E se você namorasse Bailey May?

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S/n: o que você acha? Eu gostei
Bruce Bennett: Ah, tá linda.

Estou experimentando um vestido de baile para a festa que vamos dar em Atlanta no final de semana. Todo final de ano temos uma festa de gala a ir, seja dos amigos de mamãe, seja dos empresários amigos de papai.
Eu e meu irmão saímos hoje para fazer compras e trouxemos tudo para o hospital, já que estava atrasada para meus exames. Estamos no meu quarto hospitalar e há roupas por todo o quarto.
De repente, doutora Clark entra

Dra.Clark: S/n, já foi no jardim hoje?
S/n: hoje não preciso doutora, fomos às compras, já tive ar livre hoje.
Dra.Clark: por isso mesmo, a fumaça da cidade não fazem bem para seus pulmões. S/n, preciso lembrar-lhe que todo cuidado é pouco? Você não pode se descuidar e-
S/n: tudo bem, tudo bem. Nós estamos indo. Ah, doutora... tenho permissão para ir dormir em casa hoje?
Dra.Clark: hoje não, vamos fazer plantão e estou marcando alguns exames para as 22:00, e você já vai passar o final de semana inteira fora. Se quiser seu irmão tem permissão para dormir aqui.
Bruce: aah irmãzinha, veja pelo lado bom. -fala colocando seu braço em volta do meu pescoço- e você se livra das paranóias da mamãe
S/n: tem razão -e rimos, juntos.

Eu e Bruce sempre fomos isso, uma dupla mais que perfeita. Sou 1 ano mais velha que Bruce, o que faz com que ele tenha 15.
Bruce me entende. E cuida de mim, as vezes muito mais que papai.

Chegando no jardim, uma pessoa conhecida vem até mim.
S/n: você não desiste, né?
Bailey: claro que não, gosto de irritar você -ele solta uma risadinha boa
S/n: haha, muito engraçado. Já parou para pensar que você é o único?
Bailey: nossa, nunca tinha pensado nisso. Oi, sou Bailey -fala estendendo a mão à Bruce
Bruce: Oi, Bruce Bennett, irmão dela.
Não liga, ela é chata assim mesmo mas com o tempo ela cede.
Bailey: ah, ela é fofinha assim... e então cara, a gente tá jogando futebol, quer vir?
-Bruce olha pra mim e fala: "ah, porque não?", e então ele vai com Bailey, sem me deixar protestar.

Sento-me em um banco de madeira e fico observando eles jogarem.
Na última semana Bailey tem se mostrado bem interessado em se tornar meu amigo. Ele fica a meu lado enquanto fico no jardim, às vezes sem pronunciar uma única palavra, talvez porque eu corte ele todas as vezes que ele tente falar algo.
Ok, eu estou sendo mal-educada? Estou sim, Mas é para o bem dele           

               FLASHBACK ON
         ~~~~~~~~~~~~~~~~~
S/n: não, não pode ser -fala com lágrimas nos olhos.- ELE NÃO PODE TER MORRIDO
Kylie: eu sinto muito querida -A garota me abraça firmemente enquanto lágrimas caem de meus olhos nos cabelos escuros.
S/n: eu não aguento mais, não aguento mais. Parte de mim morreu junto Kylie, eu não aguento mais.
Kylie: shiii, Eu entendo querida. E tá tudo bem, vai ficar tudo bem, eu prometo.

            FLASHBACK OFF
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Mas não ficou, e parte de mim ainda continua no limbo. Com essa, vieram muitas outras e antes dela existiram perdas também. Mas foi nesse momento que eu decidi que ninguém mais iria sofrer pela minha morte, eu já estava acostumada com a ideia de morte, mas não com a ideia de deixar meus familiares e amigos sofrendo por um tempo. Ninguém mais entra na minha vida, apenas saem.
E é uma pena que Bailey se esforce justamente comigo, que sou um caso perdido.

Bailey: no que está pensando? -o garoto suado vem até mim e senta ao meu lado no banco
S/n: em como é injusto a vida. Deveríamos estar lá fora, saudáveis e felizes. Se as coisas fossem diferentes, eu até pensaria em te dar uma chance.
Bailey: Eu entendo, penso nisso também. A ordem deveria ser clara, você vem ao mundo, envelhece e morre.
S/n: é... mas acho que seria fácil demais -nos olhamos e rimos juntos.- você ainda tem esperanças?
Bailey: tenho, algumas. Às vezes eu acordo de madrugada e venho aqui fora...
S/n: e o que faz?
Bailey: Eu rezo. Eu não sou o tipo de homem que acredita muito em Deus, mas adoro pensar que ele está lá, ouvindo e olhando por nós
S/n: e o que você pede?
Bailey: a cura, não só pra mim. Rezo por todos vocês também
S/n: somos tão importantes pra você? Importantes ao ponto de você rezar?
Bailey: ah, você reza por cachorrinhos. Vocês são os meus, os meus cachorrinhos
S/n: ah, mas eles são indefesos e tem muita gente ruim lá fora... pera aí, como você sabe que eu rezo por cachorrinhos?
Bailey: estava voltando dos meus exames esses dias e passei pelo seu quarto. Você não tem medo de que as velas caiam e o hospital pegue fogo?
S/n: nunca tinha pensado nisso...
e ficamos em silêncio por alguns minutos, até que Bailey o quebra com uma pergunta:
Bailey: e você? Ainda tem esperanças?
S/n: acho que não...
Bailey: por que?
S/n: -dou de ombros- acho que eles tentaram por muitos anos, talvez não exista cura...
Bailey: mas a medicina avança todos os dias, talvez consigam... mas afinal, o que você tem?
S/n: uma bactéria. Quando eu tinha 5 anos ela chegou no meu pulmão, ou alguma coisa assim. Eu não entendo muito bem, só sei que é rara. Desde esse dia os médicos fazem de tudo para que não chegue no meu coração, faço drenagens toda semana. Mas sabe, não vamos poder evitar para sempre, uma hora ela chega lá e eu vou morrer...
Bailey: mas não tem nenhuma chance?
S/n: não, os médicos nunca foram otimistas. No começo eles tentavam, não queriam chatear meus pais -solto um riso frouxo- puxa sacos.
Bailey: deve doer
S/n: e dói. As drenagens são horríveis, acordo e meu coração parece que se partiu. Mas sabe o que é pior?
Bailey: o que?
S/n: saber que vão sofrer quando eu me for. Sabe, eu não tenho medo da morte, não por mim. É que já sofri muito com perdas, principalmente porque eu nasci e me criei no hospital sabe? Tem pessoas morrendo a minha volta o tempo todo...
Bailey: então é por isso que você não quer se aproximar de mim? Tem medo de me fazer sofrer?
S/n: é... mas não fique se achando
Bailey: tudo bem -e ele não consegue tirar o sorriso da cara pelo resto do dia.

E foi aí que uma linda história de amor começou... duas pessoas, compartilhando da mesma dor, e uma conversa boa no pátio do hospital.