23 de Agosto de 2018

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O céu estava escuro e sombrio, os ventos rodeavam as nuvens causando leves estremecimentos.

Jogados aos pés de um monumento de mármore branco estavam Hongjoong e Seonghwa, ambos com uma expressão abatida, cheios de medo, os pulsos acorrentados e as entranhas se contorcendo em desespero.

O aposento é tomado por um clarão e por entre os raios de luz surge um homem com cabelos de um tom claro se rosa, logo atrás outro homem, esse com uma postura mais imponente, os cabelos castanho escuros lhe caindo levemente no rosto inexpressivo.

Ao lado dos prisioneiros estava Yunho prostrado no chão, as lágrimas contidas nos olhos tristes que fitavam o piso.

- Arcanjo Wooyoung, Jongho. – Yunho reverencia com a voz quebrada pela tristeza que lhe atravessa o peito.

Ambos se aproximam, o maxilar trincado, os olhos cravados nos dois anjos jogados a sua frente.

- Vocês dois traíram nosso Senhor, voaram entre os humanos sem nem sequer pensar nas consequências! Imaginaram se os humanos tivessem lhes visto? – Jongho rosna, as bochechas tomando uma cor avermelhada pela ira. – E além disso estão namorando? – diz enfaticamente. – Anjos não se relacionam, vocês sabem disso!

- Nós nos amamos, o que tem de errado nisso?! – Hongjoong grita, as lágrimas cortando seu rosto com seu coração apertado no peito.

- Se amam? – Wooyoung se pronuncia, a palavra soando estranha na sua boca. – Claro que se amam, todos nós aqui presentes também amamos. Mas não é esse amor que vocês sentem não é? – a curiosidade tingi sua expressão, uma pontada de pena tocando seu coração. – Esse tipo de amor humano não existe por aqui, como poderiam senti-lo?

- Sei que o amo por que meu coração se agita todas as vezes que Seonghwa se aproxima de mim, o amo por que me sinto tomado pela mais pura felicidade com um único sorriso seu, o amo por que eu lhe daria minha vida para não vê-lo sofrer. A extensão do meu amor é tão grande que não posso colocá-lo em palavras. Está além do que qualquer um de vocês pode compreender, além de qualquer uma dessas leis, regras e toda essa burocracia que carregamos desde que Ele fez com que sentíssemos o ar rasgar nossos pulmões, nos dando a vida. – um soluço escapa por entre seus lábios e logo tudo é uma confusão de lágrimas que impossibilitam-no de continuar a falar.

Seonghwa rasteja até Hongjoong e afaga os seus cabelos prateados tristemente enquanto Jongho os encara perplexo diferentemente de Wooyoung que lhes fita com curiosidade.

- Certamente que não foram atacados por zombifus. – Wooyoung diz pensativo, os dedos brincando com os próprios lábios, enquanto Jongho lhe lança um olhar de repugnância.

- Você quer dizer aqueles que os humanos chamam 'cupidos'? - olha-o cético. – Essas criaturinhas impetuosas já foram eliminadas há muito tempo. – pontua. – E de qualquer forma, isso não importa, esses dois traidores precisam ser julgados agora, é por isso que estamos aqui.

- Claro, você está certo. – Wooyoung limpa a garganta e uma expressão impassível aparece em seu rosto. – Vocês tem conhecimento de seus pecados e da gravidade dos mesmos?

Seonghwa assente palidamente e Hongjoong vacila ao seu lado.

- Vocês desobedeceram as ordens expressas do seu Senhor sobre não pôr os pés no mundo humano fora das missões listadas, e além disso, cultivaram sentimentos humanos um pelo outro, coisa que já nos trouxe muita dor de cabeça no passado, e justamente por isso os malditos zombifus foram exterminados. – Jongho trinca os dentes.

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