11 de Maio de 2018

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Entre a inconsciência e a consciência o corpo do jovem Hongjoong pendia acorrentado em uma sala suja e malcheirosa. Ao seu lado, lhe fitando com curiosidade, um rapaz de cabelos negros e revoltados lhe dedicava um sorriso, o qual não atingiu seus olhos.

Um calafrio percorreu o corpo cansado de Hongjoong enquanto o outro passava um dedo frio por seu rosto.

- Quem é você? – pergunta, num gemido choroso.

- Eu não sou ninguém. – diz, simplesmente, inclinando a cabeça para o lado. – Mas pode me chamar de San já que esse é o nome desse corpo que eu... peguei emprestado.

- O que você está fazendo aqui? – sente seu corpo ser tomado por um desconforto terrível quando os olhos escuros de San caem sobre seu rosto.

- Eu consigo ler tudo através de você sabia? Você é tão transparente quanto um copo de vidro. – ignora a pergunta, rodando pelo aposento empoeirado.

Hongjoong mantém os olhos fincados na nuca da pessoa a sua frente, a desconfiança borbulhando em seu ser.

- Você cometeu um erro imperdoável, pelo que ouvi falar. – continua rodando despreocupado. – Você vai pagar caro pelos seus delitos, mas eu não fico feliz por isso, também não fico triste, claro, no final de tudo eu serei favorecido de qualquer forma. – encara, impassível, Hongjoong que o fita com a expressão assustada. – Só fiquei curioso. Nunca tinha levado a alma de um anjo antes, e estou ansioso para fazê-lo.

A cena se desmancha, e a memória vai morrendo aos poucos.
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Hongjoong desperta puxando o ar desesperadamente, seus pulmões se contraindo por conta da falta de oxigênio, seu coração pulando descompassado no peito.

O quarto ao seu redor toma forma novamente, os cantos sujos vazios e solitários espelhando sua profunda tristeza dos últimos dias. Mal levantou da cama, os ossos marcando na pele, o corpo cheio de feridas novamente.
Qual era o sentido em viver daquela forma, definhando, agonizando como a mais miserável criatura?

Ele sente o pulsar forte de seu coração em todo seu corpo fraco e uma lágrima escorre pela sua bochecha. Sem força alguma para continuar se machucando, se debatendo ou gritando para as paredes, ele simplesmente fechou os olhos e deixou-se levar pela inconsciência, desejando, no fundo, ver o rosto sorridente de seu amado em sonho.

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