10 ➡ From Dusk 'Til Dawn

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(Julio's POV)

Várias palavras se passavam em minha mente, querendo encontrar as certas para consolar Zoe, que nem ao menos me deixou pegá-la no colo quando estacionei o carro no estacionamento do prédio onde moramos. Olhei de canto, percebendo a mesma subir as escadas cabisbaixa, eu sei que não deveria me sentir tão péssimo, mas é que eu, simplesmente, não gosto de vê-la assim, ainda mais por eu ter parte da culpa.

Suspirei fundo, destrancando a porta de casa, e Zoe nem sequer esperou que eu terminasse o processo de abri-la, ela mesma fez isso e entrou, correndo para o seu quarto, como sempre fazia quando estava chateada comigo.

- Julio? - o arrepiou subiu pelo meu corpo quando a voz doce de Isabela entrou em meus ouvidos, causando-me diversas sensações diferentes. Com tudo isso com meus ex sogros, eu não tive nem espaço para pensar nela e no nosso beijo de ontem, quer dizer, não tive muito espaço, já que ela ficou em minha cabeça pela manhã inteira.

Virei os calcanhares para olhá-la, a mesma se encontrava com as mãos nos bolsos do jeans rasgado que ela usava, seus cabelos caíam de maneira adorável em seu rosto e seu lábio inferior estava preso entre os dentes.

- Oi, Isa. - cumprimentei, não querendo que ela ficasse preocupada com minha expressão, algo que não adiantou muito, já que o rosto dela se fechou em uma expressão confusa, e ao mesmo tempo preocupada.

- Houve algo? Zoe nem ao menos me viu. - soltou uma risada descontraída, parecendo envergonhada pela pergunta, ou talvez pelo o que houve ontem.

- Coisas de família. - respondi, soltando um suspiro fundo, enquanto ela se aproximava em passos lentos para perto de mim, causando-me certos arrepios.

- E quais seriam essas coisas?

- Se você puder entrar, eu posso te contar tudo. - eu quase implorei para que ela entrasse, querendo poder desabafar com alguém sobre o que aconteceu, além de que ela é a pessoa mais confiável no momento 'pra mim.

- Claro. - ela sorriu de lado, dando alguns passos até onde eu estava, e nós dois entramos em minha casa. Fechei a porta atrás de nós, trancando-a em seguida.

Suspirei, caminhando até meu quarto enquanto ela vinha atrás de mim, já que eu a chamei pelo olhar. Com um pouco mais de paciência, retirei a farda que usava e que prendia a minha barriga, sentindo-me livre quando ela deixou meu corpo. Esquecendo-me total da presença de Isabela ali, levei as mãos até a barra da blusa azul marinho, retirando-a e a jogando em cima da cama. Recordei-me da presença dela ali, olhando em sua direção com um olhar envergonhado, o rosto de Isabela erubesceu fortemente e ela desviou o olhar, causando-me uma risada interna. Abri o guarda-roupa, escolhendo uma camiseta qualquer que me deixasse desconfortável e fui em sua direção, segurando sua mão com a minha para que fossemos em direção a sala.

Sentei-me no sofá, sinalizando para que ela sentasse também e assim ela se sentou, cruzando as pernas para que ficasse mais confortável e escutasse o meu problema do dia.

Olhei para ela por um tempo, sentindo-me confortável em sua presença, algo que não acontecia a muito tempo quando eu ficava perto de qualquer garota, que não fosse Olga e Zoe.

- O que houve? - ela perguntou, doce e serena, não sabendo se podia avançar demais para que eu não ficasse pior.

- Bom, Maia é, era... - consertei minhas palavras - minha esposa, a conheci no quartel, namoramos e depois nos casamos, tivemos a Zoe nesse meio tempo. - o sorriso sincero que se abriu no rosto de Isabela, deixou-me ainda mais confortável. - Quando Zoe completou dois anos, Maia e eu tínhamos um trabalho de conseguir pegar um criminoso que procurávamos a meses e havíamos finalmente achado o paradeiro dele. - contei calmo, recordando-me de todos os detalhes daquele dia fatal, por mais que me doesse dizer tudo isso em voz alta, sei que preciso, colocar para fora é bom. - Maia e eu nos escondemos atrás do muro, procurando o momento certo de invadir o local, junto com mais alguns policias que estavam infiltrados atrás da casa. - Isa mantinha-se vidrada em minhas palavras, querendo receber todas as informações. - Lembro-me de brincarmos com o fato de irmos tomar uma cerveja depois do expediente, como fazíamos todas as sextas quando não éramos pais. - um sorriso nostálgico se abriu em meu rosto. - Contamos até três para invadir, e então três disparos foram ouvidos, um deles em meu ombro e os outros dois... - minha fala foi interrompida por um soluço que deixou meus lábios, quando meus olhos se encheram de lágrimas quase que instantaneamente. Senti quando Isabela juntou suas mãos com as minhas, como um sinal que estava ali para me ajudar e eu agradeci com um olhar, acariciando uma de suas mãos com o dedão e ela fez o mesmo. - E os outros dois atingiram ela. - as palavras saíram de forma dolorosa dos meus lábios. - Ela não resistiu naquele dia.

Flashlight [isulio]Onde histórias criam vida. Descubra agora