Capítulo 2

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POV. Gael

Horas antes

Gael não sabia ao certo exatamente qual era a hora que ele tinha acordado hoje, ele odiava despertadores ou qualquer tipo de relógio, então isso estava dispensado, como também não gostava que entrassem no seu quarto. Ele não tinha muita opção além de intercalar entre acordar cedo ou acordar tarde. O quarto dele era escuro, em tons pretos e azuis, e as janelas viviam fechadas juntamente com as cortinas grossas e pesadas, mandadas do Oriente Médio, não tinha como ele saber a posição do sol, porque deixava-o de mau humor de manhã.

Ele não se importava de quase não ver por onde estava andando no quarto, já que estava acostumado a ficar dentro de lugares fechados e abafados, sendo eles grandes ou pequenos. Na maior parte da infância, Gael passava dentro de galpões e porões, mesmo que a casa dele fosse uma enorme mansão, mas seria uma grande burrice levar o "trabalho" para um lugar de família na parte mais rica da Cidade do México. Seu pai achava necessário que ele aprende-se sobre o negócio da família o quanto antes, justificando que ele também tinha começado cedo e já tinha colocado milhões de dólares e pesos mexicanos na conta do Banco, mais do que qualquer chefe anterior.

No entanto, o plano do pai de Gael não fluío totalmente como o planejando, claro que ele tinha aprendido tudo que precisava desde dos três anos de idade, sobre armas, táticas de ataque e combate, dor, e a sobreviver somente com uma faca em uma ilha deserta. Mas cresce repleto de fumaça e droga, e pessoas que não se importavam de fumar na frente de crianças ou mulheres grávidas, era de se adivinhar facilmente que o indivíduo iria ficar doente como ele.

Gael suspirou alto, saindo calmamente da cama, se espreguiçando, e percebendo com uma carranca que tantos os seus braços como pernas estavam doloridos e avermelhados, demostrando o que aconteceria em algum tempo. Normalmente - a medida que Gael envelhecia - uma crise demorava para chegar, até mesmo meses. Ele resolveu ignorar, seguindo para o banheiro acoplado ao seu quarto, sentindo o chão frio que ar-condicionado proporcionava aos seus dedos dos pés. Sem perceber, enquanto ajustada a temperatura do chuveiro, ele começou a bater lentamente os lábios, um gesto que vinha fazendo com frequência desde que completou a maior idade. Grunhido, ele forçou-se a concentrar no banho e em escovar os dentes.

Gael escolheu uma roupa aleatória do seu closet, uma camiseta cinza com capuz e sem mangas, e uma bermuda jeans apertada, com alguns rasgos. Ele se certificou de que a sua máscara com um sorriso de caveira na frente estivesse limpa antes de colocar. Ele costumava usualmente usar ela fora do quarto, por causa do ar poluído que pairava pela cidade e por sua casa constantemente cheirar a cigarro.

Ele se aproximou do criado-mudo a direita da cama, pegando o seu celular para verificar as mensagens, vendo as cartas azuladas da SATMA pousando ao lado. Não que Gael fosse confessar, mas ele não tinha tido coragem de abri-las desde que chegaram. As duas vieram juntas, significando que ele tinha um parceiro, possivelmente mais velho, ou seja, ele não era um Neutro - o que era bom e satisfatório - deixando 50% de chance para as outras duas alternativas restantes.

Sua sorte - não que ele gostaria que esse fosse o resultado - era que os seus pais aceitavam muito bem os Littles, não tendo qualquer tipo de preconceito com a classificação. O seu pai achava que uma imagem forte como a de um Guardião era sempre melhor para controlar um grupo, onde se encontrava caras grandões e tatuados até a goela, fodidos com drogas e nada mais, porém as mulheres traziam o poder que nenhum dos homens conseguiam, agindo com delicadeza apesar da fera que elas carregavam dentro de si, então um Pequeno na liderança, faria uma grande diferença no mundo do crime, sendo favorável para eles e os seus negócios.

Sua mãe era uma Neutra. A companheira do seu pai - que era um Guardião - faleceu antes mesmo deles se casarem, ninguém sabendo do motivo da sua morte, e como chefe do tráfico mexicano, era da responsabilidade do seu pai, dar continuidade ao legado, de uma maneira ou de outra, não importando se era do próprio sangue ou um órfão.

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