Alguns se encaravam nitidamente e, mesmo sem se conhecerem, saíam faíscas dos olhos, como se nutrissem pelos outros um ódio imemorial. Os demais mantinham a cabeça abaixada; evitavam arrumar mais problemas.
Alguns minutos depois, um homem vestido de roupa social clara, visivelmente acima do peso, entrou na sala cercado por três jovens.
– Boa tarde. Meu nome é George. – dizia em um russo arrastado. – Convoquei vocês porque tenho uma missão para todos.
Olhou cada um nos olhos, como se tentasse decifrar as almas e pensamentos. Mas os garotos eram experimentados e nada demonstraram.
– A proposta é simples e irrecusável. Vocês irão para o Vale da Morte, na Sibéria. Passarão a noite lá e parte da manhã do dia seguinte. Nada terão que fazer, além de manter meus equipamentos em segurança. E, depois, voltar com todos eles.
– Por que você não move esse seu traseiro gordo e vai você mesmo?
George empurrou os óculos que insistiam em escorrer pelo nariz.
– Qual o seu nome?
– Não te interessa, seu otário.
George pediu uma pasta a um de seus auxiliares e procurou a foto do rapaz.
– Lenin. 25 anos, procurado por roubo, extorsão e tentativa de assassinato – levantou os olhos do papel, analisando o rapaz. – Pelo visto, já não fazem mais Lenins como antigamente... Bem, eu não vou porque sou muito mais valioso do que você. Tenho doutorado em duas áreas e sou o futuro da Rússia, enquanto você não passa de um lixo humano... – deu alguns segundos para que o jovem pesasse as palavras. – Além disso, se você não aceitar a minha proposta, há policiais esperando-te atrás dessa porta. Se aceitar, terá a ficha limpa e receberá dez mil rublos. O que acha?
– O que faremos lá?
– Qual o seu nome, querida? – inquiriu George.
– Alena.
– Alena, vocês tomarão conta dos meus equipamentos. Eles medirão a radiação do lugar, temperatura, umidade do ar e essas coisas. Nada demais.
Olhou para todos, mas a maioria pareceria impassível.
– Alguém prefere ser preso ou todos concordam em ir?
O silêncio impregnou a sala e apenas o mover do ponteiro do relógio era ouvido. George sorriu sarcasticamente.
– Pelo visto, temos uma equipe feliz. Sejam bem-vindos.
***
Dentro do helicóptero, os dez estranhos passageiros se estudavam, como se fossem inimigos há muito. Lenin, depois de quase uma hora de viagem, resolveu puxar assunto com a mulher ao seu lado.
– Você já foi ao Vale dos Mortos?
Ela o olhou por alguns segundos, mas nada respondeu. Acabou por desviar o olhar.
– Prazer, meu nome é Lenin.
– Prazer é outra coisa, idiota.
– Ouvi dizer que quem vai ao Vale dos Mortos não volta. Que lá tem demônios, alienígenas e coisas do tipo. Ouvi histórias até sobre vampiros.
Dasha olhou descrente para o rapaz branco e de olhos claros que estava ao seu lado, mas nada respondeu.
– Qual o seu nome? O que você fez para estar aqui?
Dasha começou a se irritar. Odiava homens que não entendiam que ela não gostava de papo.
– Sou prostituta e matei três clientes a facadas. Você quer ser o próximo, Don Juan?
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Noites Sombrias
HorrorMedo, arrepios, náuseas, ódio ou até mesmo risos. Um bom conto de terror causa sensações e sentimentos diversos no leitor. Uma história trabalhada na medida certa sempre mexe com as pessoas. Para o bem ou para o mal. Quantas vezes, ao lermos uma na...