Prólogo

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POV. Autora

Christian recolhia todos os seus objetos pessoais que estavam, agora, em sua antiga mesa, colocando-os dentro de duas caixas médias de papelão, separadas exatamente para aquilo. Era estranho para ele, ver aquele canto geralmente sujo e desorganizado com comida e papéis, limpo. Enquanto ele terminava de transferir as pastas e documentos para a última caixa com espaço, Mason se sentou com tudo em sua cadeira velha de rodinhas, em frente a sua própria mesa, já organizada. Ele comia avidamente salgadinhos de queijos baratos que vendiam na loja de conivência do outro lado da rua.

Mason e Christian eram amigos e parceiros desde que entraram e faziam parte do Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos da América, mas conhecido com FBI, o que eram alguns anos de amizade. Eles subiram muito no seu setor desde que se conheceram, Christian sendo reconhecido por sua agilidade e habilidade em colocar seu parceiro de lutar no chão em poucos minutos, e Mason por ter memória fotográfica excelente e saber lidar bem com qualquer tecnologia, não que parece-se.

- Você demora muito. - acusa. - Não sabia que já tinha envelhecido. - murmura Mason de boca cheia. - Eu terminei de arrumar as minhas coisas a séculos, e você aí, parecendo aquelas velhinhas que ajudamos a passar na rua. - ele zomba, apontando o dedo amarelado e gorduroso, destacando a sua pele negra.

Christian revira os olhos em descaso, ignorando os comentários desnecessários. Os dois estavam sendo transferidos temporariamente para o México, assim como várias outras duplas, em uma missão especial. Eles já estavam acostumados a viajar a trabalho, mas não sozinhos, e por vários meses em outro país, então estavam um pouco preocupados com toda aquela situação. Claro, teriam ajuda necessária de pessoas infiltradas e associadas a missão que receberam, mas não deixaram de ficar nervosos com isso.

- Eu não estou demorando. - Chris tentou. - Você que é um puta de um apressado. - falou, finalmente terminando sua tarefa.

- Eu tenho ansiedade. Não me culpe, é uma reação natural. - Mason se defendeu. - Além disso... Fico agitado todas as vezes que vou viajar de avião. - ele estremeceu na cadeira. - Como demais, é provável que eu ganhei mais peso, somente nesses últimos dias. -

- Ah. Não me venha com essa, você praticamente come tudo o que ver pela... - Christian foi interrompido pela silhueta feminina de Olive, que apareceu na sua frente de uma hora para outra.

A secretária, uma mulher jovem com cabelos e olhos castanhos chamativos, chamada Olive, constantemente vinha até aquele ponto do sétimo andar do prédio do FBI, para entregar alguma correspondência urgente ou importante, ou simplesmente para jogar conversa fora. Mas praticamente o departamento inteiro sabia da sua grande queda pelo Christian, na verdade, Olive não lutava muito para esconder os seus sentimentos, sempre agarrando o braço dele, ou beijando sua bochecha o máximo que podia. Parte da culpa foi de Chris, eles tiveram uma rapidinha no banheiro, na festa de ano novo, ficaram bêbados e excitados, e encontraram alívio um no outro. Isso fazia meses, e ele nem lembrava mais como tinha chegado em casa naquela noite, muito menos do que tinha acontecido no banheiro.

Da última vez que Olive esteve ali, no dia anterior, foi para avisar que ele e Mason teria uma reunião de última hora com o seu chefe. E bom, agora eles estavam a caminho do México. Chris morava em um pequeno apartamento de solteiro no Brooklyn, em cima de um comércio velho e caindo aos pedaços, que vendia um hambúrguer horrível, mas que o quarteirão inteiro não evitava em comprar, também era o jantar de Christian todas as quintas-feiras. Ele gostava de se sentar nas escadarias enquanto comia o sanduíche, observando as crianças brincarem na rua.

Ele nascera a três ou quatro ruas de onde morava atualmente. Seus pais, de classificação Neutra, tinham morrido a pouco mais de 7 anos atrás. Eles eram gentis, carinhosos e compreensivos com sua mania de ajudar as outras pessoas. A maioria das vezes, quando Chris tentava ajudar, acabava em uma grande encrenca, mas continuava tentando, porque ele gostava da sensação. Desde que fizera 6 anos de idade, seus familiares tinham certeza de qual seria a sua classificação. Não era normal, uma criança pequena está monitorando a comida de outra criança ou até mesmo adolescente, ou ficar analisando os bebês mamarem, ou querer colocar a todo custo no colo, quando um deles choravam. Suas ações diziam bastante sobre o seu futuro.

Com o tempo, todos foram se acostumando, ao ponto que quando chegou a carta da SATMA, sobre a sua classificação, ninguém se surpreendeu, por Christian ser Guardião. Mas ficaram abismados que após 10 anos, nenhuma outra carta sobre o paradeiro do seu parceiro tenha chegado.

Porém, de alguma forma, quando Olive parou quase em frente a Christian, com uma grande carranca no rosto, ele sabia. Aquele era o momento. Ele enfim, tinha ao menos uma pista de quem era o seu Little, sendo ele ou ela. Olive franziu os lábios da boca em uma linha reta, com a tamanha força que fazia neles, enquanto levantava a mão, estendendo uma carta azul marinho brilhosa em sua direção, a marca da SATMA estampada no meio.

Mason ainda na cadeira, se engasgou com a comida assim que viu o papel na mão da secretária. Um Guardião e um Little, só recebiam duas cartas na vida inteira, que era de grande importância. Uma sobre a classificação, sendo a primeira a chegar, e a outra sobre o seu parceiro ideal. Como Neutro, Mason não fazia ideia do que seu melhor amigo sentia agora, ele era divorciado a quatro anos, e tinha uma filha de 7 anos, que coincidentemente, tinha nascido no mesmo dia que os pais de Christian tinham morrido. Ele não tinha noção da sensação que era estar "casado" e ao mesmo tempo ter um "filho" ou "filha".

Christian pegou a carta com as mãos trêmulas, o mais rápido que pode, ignorando o olhar fumegante de seus amigos em cima dele. Sem ter mais nada para fazer ali, Olive rosnou, dando meia-volta batendo os seus saltos pelo chão frio de mármore do departamento, desaparecendo pelo corredor.

- Dude. - Mason arfou. - Talvez seja melhor você sentar. - comentou com pressa, vendo Chris perder a cor, adquirindo um tom pálido e sem vida.

Chris não esperou muito, se sentando com pesar em sua própria cadeira de couro, ela se movendo alguns centímetros por causa do movimento bruto. Ele achava que sua respiração estava ficando pesada e ofegante desde que Olive mostrará a carta, porque assim que se sentou, soltou um suspiro alto e desesperado. Seus olhos estavam embaraçados, e seus dedos tremiam de antecipação, que já estavam brancos. Christian chegou finalmente a conclusão que não conseguiria ler, então subiu o seu olhar para Mason que estremeceu, se livrando dos salgadinhos, e limpando as mãos, sabendo o que estava por vim.

- Você pode... - pediu Christian, acenando para a carta.

- Claro, cara. - Mason aceitou. Ele se debruçou por cima das mesas, puxando a carta de uma vez, não deixando que Christian processa-se o que tinha acabado de fazer para começar a falar. - Caro, senhor Christian Kevin Black. - leu. - Seu nome do meio é Kevin? - ele indagou surpreso, mas continuou. - Gostaríamos de informar ao senhor que seu parceiro ideal, Gael Alejandro Wright, finalmente fez seu exame de classificação da SATMA, Sistema de Alta Tecnologia Mundial Avançada. Também gostaríamos de informar onde pode encontra-lo, XXXXXXXXX no México. Seu parceiro, atualmente completou 18 anos de idade, ontem, no dia 24/04/2020. Sentimos muito pela demora ou qualquer outra inconveniência. - suspirou. - Atenciosamente, SATMA. -

Mason murmurou algo inadiável, dobrando o papel logo depois de terminar de falar, deixando a carta na mesa do Chris. O Sistema geralmente gostava de enviar poucas palavras em seus avisos, sendo mais eficaz, já que ele trabalhavam para toda a população da terra, desde que as pessoas fizessem o exame de sangue.

- Pelo menos... - Mason falou alto, como ser não tivesse filtro entre sua boca e cérebro. -O seu parceiro vive no mesmo lugar que vamos ficar meses. Quanto poderia ser a probabilidade dessa consequência? - perguntou.

- Eh. - respondeu Christian.

Não era como ser ele não gostasse da ideia, na verdade, bem lá no fundo, sua mente já se preparava e planejava um quarto imenso com cores neutras e azuis, alguns tons de rosa, se seu Little gostasse desse tipo de coisa. Porém, foram tantos anos sem realmente ter uma confirmação que seria Daddy. Ele já tinha 38 anos, pelo amor de Deus, era normal que tivesse perdido a esperança, a maioria achava o parceiro em menos de 9 ou 10 anos, não depois de 20 anos.

Ele não via a hora de colocar um certo alguém, que nunca seque tinha posto os olhos, no colo e amamenta-lo por horas. .

- Eh. - repetiu Christian, dessa vez com certo entusiasmo.

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