(Julio's POV)
Aquela sala de espera estava nos consumindo; e, toda vez que o ponteiro indicava um novo minuto no relógio, era como se horas passassem e ficasse cada vez mais difícil suportar a espera.
Sentia que Isabela não aguentava esperar mais um segundo que fosse. As mãos de minha namorada eram acariciadas pelas minhas, e seus cabelos eram afofados por Luísa, que tentava lhe passar uma força que nem ela mesma tinha.
ㅡ Quanto tempo mais teremos que esperar aqui? ㅡ a morena levantou-se da cadeira de aço, soltando-se do meu enlaço e entrelaçou os dedos nos cabelos acastanhados, bagunçando-os em uma tentativa falha de acalmar-se. ㅡ Não temos notícias há horas, e ninguém nos explicou o que se passou.
ㅡ Você precisa se acalmar, querida. ㅡ a mais velha esboçou, mas sua voz estava falha e dolorosa.
ㅡ Não me peça calma, mamãe! Porque eu não vou conseguir me acalmar até ter notícias boas.
ㅡ Isa, não temos o que fazer; infelizmente o que nos resta é esperar. ㅡ pus-me ao seu lado, acariciando suas costas juntamente aos seus cabelos que caíam por ela. ㅡ Quer que eu lhe busque algo para comer? Você está sem comer tem horas, e isso me preocupa.
ㅡ Não será preciso, Julio. ㅡ seu tom era firme e condizente. ㅡ Eu preciso tomar um ar.
Encarou-nos com os olhos frios e lacrimosos pela última vez, antes de virar-se e seguir caminho para fora do hospital. Um suspiro pesaroso e derrotado abandonou meus lábios, e minha única opção era sentar-me ao lado de Luísa e entender que Isa queria um momento sozinha para refletir.
ㅡ Não posso suportar vê-la assim. ㅡ minha sogra esboçou em um tom falho e um olhar completamente abatido.
ㅡ Nem eu. ㅡ mais um suspiro.
Eu não podia suportar que Isabela estivesse tão fria e tão triste. Por um momento, quis que toda aquela dor que a mesma estava sentindo, viesse até mim e assim, eu não a visse sofrer mais.
Por esses e outros motivos, a considero uma das mulheres mais fortes que conheci e, sei que ser forte o tempo todo é doloroso. Nem sempre conseguimos, e quando falhamos, nos sentimentos péssimos e incapazes.
ㅡ Eu acho melhor ir comprar algo para que ela possa comer. ㅡ a mesma assentiu quanto minha ideia e levantei-me pela segunda vez em algumas horas, na tentativa de seguir até a lanchonete.
Optei por um suco de caixinha e torradas feitas na hora. Com a sacola em mãos, segui caminho ao trajeto anteriormente feito por Isabela; varri os olhos pelo estacionamento, e, ao longe, encontrei a morena apoiada no corrimão branco.
Sorri pequeno, mas o meu coração apertava à cada vez que mirava sua face entristecida.
Observei-a com o olhar minucioso, constatando que seus lábios estava crispados, como se estivesse segurando o choro, e isso acabou comigo. Os olhos estavam vermelhos e encaravam-me com tristeza assim que avistou-me, ao mesmo tempo em que encontrei um certo interesse na sacola que eu tinha em mãos.
Sem demora, passei à caminhar em sua direção e assim que subi a rampa, ela suspirou fundo:
ㅡ Não disse que precisava ficar sozinha? ㅡ indagou.
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Flashlight [isulio]
RomanceUma proposta irrecusável para salvar seu irmão leva Isabela Souza, uma fotógrafa corajosa, a cruzar o caminho de Julio Peña, um jovem policial que já teve seu coração partido várias vezes pelas desilusões da vida. [CONCLUÍDA]