⭐ - 08

2.1K 375 224
                                    

Estava caminhando sozinho para casa. Seus amigos decidiram ficar na escola e também disseram que não iriam abusar do pequeno. E depois de cinco tentativas de persuasão, desistiu e agora estava lá.

Esperava que Beomgyu pudesse melhorar seu humor. Seu dia foi ruim e cansativo. Teve sorte de não precisar trabalhar hoje.

Quando finalmente pisou na sala sentiu cheiro de doce. O mesmo cheiro que sentiu de manhã. Parecia gostoso e ficou ansioso para descobrir o que era. Entrou na cozinha e não encontrou nenhuma louça sequer. Então voltou para a sala e rumou para seu quarto.

- Cheguei Beom! - exclamou tirando os sapatos e entrando no seu quarto. Abriu a porta e ligou as luzes.
-Surpresa! - gritou Beomgyu com uma bandeja nas mãos. Taehyun sorriu desacreditado.
- Uau Beom... Obrigado. - colocou a mochila no chão e pegou a bandeja das mãos do garoto.

Nela tinha cupcakes, um pequeno pudim, pão com geleia de morango e um suco de abacaxi. Taehyun mal podia esperar para experimentar os doces que Beomgyu fez para ele. Sorriu para o garoto e mais uma vez agradeceu.

- Nossa Beom... Isso aqui tá muito bom! Você fez sozinho? - elogiou o garoto que corava lentamente.
- Quase... Yeonjun me ajudou mais cedo colocando os ingredientes e usando o livro que o Soobin pegou da sua estante. Então deixamos para terminar depois, até porque a receita requer tempo para ficar pronta. - respirou e continuou - Yeonjun insistiu para eu terminar sozinho e então como eu nunca iria comer isso, organizei para quando chegasse pudesse comer. Aliás, fico feliz que tenha gostado, além de ter servido para meu "treinamento", também pude te ajudar não é? - sorriu tímido e Taehyun que se deliciava com o cupcake sorriu mastigando o bolinho. Engoliu e concordou com um aceno de cabeça.

Quando finalmente terminou seu "almoço", Taehyun deitou no chão gelado do quarto, estava calor, e a coisa que mais odiava era se deitar na cama. Ela era uma cama super confortável e quentinha, mas nada convidativa no calor de 28°C.

Olhava atento o teto, a lâmpada e o que mais poderia ver ao olhar para cima. Passado dois minutos, Beomgyu deitou ao seu lado e puxou assunto.

- Como foi na faculdade? - Tae olhou de soslaio. Ele parecia realmente interessado. Decidiu ser sincero com o loiro.
- Uma grande bosta...
- Nossa, foi tão ruim assim? - riu de nervoso.
- Péssimo na verdade... Eles deram para rir de mim. - Beom se sentou apressado no chão olhando Taehyun de cima.
- Mas, por quê?
- Eu diria que não são todos que vêem meus amigos. E como estou sempre sozinho, acham que eu enlouqueci de vez. - suspirou com as lembranças das palavras maldosas dos "colegas".
- Eles não podem fazer isso... É errado! É tão ridículo e sem noção! Você não é louco! Longe disso... É inteligente, esforçado e divertido... Como é possível eles dizerem uma coisa dessas? - Beomgyu irritou-se e cruzou os braços fazendo bico. Taehyun achou fofo. Estava defendendo ele, indiretamente, daquelas pessoas. Sorriu para o menino. Ele voltou um olhar totalmente descrente para Taehyun.
- Como você consegue rir numa situação dessa?! - exclamou para Tae.
- Eu já chorei o suficiente hoje, Beom.

Voltou seu olhar para o teto. Não estava com raiva, muito menos chateado com Beomgyu. Estava feliz por ter o amigo ali, do seu lado. Gostaria mesmo que ele estivesse com ele mais horas do dia. Para aproveitar da energia boa que ele transmitia para si.

Sorriu com a imagem de ir com o garoto tagarelando para a faculdade e se voltassem a mexer com ele Beom ficaria xingando-os o dia todo. Tae sentia que ele faria coisas assim.

Então de repente se lembrou das chaves. Se seus amigos da faculdade tinham, até mesmo duas chaves, Beom tinha que ter uma. Mas o que seria o objeto mais importante para Beomgyu quando vivo? Poderia ser qualquer coisa que estivesse naquela casa, afinal era dele anteriormente. Não poderia ser a cama. Poderia? Yeonjun não disse que tinha limites para tamanhos e pelo que parece nem mesmo precisa ser um objeto inanimado. Porém Tae tinha certeza de ser um objeto, afinal era o único ser vivo naquela casa.

- Tae... Você me ouviu? - Beom perguntou preocupado com o garoto que havia passado sete minutos olhando, sem parar, para o teto.
- Sim, eu ouvi. - mentiu. Sentou no chão olhando curioso para Beomgyu. - Qual a sua chave?
- Chave? Ah, você diz a que trouxe os meninos aqui? - Tae assentiu animado. - Ah. Falei com Yeon sobre isso... Eu realmente não faço ideia, sabe? Não sou de me apegar tanto em objetos específicos.

Tae desanimou com a notícia. Isso significaria ter que procurar objetos e sair de casa com eles até que algum permita que o menino pise do lado de fora.

- Nem esquenta com isso. Desisti no momento que ele me contou sobre. Eu não me importo de ficar aqui e esperar você chegar todos os dias. Fiz isso por anos. - Tae sentiu uma pontada no peito e respirou fundo. Ficou triste. Desejou não ter dito nada. Porém, ele não desiste tão fácil das coisas... Muito menos de Choi Beomgyu.
- Mas... É que eu queria que você ficasse do meu lado. - corou e sentiu seu coração acelerar. - Você me faz bem. Como uma bomba de energia. Você sorri e eu sinto que tudo vai melhorar. - suas mãos suavam, muito mais do que normalmente. - Quero encontrar a sua chave para que você possa sair daqui e ver o mundo lá fora. As coisas mudaram em oito anos Beom. Quero estar mais com você.

Taehyun terminou seu discurso quase morrendo de falta de ar. Estava trêmulo e ofegante. Não entendeu o que estava acontecendo com ele. Aproveitou que Beom estava fitando o chão e foi para a cozinha tomar um copo de água e respirar fora do quarto, parecia mais abafado ainda.

Enquanto Tae foi para a cozinha, Beomgyu continuou fitando o chão (nem percebeu que o outro tinha saído do quarto). Estava nervoso e corado. Seu coração na garganta e mil pensamentos na cabeça. Não fazia ideia do que seria sua chave, mas se era importante para Taehyun deveria ajudá-lo. Decidido, levantou e se deu conta de que o menor não estava lá. Correu para a sala e passou direto para a cozinha. Encontrou-o encostado na pia com um copo de água a caminho da boca.

- E-eu aceito. Vamos procurar. Não faço ideia do que seja, mas podemos começar com as pequenas coisas, certo?

Tae assentiu sorrindo e terminando seu segundo copo de água, por fora estava calmo, por dentro havia uma algazarra. Seu inconsciente sabia exatamente o que estava lhe acontecendo, mas era algo que Taehyun - 89% movido pela razão - jamais admitiria. Estava apaixonado por Choi Beomgyu, o fantasma do seu quarto.

My Favorite Ghost [TaeGyu] Onde histórias criam vida. Descubra agora