I· O Que Vocês Querem De Mim?

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Desde pequena, todos sempre esperam muito de mim. Por ser filha única, menina e ainda ter um pai famoso, ter postura era tudo o que eu precisava fazer.

Eu não era a típica garota perfeita, longe disso na verdade, era apenas uma garota normal, sem mãe ou irmãos, com apenas um pai e dinheiro de sobra.

Moro em New City Hills* desde que eu nasci, mas já viajei para fora com meus pais algumas vezes, nos dávamos muito bem, por ser apenas eu e ele. Sempre desabafava com ele, afinal, foi tudo o que me restou.

Meu pai não namora, ou é casado. Depois da minha mãe ele diz só querer curtir sua filha, e trabalhar em paz — ele é treinador do Buffalo Bandits*, time de futebol americano daqui, ele era jogador mais depois de se acidentar em campo, decidiu apenas treinar ao invés de jogar.

Mas não estou reclamando, não. Amava a atenção que recebia do meu pai e amava ainda mais quando ele me chamava de Am*, eu era e sempre seria sua princesinha pelo resto da minha fatídica vidinha.

Posso me contentar com isso, pois é uma honra ser filha de um cara tão carinhoso e incrível como ele. Eu queria ter mais, mas estou contente com o que tenho.

Espero que a imprensa não descubra sobre a doença, apesar de ser uma cidade de 15 mil habitantes, New Hills City não tinha tantos acontecimentos para relatar, então qualquer tipo de coisa que acontecia era relatada.

Mas apesar de tudo eu gosto daqui, gosto da vista, do clima, da calmaria. Era um bom lugar para morar.

💝

Era isso o que eu temia, essa pressão, os olhares, os julgamentos, as perguntas. Tudo me sufocava de uma forma inimaginável, como se tivessem dado um nó na minha garganta, impedindo de respirar normalmente.

Eu odiava a sensação de sair do controle, as mãos soadas, tremendo; os olhos lacrimejando; a visão turva; os soluços cortantes, tudo, eu odiava cada parte de ter uma crise de pânico.

Ninguém sabia delas, eu tinha que ser a garota perfeita, uma excelente filha e aluna, eu tinha que ser excelente em tudo o que eu fazia e essa cobrança diária me sufocava, mas ninguém poderia saber.

Sai da multidão, não indo até a sala, mas sim para as arquibancadas do campo de futebol americano, que eu sabia a essa hora estar vazio. Agradeci por isso.

Estava frio e um vendi forte soprava, bagunçando meu cabelo, puxei a manga do moletom para baixo e ergui a cabeça, deixando o vento bater contra meu rosto, trazendo a sensação de paz.

Eu sempre preferi o frio do que o calor, gostava da sensação das roupas quentinhas e ainda mais por causa do filme Frozen, meu preferido. As lágrimas estavam geladas, devido a queda da temperatura, mas eu não me importei.

Trouxe minhas pernas contra o peito e abracei os joelhos, chorando alto, eu estava sozinha e ninguém poderia me ouvir. Ninguém estaria ali para mim.

Me levantei e corri até o meio do campo.

Inferno! — gritei para o nada, sentindo minha garganta se apertar, cai de joelhos ali no meio mesmo e ainda gritando, perguntei: — O que querem de mim?

Uma pergunta sem resposta, eu não sabia e nunca saberia o que as pessoas queriam de mim, talvez uma filha perfeita? Uma pessoa perfeita? Eu nunca seria assim! Porque não entendem?

Senti uma presença ao meu lado, a pessoa me trouxe em direção ao seu peito, me dando um abraço reconfortante e acariciando meu cabelo, sussurrando que tudo ficaria bem.

A grama estava seca, estávamos eu e um estranho ajoelhados e abraçados, sendo ligados por uma linha imaginária.

— Pode desabar agora. Você não está sozinha. — ele falou e eu me senti protegida dentro do seu abraço, como se estar ali tirasse o fato do mundo ser uma verdadeira merda.

💝

Depois do episódio no campo, estávamos eu e Axel, o garoto que me ajudou, em uma cafeteria perto do condomínio onde eu morava. Sentados em uma mesa perto da jukebox e ouvindo uma música qualquer tocar, enquanto tomávamos chocolate quente.

Seu nariz estava vermelho por conta do frio, sua pele era branca, mas um pouco bronzeada, seu cabelo era preto e desgrenhado, seus olhos eram castanhos com algumas pintinhas verdes, com leves bolsas abaixo deles.

Ele era alto e atlético, já tinha ouvido falar dele, era jogador de futebol americano mais não era o capitão. Pude perceber pelo canto do olho que ele me analisava e dei um breve sorriso.

— Certeza que está bem? — ele perguntou, enquanto caminhavamos em direção ao meu condomínio, ele estava a pouco mais de dois passos distantes de mim, ao meu lado.

— Apenas pensando. — respondi e ele concordou, ele era atencioso e era bom, o que é difícil de encontrar nas pessoas hoje em dia.

— Entendo. Deve ser difícil aceitar esse fato, eu em seu lugar estaria pirando. Você é muito forte. — ele confessou, enquanto uma covinha aparecia na sua bochecha esquerda.

— Não sou forte, queria ser, mas infelizmente não sou. — dei de ombros abaixando o olhar e observando meus coturnos marrons.

Ele ficou em silêncio e logo chegamos, suas mãos estavam dentro do bolso do seu moletom preto e ele me observava atentamente. Empurrei meu óculos para trás e coloquei meu cabelo atrás da orelha, sorri para ele que devolveu o sorriso.

— Nos esbarramos por aí? — ele perguntou com a sombra de um sorriso.

— Nos esbarramos por ai. — confirmei e virei as costas entrando em casa.

— Rapaz bonito. — papai comenta rindo enquanto estava sentado no chão, suas pernas cruzadas como as de um índio e, na mesa de centro vários papéis com estatísticas de jogos.

— Não comece senhor Michell Becker. — cruzei os braços e ele riu como uma criança que havia sido pega em uma traquinagem.

Era por isso que eu o amava.

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Ps: New Hills City significa cidade nova colina, ela foi fundada em 1869 pelo norte-americano Samuell Hostisy. A cidade ganhou esse nome pelas várias colinas que a cercavam, dando um ar frio e formando uma linda paisagem natural.

Ps²: Am é uma referência do filme "Alice no país das maravilhas".

Ps³: Buffalo Bandits é um time de futebol americano criado especialmente por mim, uma das pessoas que jogam nele é o primo mais velho de Am.

Enfim, até o próximo capítulo💞

Sete Coisas Para Amar Em Axel JohnsonOnde histórias criam vida. Descubra agora