My Favorite Ghost [TaeGyu]

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          Tae ouviu batidas fracas na porta e a voz abafada de Hyuka:

          — Tae... Você não vai sair daí? — Ele procurou pelo celular, não estava no seu bolso, não tinha relógio, gostaria de saber que horas eram — Se você não vai sair, eu vou entrar. — disse decidido, mas com uma voz de hesitação. Tae se levantou, estava com as pernas e nádegas dormentes. Passou um tempo muito longo sentado no chão duro do banheiro.
          — Eu... Não quero sair agora, Hyuka. — disse com a voz rouca e abriu a porta se escondendo atrás dela. HueningKai entrou e imediatamente Taehyun fechou a porta.
          — Por que você surtou? — Hyuka perguntou objetivo. Taehyun não esperava que o mais novo fosse ir direto ao ponto.
          — Me desculpa... Eu não queria ter dito aquelas coisas...
          — Não é para mim que você deve desculpas. Você sabe disso. O que passou pela sua cabeça gritando esse tipo de coisa por aí? O Beomgyu não saiu do guarda-roupa até agora também. Eu e o Yeon tentamos de tudo para tirar ele de lá, mas ele briga com a gente e chora mais alto ainda para não ouvir nada... Vê se pode. Eu sou mais novo que ele e nem por isso agi como uma criança quando descobri sobre o Soobin e Yeonjun. Ora... Da última vez que agi como criança me dei mal, então penso duas vezes. — Kai tagarelava feito uma matraca e apesar disso Tae não se sentia irritado, mas grato pelo garoto estar lá dentro.
          — Espera... O que você quer dizer com “quando descobriu sobre Soobin e Yeonjun”? — perguntou distraído.
          — Ah... Eu gostaria de ser o Soobin  por um dia. Sabe como é... Yeonjun é... Tudo. — sorriu tímido e voltou seu olhar para Taehyun. — Não posso forçar ninguém, não é?
          — Sim. Tem razão. — ficaram bons minutos em silêncio. Não estavam incomodados com isso, cada um estava no seu próprio mundo.
          — Vai me dizer por que disse aquelas asneiras?  — perguntou Hyuka calmamente para Taehyun.

          O mais velho olhou-se no espelho. Olhos inchados, lágrimas, agora secas, e uma feição triste e cansada. Nunca tinha visto algo assim no seu rosto, parecia uma outra pessoa. Ter amigos o tornou mais sensível, dependente e muito mais feliz. Se sentia vitorioso por isso. Há alguns anos não imaginava ter pessoas a sua volta. De certa forma ainda eram pessoas. Fantasmas... E fez a maior besteira possível quando se apaixonou por um.

          Era difícil tirar o loiro da cabeça, sabia disso, mas não impossível. Porém tirá-lo do coração não era uma tarefa possível de ser realizada, por vontade própria ou não. Sentia que a cada dia que passava se tornava mais complicado, seu corpo não permitia.

          Razão 0, emoção 10.

          — Eu fiz merda Hyuka...
          — Eu também, não se preocupa. Por isso eu tô aqui. Sei exatamente como é fazer merda...
          — Droga... Soobin, Yeonjun... Todos sabem a verdade. Somente eu não consigo aceitar. — suspirou e abriu a torneira da pia. Lavou seu rosto e secou com a toalha ao lado do espelho. Estava um pouco melhor.
          — Nem se preocupa com isso Tae... Você ainda tem tempo para ajeitar tudo. Sei que gosta do Beomgyu... Mas não dá para voltar atrás. E não faça nenhuma besteira, sabe como é... Yeonjun provavelmente te contou. Não faça como ele. Viva a sua vida, se não dar certo, tenta de novo. Só os meninos sabem o quanto eu fico triste ao lembrar do acidente.
          — Eu sei disso Hyuka. Mas, como eu posso viver me apaixonando cada vez mais por ele? Isso é... Tão complicado.
          — Seu idiota. Você não tá pensando direito. Acha que eu desisti do Yeon? Claro que não. Eu ainda amo ele.
          — Isso não faz sentido. Vocês dois são fantasmas! — exclamou impaciente. Deixando HueningKai sem palavras.

          Realmente não tinha o que responder, qualquer coisa que diria soaria sem sentido. Estava tão complicado quanto sua situação como fantasma. Decidiu que não tentaria dizer nada para Taehyun. Porém gostaria de contar sobre si. Não costumava deixar de contar para seus amigos, apenas não encontrava a oportunidade.

          Até agora.

          — Eu me arrependo tanto. Como se fosse ontem eu me lembro. Saí com meus amigos, estava com tanta raiva do meu pai que a única forma que eu achei de irritar ele, foi desobedecer a suas ordens. Aquele velho... Parece tanto comigo que me dá raiva. — suspirou e olhou para o mais baixo com um olhar penetrante. — Bebi tanto que nem meu nome eu sabia mais. Passei mal na festa, mas muito mal mesmo, e só descobri disso por causa dos malditos boatos. Enfim... Bati no poste dirigindo numa alta velocidade. Eu tinha 15 anos. — disse por fim, suspirando novamente.

          Agora era Taehyun que não sabia o que dizer. Ambos perdidos.

          Não.

          HueningKai não estava perdido. Sabia exatamente o que estava fazendo. Se tinha algo que percebeu nas pessoas foi a incrível mania de fazer de tudo por amor. Não estava disposto a ver seu amigo fazer algo para si por causa de Beomgyu. Ele precisava viver. Tinha medo de compartilhar o mesmo plano tão cedo com o inteligente Tae.

          — Hyuka... Eu não vou fazer isso... Não se preocupa. Sei o que você tá pensado.
          — Nunca me decepciona Tae. Você é incrível e precisa viver muito ainda. Sobre o Beom... Talvez vocês até consigam alguma coisa. Um acordo. Não sei. Mas acredito que só o tempo dirá. Então... Tenta viver o agora.

          Taehyun suspirou e se virou contra a porta não estava nem um pouco preparado para encarar o garoto sensível por quem havia se apaixonado.

          Após longos segundos Tae finalmente abriu a porta e deu de cara com a cena mais fofa que poderia achar:

          Yeonjun fazia carinho nos fios loiros do Choi mais novo olhando para cima, claramente com tanto sono que parecia que seu braço tinha ganhado vida. Ambos estavam deitados na cama dele. Tae sentiu seu peito apertar ao olhar para o rosto sereno de Beomgyu. Meio inchado, porém continuava perfeitamente lindo e pleno dormindo.

          Caminhou com passos lentos em direção a sua cama. Yeonjun percebeu a aproximação e se levantou devagar da cama, sussurrou um “boa sorte, vai dar tudo certo” e foi embora fechando a porta do quarto. A única iluminação era da Lua. A melhor e mais linda.

          Deitou-se na cama com calma e puxou os cobertores cobrindo a si e o fantasma materializado. Virou-se para o rosto do outro. Estavam perigosamente próximos. Perigosamente se fossem ambos vivos. Isso não era bem um problema. Tae se aproximou o suficiente para que seus narizes se “encostassem”, sentiu o costumeiro frio e seu coração apertou.

          — Me perdoa pelo que eu disse... É tudo uma mentira. Baboseira. — sentiu o aperto no peito ficar maior e se cobriu por inteiro. Fechou os olhos e no silêncio as lágrimas rolaram, até o garoto pegar no sono.