nem lembrava mais das outras.
Eu nunca tinha sido de aglomerações. As que eu tinha ido eram evento sociais e nunca tinha sido divertido. Aqui eu tinha até conseguido me distrair um pouco, mas pelo visto não tinha sido suficiente.
Deixei escapar um longo suspiro, e pelo canto do olho, vi que o casal tinha sumido da varanda. Olhei ao redor como quem não quer nada e não os encontrei. Um sentimento estranho agitou meu peito, mas logo desapareceu, então em seguida, voltei a encarar a Alice.
