25 de Setembro de 2017

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Um ser angustiado anda, trôpego, pelos corredores vermelhos e escaldantes do palácio do mal.

As asas desgastadas arrastando no chão, tão cansadas quanto o dono que as carrega, os olhos vermelhos e cheios de lágrimas fitando tristemente o ambiente, as entranhas se contorcendo em dor, carregando o sentimento de inutilidade que lhe pesa nas costas.

- Ao que devo a honra de uma visita tão ilustre? – o ser loiro e risonho se materializa em meio a um monte de chamas. – Perdido na minha fortaleza, – lhe dedica um olhar de desprezo. – Anjinho? – completa, um sorriso sarcástico lhe esticando os lábios.

- Me leve até ele, por favor... – suplica, a voz fraca despejando dolorosamente cada uma das palavras. – Eu lhe dou o que você quiser, tire tudo de mim, mas me deixe ficar ao lado dele... - ajoelha-se curvando o corpo magro e debilitado, penosamente.

Yeosang gargalha deliciosamente, escancarando os dentes, e se aproxima tocando o topo da cabeça do pobre anjo humilhado a sua frente.

- Pobre Seonghwa, sua divindade lhe fez sofrer dessa forma? – ele sonda, maldosamente, o moreno jogado ao seus pés. – Ele lhe torturou por tantos anos, fazendo-o assistir seu amor definhar em agonia entre os humanos, deixando você se afogar em lágrimas. Um anjo humilhado pelos seus iguais. – sua risada histérica ecoa pelos corredores.

Seonghwa se mantém com a cabeça baixa, as lágrimas marcando seu rosto, os soluços saltando por sua garganta, enquanto Yeosang coloca uma das mãos em seu queixo, lhe obrigando a encará-lo nos olhos.

- Tão tolo. – cospe, com um sorriso maníaco estampado no rosto, e coloca uma das mãos sobre o peito de Seonghwa cravando suas garras em sua carne, fazendo o moreno gritar dolorosamente.

Assim que seu sangue respinga no chão, o ambiente é tomado pelo som de ossos se quebrando misturado ao grito ensurdecedor do anjo, que se debate violentamente no chão enquanto suas asas são arrancadas de seus costas.

Ele é deixado, grunhindo, com as costas ensanguentadas. O corpo cedendo a dor, se deixando levar pela escuridão, tudo ao seu redor se torna sombra e ele se desmaterializa no ar.

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