Em 31 de Julho do Ano 50 do Vôo das Coroas, o Tratado Verde foi desfeito. Mas o mundo continuou bebendo o tinto sangrento de Condiabo depois disso, e suas jaulas continuam lotadas.
A Manifestação das Manoplas, por Acasto da Guívvia.
As pontas de seus dedos latejavam, mas o buraco na testa finalmente havia cicatrizado.
Sabia que aquilo não era normal. Suas orações haviam sido suficientes para conter o desejo de provar todo o prazer além da dor que gostava de sentir, e a sensação de que seu corpo estava mudando sem fazer nenhum esforço para aquilo acontecer. Agora, elas já não significavam mais nada para Farfh.
Chorava pelos inocentes todas as noites. Tobert, Lawder e Henger eram maus, mas os homens no refeitório não haviam feito nada para merecê-lo. Com certeza não eram bons, mas eram homens tentando buscar um sentido para tudo que estavam vivendo, assim como ele.
Alguém poderia ter sobrevivido a você, fhok? Era a pergunta que o atormentava.
O poço em que o aprisionaram era como todos os outros. Aquelas celas haviam sido projetadas para prisioneiros que tivessem mais do que culpa nas costas, com uma única jaula presa a uma manivela do lado de fora do poço. Era assim que se entrava, e foi assim que o tiraram de lá.
A dor em seus dedos se tornou excruciante. A torre em volta do poço tinha alguns archotes com o fogo verde dos piromantes de Ghur. Condiabo não era apenas uma prisão, mas o lar dos alquimistas que ajudaram na guerra contra as últimas Asas da Magia, e ficava ao sul de Balehrim. Todas as manhãs, deixavam a jaula suspensa para que não derramasse suas fezes e sua urina no fundo do poço, e jogavam água nela. Aquele também era seu único banho. Mas, quando as correntes o puxaram para cima, Farfh percebeu que ainda estava escuro, mais escuro do que pensava que estaria. Olhos de todas as cores o encaravam; escuras eram as asas em suas costas e a energia que pairava sobre o ambiente. Sinto a magia que eles não são mais capazes de sentir.
— Vocês vão me matar?— Farfh abraçou o próprio corpo para tentar não deixar a magia correr.
— Ninguém vai machucar você.— Disse o único Pena Negra em frente à porta de ferro, retirando a franja amarela que cobria seus olhos azuis com a mão.— Pedriel é como meus irmãos de vôo me chamam. Você deve ser o Irmão Farfh, não é?
— Me deixe ficar aqui, Pedriel.— Disse Farfh, tremendo de frio.— Não por mim, mas por vocês.
Foi difícil para ele não deixar as lágrimas correrem. Afinal, Asas da Magia tentaram escondê-lo em Vitar e morreram. O Cavaleiro Sublime tentou escondê-lo no Grande Divã e morrera; não por suas mãos, mas ele sabia que era Feid Ocraiow quem ocultava seu poder, e agora dezenas de pessoas haviam sido mortas por pensar que poderia impedir uma força tão poderosa como aquela de correr.
— Não há o que temer quando o temor é tudo que se tem.— Disse o Pena negra.— Ah, essa frase ficou horrível!
— O bom caçador teme a caça, é isso que está tentando dizer?— Disse Farfh.— Você é um caça-magia, e está aqui por minha causa, não está?
— Estou aqui pra te ajudar, Irmão Farfh.
— Ninguém pode impedí-lo de correr.
— Eu posso!
— Se o ouromáximo for despertado, só vai parar de correr quando não estiver ameaçado. Caçamagias o ameaçam desde que aprenderam a destilá-lo. Sei que está apenas cumprindo ordens, mas eu imploro que fique longe de mim!
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O Vôo da Libertação
FantasiSérie Asas da Magia- Livro Um Degustação de 14 capítulos. Houve um tempo em que todos os seres de Volethia sonhavam com o Vôo Dourado, quando finalmente evoluiriam e criariam asas. Suas carreiras mágicas podiam ser herdadas, e diversas Escuderias fo...