7° Capítulo

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Uma semana havia se passado, todo dia as mesmas coisas, um grupo ficava responsável pela caça e o outro pela proteção do local e busca por madeira. Havia dias que conseguíamos comida, outro que dormíamos com fome, mas por outro lado Marcos já começava a dar os primeiros passos fora da caverna. Havíamos conseguido construir algumas pequenas armadilhas que averiguávamos a cada dois dias, Tamily tinha feito alguns cestos com cipós e seus pés estavam praticamente curados, ela havia feito também algumas bacias com outros cocos de castanhas que encontramos. O dia a dia estava ficando mais fácil, ou estávamos começando a nos acostumar.
Era mais um dia normal, havíamos almoçado alguns peixes que Tamily e Rafaela haviam pego. Tamily e Rafa foram lavar e limpar as vasilhas, Bob foi averiguar as armadilhas, Lucas foi pegar lenha e eu estava arrumando as camas que sempre se desfaziam.
- Vou dar uma volta aqui por perto. Disse Marcos se levantando.
- Tudo bem, só não vá muito longe. Disse a ele voltando ao meu trabalho.
Os minutos foram passando logo Tamily e Rafaela chegaram com as vasilhas limpas, Lucas chegou com os gravetos e Bob chegou com coelhos que seriam nossa janta.
-Cadê o Marcos? Perguntou o Bob enquanto colocava os dois coelhos selvagens em cima de uma pedra.
- Ele disse que ia dar uma volta aqui por perto. Disse amarrando o cabelo.
Continuamos com as atividades normais do dia a dia, colocamos mais lenha na fogueira, limpamos os coelhos e estendemos sua pele, e começamos a conversar. As horas foram passando, já ia dar 15 horas da tarde e Marcos ainda não havia voltado.
-pessoal Marcos está demorando, será que aconteceu alguma coisa? Disse Tamily  enquanto colocava alguns fios loiros para trás da orelha.
- calma ele sempre demora em suas caminhadas. Disse Lucas enquanto raspava um pedaço de osso com sua faca.
- Tudo bem então, mas se ele demorar muito iremos atrás dele. Disse Bob enquanto passava a mão nos cabelos negros e lisos que haviam crescido e estavam sobre seu rosto.
O tempo foi passando e já eram 17 horas da tarde, o sol estava se pondo, decidimos que  iríamos atrás dele.
Cada um pegou uma direção, mas não ficamos tão longe um do outro, se um precisasse de ajuda seria só gritar que em poucos minutos o restante do grupo estaria lá.
Andamos em torno de 45 minutos e escutamos um grito muito forte vindo de Lucas, corremos e quando chegamos vimos o Lucas ajoelhado no chão segurando o corpo de Marcos que estava sem vida todo ensanguentado.
Cheguei mais perto e vi perfeitamente o corpo de Marcos. Ele estava com algumas estacas cravadas em seu corpo, ao ver a cena um forte arrepio passou por todo o corpo como uma corrente elétrica e em seguida senti vontade de vomitar, Tamily e Rafaela logo chegam e se deparam com a cena, Tamily começa a chorar e sai de perto do local.
-Quando cheguei ele já estava aqui, juro eu tentei salvar ele, mas ele já estava morto. Disse Lucas desesperado com a cena.
-tudo bem, precisamos enterrar o corpo. Disse Bob com uma frieza que parecia que ele era o assassino.
E assim foi feito, Bob e Lucas retiraram o corpo de nosso amigo dali e enterraram próximo ao corpo do outro homem que havia sido morto pela Tamily.
Enquanto eles enterravam o corpo do jovem negro voltamos para a caverna, e esperamos eles voltarem. Alguns minutos se passaram e Bob e Lucas chegam, Lucas ainda estava abalado, dava de perceber pelo seu olhar.
- como você o achou? Perguntou Rafaela colocando o casco da tartaruga no fogo para fazer a janta.
- eu estava andando, achei algumas pegadas e segui, quando cheguei encontrei ele com o corpo caído no chão com estacas fincadas em seu peito, os olhos ainda estavam abertos eu que os fechei. Disse Lucas enquanto as lágrimas desciam de seus olhos e molhavam sua camisa.
-chega de perguntas, vamos tomar banho Lucas, você está precisando. Disse Bob já indo rumo a fonte de água dentro da caverna.
Lucas e Bob tomaram um longo banho enquanto a comida ficava pronta, depois dele nós as meninas fomos tomar banho juntas. Voltamos e comemos todos em silêncio, naquela noite não houve conversas e nem risos, foi uma noite triste para todos, uma noite que deixou todos assustados, e principalmente eu que estava começando a superar o último ataque deles.
Era em torno das 7 horas e todos já estavam deitados, exceto eu e Bob que como todos os dias éramos os primeiros a ficar de vigília.
- você foi tão frio lá na floresta, nem parecia que se importava. Disse a Bob enquanto olhava a fogueira.
- Desculpa, aprendi a ser assim na minha residência, e seria pior se eu me desesperasse, mas a verdade é que estou com medo muito medo, acho que não sairemos daqui vivos, tem noites que eu não consigo dormir, sempre sinto medo, não sei que horas eles vão atacar e nem quando....realmente estou com muito medo.
- sei como você se sente. Disse enquanto lhe dava um abraço.
- vamos sentar lá fora, na entrada da caverna, o céu está lindo e a noite clara, qualquer uma que se aproximar nós veremos de boas. Disse Bob já se levantando com o sorriso.
- vamos.
Chegamos e sentamos do lado de fora próximos a entrada, começamos a conversar o clima estava bom, papo vai e papo vem Bob tira meu chão dizendo.
- então, eu não sei o que dizer e nem como dizer mas me apaixonei por você. Disse Bob olhando fixamente em meus olhos
No momento fiquei sem reação, ele era meu tipo, inteligente, atencioso, e acima de tudo um gato mas nunca achei que ele gostaria de mim e nunca alimentei expectativas. Mil e um pensamentos estavam rondando minha cabeça mas todos foram arrancados de lá por Bob que me deu um beijo.....e que beijo, um beijo molhado e quente, não tinha como resistir. Era bom, ele me pegava com força e ao mesmo tempo com carinho, ele sabia como se fazia, estava quente e queria muito continuar, quando olhei já estava por cima dele.
- Não, isso não está certo, não podemos, não agora. Disse a ele enquanto saia de cima de seu corpo.
-porque não? Eu gosto de você! Disse Bob olhando no meu rosto.
-Também gosto de você e muito, sempre me apoiou e sempre esteve ao meu lado, você faz meu tipo só que hoje eu perdi um amigo e vou respeitar a ausência que ele faz. Disse a Bob amarrando meus cabelos.
-tudo bem, eu entendo respeito sua escolha, mas podemos ficar abraçados? Pergunta Bob já abrindo seus braços.
-Tudo bem, mas é só abraço viu! Disse deitando em seu abraço que era quente e aconchegante.
- Tudo bem. Disse Bob enquanto fazia cafuné em minha cabeça.
Passamos o resto da vigília assim, quando trocamos de turno e fomos dormir deitei sobre seus braços e dormi, dormi tranquilamente sem pesadelos vividos, acho que porque Bob estava ali.

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