Hello pessoas lindas da internet! Como vocês estão? Mais um sábado, mais um capítulo postado. Dessa vez, vamos descobrir um pouquinho do nosso segundo protagonista, O Ron (amor da minha vida <3) Estou muuuito feliz com a recepção de vocês pra essa historia que vem me dando tanto alegria em escrever. Espero que gostem desse, beijooos
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Saiu do metrô sempre lotado de São Paulo, no mesmo horário de sempre. Ronald nem se lembrava qual fora a última vez que prestou atenção no caminho que percorria todos os dias até o prédio em que ficava o escritório em que trabalhava há dois anos. Recentemente, percebeu que fazia tudo em sua vida em modo automático, a começar pelo seu trabalho.
Se lembrava bem de como havia entrado naquele lugar: em um momento de total desespero, quando precisava de um estágio para conseguir concluir a sua graduação em relações internacionais, falou na entrevista de emprego tudo aquilo que o recrutador gostaria de ouvir. Sabia sobre toda a história da empresa, todos os pontos da cultura, todos os valores e sabia até sobre as polêmicas enfrentadas pelos seus donos nos últimos meses. Não foi difícil fazer o papel da pessoa que eles queriam contratar e o resultado veio após uma semana: ele havia passado. Ron ficou feliz, é claro, afinal, havia conseguido duas coisas muito importantes, a primeira delas a de concluir a sua faculdade, um ano depois do início do estágio e o segundo o de conseguir certa independência de seus pais, uma vez que ele poderia ter a liberdade para sair, viajar e pagar um jantar digno de sua namorada. Ao final da universidade, conseguiu a tão almejada promoção e junto com o diploma ganhou um trabalho fixo.
Não podia reclamar da parte financeira do trabalho. Na verdade, seu salário era muito alto, alto até para a sua imaginação adolescente. Jamais esperou ganhar o que ganhava naquela empresa e não sabia nem o que fazer com o montante, o que fez com o que ele conseguisse guardar mais da metade do dinheiro, a fim de comprar um apartamento em conjunto com sua namorada e iniciar uma vida ao lado dela. As coisas boas do cargo acabavam ali, entretanto. Já na primeira semana de estágio percebeu que aquele não era o seu lugar e que se odiaria trabalhando na frente de um computador, em uma sala fechada e escura, que despertava certa claustrofobia nele, e em meio a tantas pessoas falsas e sem caráter. Entretanto, resolveu que aguentaria o máximo que desse, e a consequência estava bem estampada em sua cara: 2 anos em um lugar que detestava, por puro comodismo e uma necessidade, que não entendia, de agradar seus pais.
Naquela semana, entretanto, algo havia despertado dentro dele. Uma coragem, vinda do nada, que o ajudou a resolver toda a sua situação: abriria mão de tudo para seguir o seu sonho de ser cineasta. Havia feito as contas no final de semana e, pelos seus cálculos, com o dinheiro que guardara, conseguiria pagar o primeiro ano da faculdade e se virar, sem nenhum tipo de luxo, pelo mesmo período. Tudo que ele esperava é que tivesse algum tipo de sorte e pudesse, ao final daquele ano, conseguir ao menos um estágio. Teria que começar tudo do zero.
(...)
Respirando profundamente, chamou a sua gestora assim que pisou no seu trabalho. A mulher era uma das pessoas mais incríveis que ele conhecia. Ela era o tipo de mulher que ele suspirava por pura admiração. O fizera aprender e crescer tanto que se sentia mal em ter que pedir demissão a ela, era como se fosse a decepcionar. Morria de vergonha dela.
A mulher se levantou, séria, após alguns segundos em que ele pronunciara um quase inaudível "podemos conversar 5 minutos?" e o pediu para que a seguisse até uma salinha de vidro vazia, onde as pessoas costumam se isolar quando estavam completamente atoladas de trabalho. Ela foi a primeira a se sentar, ainda sem pronunciar nem uma única palavra, aguardando que ele lhe dissesse o que queria.
– Helena, não sei nem como iniciar essa conversa. Eu nunca fiz isso antes...
Vendo que sua gestora não movera um dedo sequer, apenas continuou seu discurso, tentando se lembrar onde estava toda aquela coragem que juntara no fim de semana.
– Bem, conversamos alguns dias atrás, com relação aos novos contratos que tinha feito durante esse quarter e sobre o fato dos meus números estarem muito inferiores aos dos outros e você me fez uma pergunta... – Parou por um instante, analisando quais seriam as próximas palavras – Você me perguntou se eu estava feliz aqui. – Reparou que o rosto da mulher se suavizara e, com aquele semblante, conseguiu continuar o discurso – Naquele dia, eu te respondi que sim, que estava feliz. Mas essa pergunta ficou martelando na minha cabeça durante todos esses dias e eu cheguei ao ponto em que descobri que não, não estou feliz aqui. Sendo assim, agradeço todos os aprendizados, agradeço a oportunidade que me deu, agradeço demais pela sua companhia e por ter sido a minha gestora até agora mas, Helena, preciso pedir a minha demissão.
A loira, sentada em sua frente, respirou fundo, abriu um sorriso que ele nunca havia visto até então e, se levantando de onde estava, o abraçou apertado.
– Estou muito feliz por você, Ronald. Estava esperando o dia em que você se descobriria.
Jamais sentira na pele aquela sensação. Era como se vinte quilos tivessem lhe saído das costas e elas estivessem dormentes, devido ao tempo carregando tamanho peso, mas também leves, ao mesmo tempo. Sentiu o vento lhe batendo no rosto, assim que se despediu da sua gestora e do pessoal com quem compartilhou o escritório nos últimos anos, e resolveu que prestaria atenção no caminho de volta para o metrô, uma vez que aquele ciclo, havia se encerrado.
Além dessa sensação, entretanto, sentia também certa tristeza de deixar a empresa em que trabalhara por vinte e quatro meses e o medo de ter que falar com seus pais sobre um futuro completamente incerto, o assolava a cada passo que dava. Resolveu que, ao menos naquela manhã, esqueceria de tudo e se permitiria tomar um café e apreciar os rostos das pessoas que, assim como ele momentos antes, pareciam estar em piloto automático.
(...)
Ele sabia que aquele momento era de extrema importância para que pudesse abrir espaço para viver aquilo que sempre quis. Entretanto, para o ruivo, aquela situação era muito mais apavorante do que as outras pessoas pareciam notar. Conversar com aqueles que o criaram, seus pais, era sempre algo que o fazia travar.
Por ser o caçula de sua família, o homem se sentia mal desde criança, uma vez que via todos seus irmãos causando grandes problemas na vida de seus pais, e não apenas na infância, mas principalmente na vida adulta. Quando era mais novo, o ruivo se comportava como o filho perfeito de Molly e Artur Weasley. Sem bagunças, brigas na escola ou problemas de qualquer outra ordem. Quando cresceu, a situação não fora diferente, uma vez que, resolveu seguir aquilo que os pais queriam para ele, para dar-lhes um pouco de orgulho do filho que criaram.
Toda essa insistência em ser o filho perfeito, entretanto, vinha de seus irmãos que pareciam combinar, em um grupo em que Ron fora excluído, quem seria o problema da vez. Todos os irmãos mais velhos e sua irmã caçula pareciam ser o completo oposto de Ronald. Adoravam uma farra, viviam em noitadas, arrumavam problemas de todos os tipos (relacionais, financeiros, de carreira etc), que deixavam seus pais de cabelo em pé. Ele apenas se esforçava para não ser mais um.
Entretanto, não podia negar que estava infeliz seguindo a mesma profissão do pai e também não podia negar que a vida que levava, o que deixava os pais muitíssimo orgulhosos, obrigado, era a vida que ele sonhara, quando garoto. Era a hora de tomar um outro rumo na vida, se quisesse ser feliz.
Ron precisava de um Recomeço.
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Recomeços
FanfictionEm algum momento de nossas vidas tivemos que recomeçar algo. Seja esse algo uma tarefa de casa, uma comida que deu errado, uma fala, um relacionamento ou o caminho que escolhemos para a vida. Ron e Hermione estavam perdidos naquele momento, com situ...