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FLASHBACK ON
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S/n: então, vamos nos mudar?
Arnold: É, receio que sim. Estamos no melhor momento, se não formos agora vamos perder a oportunidade.
S/n: mas pai, Los Angeles? California?
Arnold: Eu prometo que será divertido filha, e você ficará em um dos melhores hospitais do país. Veja pelo lado bom!
S/n: que lado bom? Não existe lado bom nisso pai! Eu vou acabar morrendo, não vou mentir e dizer para o senhor que adoro hospitais, porque não adoro! Se fosse para morrer amanhã, eu estaria em casa, que é meu lugar preferido no mundo. Vou morrer de qualquer forma, me deixe ficar onde eu quero. -é isso que deveria ter falado, mas não foi isso que falei.
S/n: tudo bem então, vou arrumar as malas.
Arnold: Você não pode fazer esforço, deixe que as empregadas fazem isso por você. Descanse querida, iremos dar um jeito, você vai ver.
E então ele se foi.

Amélia: você contou a verdade? -minha esposa se encontrava no sofá da sala principal com um vestido estranhamente branco, provavelmente novo. O dia estava nublado e todas as janelas da sala fechadas, deixando o ambiente com um ar obscuro.
Arnold: não, ela pensa que temos negócios a tratar. -falei enquanto enchia um copo com whiskey.
Amélia: humpf, na Califórnia. Nós dois sabemos o que a Califórnia tem a oferecer -falou praticamente rosnando
Arnold: é Amélia, nós sabemos.

Mal sabiam meus queridos pais que, atrás de uma das portas, Bruce Bennett, meu irmão mais novo, ouvia com atenção o diálogo.

FLASHBACK OFF
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Dra. Clark: você deveria sair, está um belo dia lá fora.
S/n: obrigada, mas não estou muito afim
Dra. Clark: s/n, tenho sido bem compreensiva, mas tenho ordens para que sua estadia aqui seja a melhor possível. O seu organismo precisa de ar fresco, e é isso que recomendarei a você. -Dra.Clark evitava termos médicos comigo, apesar de eu já estar acostumada.
Com essa "recomendação", que está mais para uma ordem disfarçada, resolvi sair do meu quarto e dar uma volta pelo jardim.
O dia realmente está lindo e o jardim está lotado. Há pássaros cantado e o gramado tem um tom de verde forte.

Me aconcheguei ao pé de uma árvore e senti a briza bater em minha face, e como é bom. Abri meu livro de "a culpa é das estrelas" pela milésima vez e encarei as páginas rabiscadas com todos os meus pensamentos, logo depois levantei a vista e pude ver todos os detalhes que compõem aquele cenário.
Uma senhora sentada em um banco de madeira dando o que comer aos pássaros. Um garoto jogando futebol com alguns velhinhos. Uma menina com um respirador dando a volta ao gramado.
Passados alguns minutos, resolvi dar uma volta pelo hospital e acabei parando no berçário.
Olhava para as pequenas criaturas a minha frente e só o que conseguia pensar é no quanto tinham sorte por não ter sempre um respirador enfiado no nariz.
De repente alguém se aproxima e vejo o mesmo garoto do jardim, desta vez desacompanhado.

Bailey: é lindo não é? O milagre da vida.
S/n: é...
Bailey: eu me chamo Bailey, e você?
S/n: S/n, s/n Bennett
Bailey: tem um mês que percebo que você está aqui, não é comum ter gente nova... você está sempre na janela, lendo um livro e nunca olha pra baixo. Não se preocupe, ok? Não sou um stalker maluco -solta uma risadinha- o que você faz aqui?
S/n: olha, Bailey, certo?
Bailey: é
S/n: eu vou te poupar de qualquer contato que você for tentar fazer comigo, será tudo em vão. Eu não estou aqui para fazer amizades, na verdade, é o que menos quero. Me desculpe se fui grossa, mas já vou indo.
Bailey: mas... ah.. espera. -fala enquanto estou virando o corredor rumo a minha ala. Quando percebo, o garoto está ao meu lado balbuciando algumas coisas que não estou muito interessada em ouvir.
Bailey: ...então, você sabe. Não tem muita gente da minha idade que passe pelas mesmas coisas que eu, e é difícil. Por isso é importante pra mim ser seu amigo, principalmente porque me parece que você também precisa disso... e eu-
S/n: olha garoto, eu não fui clara? Não quero ter amizades, não estou aqui para amizades! Já é ruim o suficiente você saber que vai morrer, não quero mais ninguém envolvido nessa loucura que é minha vida. Vê se me larga de mão. -dito isso, entrei em meu quarto e tranquei a porta por dentro.
Eu sei que posso ter sido dura, chata e mimada, mas não posso contar nos dedos as pessoas que estão verdadeiramente ligadas a mim e já é duro demais saber que a causa do seu sofrimento vai ser a mesma que acaba com o meu, não quero que pessoas inocentes se envolvam nessa loucura. Em minha vida, passei por muitos hospitais e eu realmente sei como é perder alguém, e prometo que vou fazer as coisas serem diferentes neste hospital.
Não aceito perder mais ninguém, desculpe Bailey, você parece legal.

E se você namorasse Bailey May? Onde histórias criam vida. Descubra agora