7- Farfh

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Deusa Que Cavalga,

Gire ao redor de mim!

Pelas suas ferraduras fui criado,

O Mal está debaixo dos seus cascos,

Mas seus arteiros voam por aí...

Senhora do Ocidente,

Guardiã das Almas de Cá,

O Colar do Mundo está sobre o Teu Seio,

E nada pode nos tocar,

Porque Tú, Ó Diva Minha,

É Mãe.

É Mar.

É Vento.

É Terra.

É Ar...

O Sol e a Lua dançam em Suas mãos,

Malabarista do Tempo,

O Divã dos Divãs é o Teu reino

E é nele que eu quero me deitar...


Trecho da Gira do Crepúsculo, Oração para o nascer e pôr do sol.






Ajoelhado em frente ao divã de ouro, o acólito pedia à deusa pela milésima vez para nascer de novo.

Ser parecido com um homem não fazia dele um humano. Sabia que em breve seus olhos castanhos poderiam mudar de cor; e que seus cabelos castanhos poderiam cair ou ficar completamente brancos, como acontecia com a maioria dos que, assim como ele, passavam por aquela espécie de evolução contrária. O que ele mais temia era a transformação de seu corpo, pois o ouromáximo deformava todo aquele que não tivesse asas para conter seu poder. Ele corre através do meu sangue, procurando asas que eu jamais terei.

Farfh ainda se lembrava da noite em que o Cavaleiro Sublime o encontrara. Feid Ocraiow liderava uma busca por Asas da Magia que haviam se refugiado em uma aldeia perto da Praia do Viturno, ao leste de Balehrim. Os Cavaleiros de Diva haviam sido treinados para caçar os descendentes das principais escuderias entre os padholecks, e os enviavam para Cuenmaluh. Mas o que acontecera em Vitar poucos ficaram sabendo. Dois Mortynikhs, Dankh e Olibeth, escondiam um menino de onze anos, fruto de dois ulfhos de uma Escuderia importante, e que portava todo o poder das asas daquela linhagem. É só para isso que existo, carregar a magia de uma dinastia inteira, e que ainda pode reclamar seu poder.

Quando os Cavaleiros de Diva chegaram ao esconderijo das Asas, Farfh já havia matado todos que o protegiam. A força do ouromáximo em suas veias não podia ser controlada, mas Feid o encontrara primeiro e lhe prometera uma vida normal no Grande Divã do Norte. Então, ele lhe ensinara algumas palavras para repetir sempre que seu poder ficasse fora de controle. Foi assim que se tornou um acólito, e teve a chance de ter uma vida mais longa do que a maioria dos fhoks que foram encontrados antes dele. Não era fácil matá-los, e por isso muitos eram vendidos a preços exorbitantes para servir de atração do outro lado do mar, ou até mesmo em Kusbalca.

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