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         — Isso é uma pergunta quase impossível de responder, você sabe disso...
          — Eu sei... Você não tem nenhuma ideia de onde alguém guardaria um espelho Yeonjun?
          — Definitivamente não... Tae você sabe que as probabilidades de eu saber onde está são nulas, certo?

          Taehyun no dia seguinte acordou e sem demora foi conversar com o amigo Yeonjun, era o mais sábio dos seus amigos quando se tratava do assunto fantasma. Enquanto tomava seu café da manhã no quarto, saciava suas dúvidas com o mais velho. Não iria sair procurando a casa toda e se cansar logo de manhã, afinal era véspera de Natal. Precisava de um descanso, não somente da faculdade, mas também da sua longa e desgastante procura pela chave de Beomgyu.

          — Beomgyu! Você tá roubando! — gritou Kai da sala.
          — Não é roubo. É o jogo seu idiota. — falou calmamente para o mais novo.
          — Tem como vocês dois pararem de gritar? Só o fato de vocês estarem aqui já me atrapalha a ler... — disse Soobin no mesmo tom de voz de Beomgyu.

          Taehyun e Yeonjun correram para a sala para ver o quanto estava acontecendo. Beomgyu olhava para HueningKai rindo de canto e Hyuka olhava irritado para ele segurando quase metade do baralho de UNO.

          — Vocês estão fazendo essa confusão toda por causa de um joguinho? — perguntou Yeonjun debochado.
          — Que confusão? Não há confusão nenhuma aqui... E não é só um joguinho... É cultura Yeon! — respondeu Hyuka olhando para Yeonjun entediado.

          O garoto vivo só observava a cena toda. Soobin estava lendo um livro de Fantasia: Destino em sonhos e vez ou outro espiava por cima dele para olhar para a briga na sala. Beomgyu e Hyuka gritavam sem parar um com o outro e Yeonjun massageava as têmporas com mais força do que qualquer ser humano faria. Sentiu uma enorme vontade de rir e quando percebeu estava segurando a barriga com as mãos de tanto dar risada.

          — Ué... Pirou de vez. — disse Yeonjun casualmente.
          — O que há de tão engraçado Taehyun? — perguntou Hyuka que sabia que ficaria sem resposta.

          Beomgyu se juntou ao menino assim que percebeu o porquê de ele estar rindo. Era a situação. Não por ela ser engraçada, mas porque aquilo tudo era divertido e um tempo atrás uma coisa dessas era impossível. Estavam rindo de felicidade.

          Quando se cansaram de rir, estavam doloridos e suados. Yeonjun e Hyuka já não estavam na sala e Soobin se levantou para conversar com Hyuka. Os dois novamente sozinhos na sala, olhando um para o outro.

          — Isso tudo é surreal, não acha, Tae? — o menino assentiu e corou com o apelido. Sentiu algo no peito e no pé da barriga. Então, como reflexo do nervosismo segurou seu braço direto com o esquerdo e evitou contato visual com o garoto à sua frente. — Sabe... Eu devia agradecer você por isso.
          — O quê? Mas por quê? Eu não fiz nada...
          — Se não fosse por você, eu não teria amigos, além de você, para me divertir no Natal. Até mesmo passaria meu 9° Natal sozinho e... Triste. Você mudou isso. Por isso eu agradeço do fundo do meu coração. — Tae ficou sem ar por um instante e pensou em tomar um copo de água. Parecia uma maneira de se acalmar. Beomgyu sempre lhe fazia sentir-se assim do nada e isso, de certa forma, o irritava.

          Antes que fizesse algo Soobin voltou para a sala e disse para Beomgyu que Yeonjun queria falar com ele. O loiro agradeceu e saiu correndo da sala para o quarto.

          — Ora, ora. Temos um apaixonado na sala. — disse Soobin sorrindo com suas lindas covinhas para Taehyun. Desprendeu seus braços e tentou agir normalmente para responder o maior, mas... Não conseguia pronunciar uma palavra. Esse novo Taehyun era estranho ao seu ver. — Vocês são dois idiotas... Não deveriam ter deixado isso acontecer. Você sabe Tae... Ele é um fantasma. — ficou sério e se sentou no sofá de frente para Taehyun. O menino sentiu as bochechas esquentarem.

          Sabia do que Soobin estava falando. Nunca admitiu que sentia algo pelo fantasma loirinho, porém isso não significava que tinha controle sobre suas emoções e sentimentos. Não tinha certeza se o outro correspondia, não pensava nessa possibilidade. “Isso é algo platônico... ”, pensava sempre que essa possibilidade vinha te atormentar.

          Suspirou fundo e finalmente abriu a boca.

          — Eu já disse para o Yeon e digo para você também Soobin... Eu e o Beomgyu não temos nada. Somos amigos, somente isso e seria... Impossível criar sentimentos por alguém que está morto, não acha? — disse falando calmamente de um jeito casual. Soobin semicerrou os olhos e encarou Taehyun num tom de desafio.
          — Me diz você Tae... Não se apaixonou pelo Beomgyu? Tem certeza? Toda vez que você fala dele é como se estivesse contando para a gente sobre o seu livro favorito e quando está com ele sorri mais do que o normal... Me desculpe se estou fazendo você enxergar a verdade. Você não pode ficar com ele e eu não quero que nenhum de vocês saiam machucados... Isso é um aviso Taehyun. — Taehyun fechou os punhos e respondeu para Soobin num tom firme.
          — Quem é você para me dizer o que acha que eu penso ou sinto? Eu já disse... EU NÃO TENHO SENTIMENTOS POR CHOI BEOMGYU! Vocês podem parar de tomar conta da minha vida e me deixar em paz! Se não ficou claro, eu repito: NÃO GOSTO DO BEOMGYU! — irritou-se e girou nos calcanhares para ir para seu quarto, nessa altura do campeonato tinha esquecido que os outros três estavam conversando naquele lugar.

          E como se fosse o destino tentando pregar-lhe uma peça, a pessoa à quem se referia estava na porta do quarto perplexo com o que saiu da sua boca. Olhos marejados, mão no peito e encostado no batente. Taehyun permaneceu forte e passou por dentro do fantasma ignorando a pior sensação que havia sentido na sua vida e entrou no banheiro, largando para trás dois dos amigos preocupados no quarto.

          Sentou no chão do banheiro e respirou fundo. Queria não ter dito nada daquilo, aquelas mentiras, doíam mais em si do que para quem dizia ou ouvia. Lágrimas quentes e salgadas escorriam pelas suas bochechas coradas de raiva e vergonha.

          Não conseguia tirar a imagem de Beomgyu da cabeça. Tinha magoado ele sem necessidade, por talvez, egoísmo. Não queria admitir para os outros sobre algo seu.

           No fundo sabia de tudo que Soobin disse. Não culpa ele por nenhuma palavra. Era verdade afinal. Impossível... Uma pessoa viva e uma morta terem um relacionamento. Não podiam se tocar. Nem um abraço, aperto de mão. Nada. Somente um frio e uma sensação incomoda ao se “chocarem”.

          Essa sensação... Não havia sentido isso ao passar por Beom minutos atrás. Foi algo mais profundo. Um vazio repentino, uma dor aguda por todo o corpo, como uma facada.

          Encostou sua cabeça nos joelhos dobrados e começou a chorar como se não houvesse ninguém em casa. Soluçava tanto que sua cabeça doía. Não conseguia parar, não agora. Precisava esvaziar e colocar tudo para fora.

          Se sentia mal pelo jeito que cuspiu as palavras  sem medo das consequências, do jeito que tratou Soobin, do jeito que Beomgyu estava ao se virar para trás.

          “Se não fosse por você, eu não teria amigos, além de você, para me divertir no Natal. Até mesmo passaria meu 9° Natal sozinho e... Triste”, lembrou-se do agradecimento do Choi mais novo e pensou sarcástico: “Que belo Natal que eu te dei, Beom!”

não desistam de mim 😳
to meio ocupada com umas coisas e atualizar tá complicado amores
mas em breve terei mais tempo e trarei diversos caps 😳
obg 🥺❤

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