Na próxima sala havia uma mesa com seis cadeiras, a mesa estava cheia de vários pratos, todos muito bonitos. Eu estava morrendo de fome, a barriga revirava, já me sentia meio fraca e aquela mesa cheia de comida realmente era uma tentação, mas tinha medo de estar envenenada.
- Pessoal digam para mim que isso não é um delírio meu, digam por favor! Disse Bob já sentando em uma das cadeiras.
- calma, também estou com muita fome, fome de uns três moradores de rua para ser sincero, porém não sabemos se está envenenada. Temos que ter cautela. Disse Rafaela olhando para o banquete em sua frente com um olhar fixo de uma fera sobre sua presa.
- Bem eu vou comer, pois oportunidade não faltou para eles, sejam lá quem são ou o que querem, nos matar. Nos doparam, colocaram e fizeram o que bem quiseram com os nossos corpos desmaiados, nos prenderam em uma sala e não nos mataram.... não sei quando vai ser minha próxima refeição ou se vai ter uma próxima então aproveitaria sim essa comida outra morreu de fome se não comer. Disse Carlos andando até a cadeira com seu gingado todo especial que provavelmente adquiriu de onde morava.
O que Carlos falou fez com que todos sentassem a mesa, inclusive eu, enquanto todos comiam eu ficava lá parada olhando para a comida a minha frente e pensando no que Carlos havia dito minutos antes e de certa forma ele tinha razão. Puxei um pedaço de carne que estava a minha frente, a carne ainda estava quente e saia fumaça, o cheiro era embriagador e me fazia sentir ainda mais fome, uma verdadeira tentação. Comecei a comer. Em fim a comida estava ótima, comemos até nos saciar.
Terminamos de comer, e decidimos dar uma olhada na sala que tinha lá muitas coisas, alguns quadros velhos, algumas caixas pequenas de som na parede e uma porta. Bem, a porta estava trancada e era muito resistente pois Carlo mesmo tentou arromba-la e não conseguiu, deu até um acarreta bem engraçada que fez com que todos caíssem na risada, depois de várias tentativas frustradas decidimos sentar de volta a mesa e descansamos o corpo, tentar pensar em uma saída mais racional.
Bem, eu havia comido muito, o corpo estava pesado, meus olhos cansados e muito muito pesados, tão pesados ao ponto de me fazer dormir. Eu cochilei na mesa e enquanto eu dormia tive um sonho, um sonho muito realista.
Nesse sonho eu estava em um lindo parque de frente para um rio, era época de cerejeiras e ventava uma brisa leve e molhada que alegrava o meu tato, estava tudo calmo, era um dia bonito, pássaros cantavam, os peixes e tartarugas nadavam na límpida água do lago. Até que uma pessoa apareceu, não dava para ver o rosto mas dava para ver nitidamente que era um homem, ele usava terno e gravata de grife e um relógio caro, me puxou pelos braços de forma brusca e parecia muito irritado, mas ele ainda assim me passava tranquilidade. Eu gostava de tudo nele, principalmente seu perfume amadeirado que deixava o sonho ainda mais realista e vivido. Ele me puxou até uma área mais afastada do parque e me deixou só.... a parti desse momento fui acordada pela Tamily que me deu alguns tapinhas nas costas, pois havia alguém querendo falar.
- olá a todos vocês, sejam bem vindos aos seus campos de treinamento, aqui vocês aprenderão de tudo, iniciando com o básico à sobrevivência. Quem sou não importa e como chegaram até aqui também não. Se estão aqui é porque aceitaram. O treinamento começará amanhã então descansem. Diz a voz que saia das caixinhas de som que estavam pregadas nas paredes da sala, a voz era mecânica e não dava para dizer se era homem ou mulher que estava falando.
Aquela mensagem nos deixou todos inquietos pois não lembravam de terem aceitado nada, e muito menos um treinamento.
- como assim treinamento que aceitamos ? Não lembro de nada droga. Disse Bob esbravejando com as mãos na cabeça andando de um lado para o outro.
- ok, não tem como sairmos.....o que nos resta é aceitar e ficar até conseguir uma brecha para fugirmos. Disse Rafaela de maneira pensativa enquanto beliscava algumas frutas que haviam sobrado do banquete.
-pelo visto parece que estamos em uma agência secreta. Será que é a máfia? Disse Carlos de maneira engraçada enquanto fazia uma careta, provavelmente para descontrair um pouco.
- bem isso não vai resultar em nada. Vamos todos dormir, afinal, não sabemos que surpresa nós teremos amanhã. Disse o ruivo se levantando de sua cadeira e indo para um canto da pequena sala, deitando-se no chão frio.
-Concordo! Disse a Tamily já se deitando num outro canto da parede.
A noite foi bem longa.... Foi difícil dormir em meio a tantas coisas que estavam acontecendo, no meio de tantos sentimentos que rondavam o meu ser e gritavam para que eu saísse dali, depois de tanto tempo pensando e afogada pelos sentimentos eu caí no sono.
- ei, Elena! Acorda! acorda! Dizia Bob nos meus ouvidos. Praticamente em cima de mim, de forma tão próxima que conseguia sentir o calor de sua respiração.
-o que foi? Disse ainda acordando, enquanto esfrega a os olhos.
-nós não sabemos o que vamos encontrar e quando encontrar, então é melhor estarmos preparados par o que der e vier. Disse Bob falando baixo para não acordar os outros.
- Mas é muito cedo, você não acha ? Respondi revirando os olhos e querendo voltar a dormir.
-infelizmente sim, mas prefiro estar preparado. Disse bob sentando ao meu lado na parede enquanto apoiava a cabeça com os braços.
Em pouco tempo todos haviam acordado e a voz voltou, roubando toda nossa atenção enquanto dizia:
- Bom dia! Seu treinamento começará hoje! Não daremos comida, remédio e nem suporte, também não socorreremos caso algum de vocês esteja entre a vida e a morte. Vocês podem trabalhar em grupo, em dupla ou só.... as regras são :não tem regras. Quando a prova acabar vocês saberão.....provavelmente vocês irão descobrir o real objetivo dessa prova mais para frente...outra coisa, iremos atacar vocês e tentaremos matar.... vocês receberão uma faca como arma e um coturno, irão para a floresta e lá caçarão os seus próprios alimentos, construirão as suas próprias moradias e viverão por si sós! Vocês tem 1 hora para sair da cabana pois lançaremos um veneno que causará paralisia e uma grande dor, em seguida queimaremos e explodiremos tudo que tem aqui dentro. Não há previsões de quando teste irá acabar, mas aquele que chegar ao fim saberá. Isso é tudo.
Após a voz se calar a porta que estava trancada até então se abriu, nos entreolhamos e nos aproximamos. Lá se encontravam um coturno e uma faca para cada integrante do grupo, pegamos cada um seu equipamento e saímos o mais rápido possível.
Andamos uns 20 minutos, paramos e decidimos se iríamos continuar em grupo, individual ou seja lá como quiséssemos. Após muita conversa decidimos que seria melhor vivermos em grupo, pois assim nos defenderíamos com mais facilidade e ficaria mais leve a vida nesse terreno que até então não conhecíamos.
Depois de nos resolvermos andamos mais uns 20 minuto quando escutamos uma explosão. Nos entreolhamos e tivemos a certeza de que o que estávamos vivendo não era uma simples brincadeira. Se quiséssemos sobreviver teríamos que trabalhar em equipe.