Não foi exatamente uma surpresa encontrar Karin, afinal aquele era seu país natal, ou pelo menos onde vivera antes de Orochimaru recrutá-la, o ninja imaginava que a ruiva ainda sentisse algum de tipo de lealdade àquela terra, mesmo que ela tenha sido inóspita. Na verdade, ele compreendia bem o sentimento.
A ex-companheira de time os levava agora para o piso superior, onde havia um espaço amplo e bem iluminado, provavelmente para alojar algum tipo de escritório administrativo e outros cômodos básicos para conveniências.
A sala onde foram convidados a entrar, não era espaçosa, e havia apenas uma escrivaninha de madeira contra a janela ampla, um armário de arquivos e duas cadeiras, que Karin indicou para que sentassem, enquanto ela própria ocupava a cadeira solitária atrás da escrivaninha.
Certamente ela estava confortável ali. Sasuke lembrou que ela possuia formidáveis habilidades administrativas, afinal, fora responsável por um longo tempo pelo Esconderijo Sul de Orochimaru, que possuia um histórico assustador de fugas fracassadas graças a ela.
_ Então?_ Sasuke tentou não soar rude, embora duvidasse que fosse possível dado seu estado de ânimo, mas ele tinha uma dívida de gratidão com aquela mulher, fora ela que salvara sua vida durante a 4 Guerra Ninja, assim como em outras ocasiões diversas. Na época estava obcecado demais com seu objetivo sombrio pra sentir-se grato de alguma forma, mas ali estava uma pessoa que sempre fora leal a ele, mesmo quando ele não merecia lealdade.
Karin engoliu em seco algumas vezes, então começou:
_ Antes de tudo eu preciso lhes explicar algumas…particularidades sobre a Aldeia da Grama. Este povo realiza um ritual sagrado de prosperidade, todo mês, no último dia do mês, uma jovem com idade entre 14 a 20 anos é oferecida à floresta em tributo ao deus Howori junto com as primícias de tudo que se produziu naquele período.
_ Espere…oferecida à floresta? O que isso quer dizer? As moças são sacrificadas? _ interrompeu Sakura horrorizada, e com motivo.
Rituais com sacrifícios humanos eram raros, em alguns países fora até mesmo banido. Os países da Aliança, em um esforço diplomático, aboliram a prática em seus territórios, e vinham tentando fazer com que as demais nações fizessem o mesmo.
_ Isso mesmo. As moças são deixadas na floresta durante a noite, junto aos presentes, mas depois disso nunca mais são vistas. Todo mês há pelo menos uma voluntária para a Colheita, como é chamado o ritual. A maioria acredita que é uma grande honra ser oferecida ao deus Howori, significa que você é o que há de melhor, exalta as suas virtudes. Um grupo mais fanático chega até a refutar a idéia de que as garotas sejam sacrificadas, sabe? Alguns acreditam que elas são transladadas, levadas a um terra de fartura e riqueza pra viveram ali pra sempre; mas mesmo se não houverem voluntárias, os homens de Shitake garantirão que uma moça seja ofertada. _ esclareceu Karin
_ E quem é esse? _ perguntou Sasuke
_ Shitake é o líder da vila, para todos os efeitos que importam, pelo menos. Ele controla praticamente tudo por aqui, então se não há voluntárias pra Colheita, ele mesmo escolhe uma.
Sakura arquejou em sua cadeira, levando a mão a boca pra conter a imprecação, que certamente gostaria de soltar.
_ Mês passado não houve voluntária _ continuou Karin como se não tivesse sido interrompida _ Então Shitake interviu, escolheu a moça que achou própria, e preparou o ritual, mas o noivo da garota, um ninja da Aldeia da Pedra, ficou sabendo e pediu ao Tsuchikage que intervisse, o que claro, ele não podia fazer, pois estava muito longe de sua jurisdição, mas mesmo assim, no dia do ritual, um grupo de ninjas não identificados, retiveram os homens de Shitake e sequestraram a jovem. E desde então a praga veio.
_ O que você quer dizer com isso? O que é essa praga? _ inqueriu Sakura.
_ Bom, ninguém sabe. Você mesma viu lá embaixo. As pessoas começaram a adoecer, sem motivo aparente. Começa sempre com uma febre, e dentro de poucos dias a pessoa morre. Eu nunca vi nada igual, as pessoas simplesmente definham até a morte. Se eu consigo chegar nelas a tempo posso fazer com que mordam meu braço e elas se recuperam, mas acontece que quase sempre a praga é mais rápida, e quando elas chegam pra mim eu já não posso fazer nada, não é como se eu fosse uma ninja médica, eu realmente não possuo…eu simplesmente não posso salvar todos. _ finalizou Karin, a voz falhando.
Sakura percebeu que Karin estava esgotada, os círculos arroxeados sob seus olhos contavam-lhe uma história de noites insones e perturbadas, os ombros caídos como se já não aguentasse mais o peso da responsabilidade de tantas vidas. Sakura entendia aquele fardo. Então esperou pacientemente que a outra recuperasse a compostura para perguntar:
_ Me desculpe, mas você deixa as pessoas a morderem? Por quê?
Karin olhou de Sasuke para Sakura em confusão, certamente se perguntando por quê o Uchiha não havia esclarecido sua esposa sobre os antigos companheiros de time. Sakura ruborizou, ela também se perguntava porquê.
_ A natureza do chakra de Karin lhe permite a habilidade especial de cura que pode ser usado em terceiros se este mode-la e absorver um pouco do seu chakra também. _ esclareceu Sasuke.
_ Muito conveniente. _ disse Sakura impressionada.
_ É, principalmente para mim. _ retrucou Karin com um sorriso frágil nos lábios, lhe mostrando as marcas de mordidas em ambos os seus braços. _ Eu não posso continuar com isso pra sempre, sabe? É ineficiente e está acabando comigo. Então quando eu soube que você estava na cidade, pedi que Hayato a procurasse imediatamente.
_ É claro que eu vou ajudar, mas eu preciso saber, onde estão os ninjas médicos da vila? Não é possível que não haja nenhum. _ esta era a dúvida que vinha remoendo desde o início.
O semblante se Karin se fechou quando respondeu.
_ Os fanáticos os proibiram. Quando as primeiras pessoas caíram doentes, logo começaram a atribuir os casos ao castigo divino pela Colheita interrompida, uma ofensa foi cometida e agora todos devem pagar, acreditam que se tentarem usar a força humana para evitar o castigo, ele só ficará pior. Então proibiram as pessoas de procurarem ajuda, e os médicos de oferece-la, quem desobece é preso ou pior. Alguns ainda se arriscaram no início, mas a maioria foi pega e executada no ato. O Shitake não gosta muito de rebeldes. É claro, que pedimos ajuda aos países vizinhos, mas as mensagens nunca chegaram aos destinatários. E bem, as pessoas aqui não gostam muito de estrangeiros já que foi por causa de um que todo esse caos começou.
_ Mas isso é absurdo, como ele pretende lidar com uma crise de saúde massacrando sua equipe médica? _ Sakura se levantou sobressaltada, a raiva fervilhando em seu sangue.
_ Ele pretende fazer um novo ritual para acalmar os deuses. Oferecer o dobro de sacrifícios, os fanáticos acreditam que esse é o único jeito de reverter a situação. E tem mais uma coisa…as vítimas são todas mulheres com idade entre 14 a 20 anos. _ confidenciou Karin, sua voz um tom mais baixo.
Os olhos de Sakura se arregalaram em entendimento.
_ Todas? _ perguntou incrédula.
_ 175, até agora; fora as 55 mortes, e as 30 moças que consegui salvar, todas com o mesmo perfil.
_ Isso não parece natural. _ disse Sakura ecoando os pensamentos de Sasuke.
E se não era natural, alguma coisa estava causando aquela praga. E ele iria descobrir o que era. Ou quem.
Voltei! Siiiiiiim, voltei! Hoje consegui escrever mais 2 capítulos, então não ficaremos mais tanto tempo sem atualização. Yay!
Peço mil milhões de perdões pela demora, eu tenho acompanhado seus comentários, e eles realmente me fazem sentir vontade de continuar, mesmo quando quero desistir. Muito obrigada por lerem minha história, por esperarem por ela, e por terem paciência comigo.
Até a próxima cerejinhas 🌸🌸🌸
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Restauração
FanficSasuke retorna à Konoha depois de quase três anos da sua partida. Seu coração embalado em nostalgia depara-se com um sentimento quente e inteligível que agora ele está disposto a deixar vir à tona. Mas será que seus amigos estão dispostos a aceita-l...