Meu infinito particular

Capítulo 1 - Infinitos deviam ter um começo

Infinitos deviam ter um começo

-Quantas vezes eu já disse que a madrugada é a parte mais incrível do dia?- Dizia Lara, com as mãos na cintura e uma expressão levemente debochada no olhar.

-Sim, Larinha... Você nasceu numa linda madrugada. Eu mal podia esperar pela sua chegada, já que meu processo de parto demorou quase 36 horas!- Riu, a mãe.

-Cheia de gracinha, dona Rose! Também te amo, viu?

Minha mãe sempre frisa essa minha demora para nascer, talvez querendo justificar esse meu apego por ela; como se eu nunca fosse me desgrudar, sair de casa, viajar ao exterior por anos, e esse tipo de coisa que os jovens fazem quando atingem os 18 anos.

Para a minha mãe, sempre serei aquela garotinha que acordava às 06:00 da manhã para brincar na rua. Que convidava as amiguinhas para um chá inglês todas as tardes. Que cochilava com ela no quarto de hóspedes, nos dias quentes.

A menininha acabou crescendo, construindo imagens e leituras de mundo, aprendendo sobre o amor, sobre responsabilidades, sobre a vida. Vida essa que havia sido tão generosa comigo, passando de patinho feio na infância para belo cisne na juventude. Graças a Deus! 18 anos. Cabelos tão cacheados que fios de telefone teriam inveja, olhos de mel, traços leves, sensuais e marcantes de uma negra.

Família, família, almoça junto todo dia! Ou não...

Meus pais se separaram quando eu tinha mais ou menos dois anos. Não me lembro bem como era a relação dos dois nessa época, mas foi uma separação "amigável". Desde então, vivo com a minha mãe, meu padrasto e minha meia-irmã.

Minha mãe sofreu bastante no passado, me criou um bom tempo sozinha, mas escolheu dar uma nova chance ao amor e já está há dez anos com o Luciano.

Acho que a regra de madrasta má também se aplica aos padrastos... Há algo nele que não me agrada, e mais tarde explico meus motivos.

Minha meia-irmã é minha pirralhinha, e isso é indiscutível! É bom ser a mais velha, ensinar coisinhas que tive que aprender sozinha, compartilhar alguns segredos, e até maneiras de se livrar de castigos. A Gabi tem 8 anos e já me entende um pouco.

Apesar de todos os problemas, minha família é linda. E não tenho vergonha de admitir isso.