Prólogo"o gato"

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Era uma noite quente de lua cheia, já se passava das 01:30 da madrugada. Ester estava ciente que quando chegasse em casa ficaria de castigo, não era para chegar tão tarde da casa de sua amiga, principalmente sozinha. O certo era ter passado a noite por lá mesmo, mas não estava a fim de acordar cedo no dia seguinte para ir embora, já que Amanda iria passar o domingo na casa de seus parentes.

Seu celular começou a tocar no bolço do jeans, o pegou rapidamente e o atendeu continuando com os passos largos.

-Alô? Escutou a musiquinha do seu celular anunciando o fim da bateria.

-Mais que Droga! -murmurou e o colocou de volta no bolço.

Como se não bastasse chegar em casa mais tarde, seu celular havia acabado a bateria, era hoje o dia de ficar de castigo. Estava terrivelmente encrencada.

Parou no meio da calçada decidindo se iria entrar no beco ou não, por ali era o caminho mais curto e sabia que se demorasse muito era capaz de sua mãe ligar para a polícia. Como não viu ninguém pelo beco estreito adentrou nele quase correndo. Só porque coisas ruins nunca lhe aconteceram não queria dizer que não sentia medo de estar passando por aquele lugar principalmente àquela hora da hora da madrugada. Escutou um "miauuuu" e olhou para trás vendo um gato preto a olhando, seus olhos brilhavam como faróis chegava a ser sinistro a maneira fixa que a olhava.

-Xô! - ameaçou dar um passo para frente mais o gato nem se quer se mexeu, apenas continuou com seus miados cada vez mais alto de forma escandalosa. Ester arregalou com o coração acelerado. Começou com seus passos largos de volta e viu a luz da lua de sangue iluminando o caminho. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha, algo dentro de seu coração a mandava continuar enquanto sua consciência dizia ao contrário a deixando intrigada. Resolveu ir pelo caminho mais longo, virou-se e parou bruscamente ao ver uma legião de gatos pretos parados a olhando com aqueles olhos sinistros a encarando. Aquilo aumentava o nível de bizarrice, se perguntava de onde foi que saiu tantos gatos em poucos segundos. Um coro de "miauuuu" saiu de suas bocas, foi um som tão estridente que foi obrigada a tampar os ouvidos por causar-lhe dor.

Começou a correr na direção oposta que desejava entrando pelo outro beco e presenciou uma briga. Dois homens altos e musculosos que vestiam regatas e expunham suas tatuagens socavam violentamente um ao outro. Não havia mais para onde correr. Olhou para trás e viu os gatos se aproximando.

Retornou a olhar para os homens e um deles puxou o outro pelo colarinho e numa força absurda o jogou no chão. O elo que se estendeu a jogou para trás fazendo-a bater com as costas com violência contra a lixeira, caiu de cara no chão machucando o nariz. Esforçou-se para se pôr de pé, mas a pancada foi tão brusca que mal conseguia se mover. Apenas virou o rosto vendo tudo rodar por alguns segundos. O homem que jogou o outro no chão olhou para trás a vendo e se espantou com a presença dela. Ester pode ver que ele não era normal, os olhos dele eram semelhantes a dos gatos, brilhavam de uma forma sombria. Só de estar no mesmo lugar que ele sentia aquela sensação estranha, de poder.

Rastejou-se para trás desejando que aquilo fosse um pesadelo, pois o modo ameaçador que a encarava sentia o medo invadir até sua alma.

-Não se aproxime! -gritou desesperada e imediatamente ele parou parecendo surpreso. Ester olhou para o outro lado e não viu nada de gato. Tinha que se levantar antes que algo terrível lhe acontecesse pois essa era a sensação que sentia.

Ergue-se apoiando-se na lixeira e o encarou ofegante, estava muito dolorida se corresse não aguentaria muito e acabaria caindo, mas tinha que tentar...

-Quem é você?! -rosnou. Seu coração batia tão forte dentro do peito que mal conseguia contê-lo dentro de si. Estava se perguntando como ele conseguiu chegar onde estava em um piscar de olhos. Ele apertava seu pescoço com tanta força que suas pernas começaram a ficar bambas.

-Me... -enfiou suas unhas na pele dele com força e viu seu sangue escorrendo mais mesmo assim não a largou, era evidente que não se importava com a dor.

-Me diga seu nome e de onde você é?! -rosnou irritado a apertando ainda mais.

-Es... -ao perceber que estava a apertando demais impedindo que ela falasse, resolveu afrouxar seus dedos do pescoço dela.

-Meu nome é Ester... -disse e começou a tossir levemente por estar com uma irritação na garganta, levando a mão a boca educadamente.

-Dá onde você é Ester?! -insistiu começando a lhe apertar novamente.

-Daqui mesmo de Slovick, desde sempre moro aqui. Agora me solta está me machucando! -resmungou tentando fazer com que ele a largasse, mas era como mover uma parede.

Ester se pegou olhando para ele, seus olhos pararam de brilhar, agora pareciam olhos comuns de um verde esmeralda, a olhava mais não a enxergava de fato pois estava em meio a pensamentos. Tudo que Ester conseguia pensar era em como se livraria dele, mas no momento essa tarefa parecia impossível. Os dedos dele retornaram a aperta-la com mais força e fixou os olhos nela numa expressão sombria completamente leviana.

-Você é humana e tornou-se uma ameaça para mim e minha espécie, nunca vi uma alma mortal conseguir nos ver antes, isso não é comum e por isso eu te sentencio a morte! -a voz dele soou tão ameaçadora que Ester soube que ele falava serio.

Tentou se soltar mais já era tarde...

Houve um estalo no meio da noite silenciosa. Ele havia a matado a sangue frio, mas sabia que seu feito estava a coisa certa a se fazer. Agora estava encarregado de cuidar de seu corpo sem vida. Jogou o cadáver sobre o ombro, a esconderia em algum lugar.

...

Sua cabeça doía ao ponto de explodir, estava passando muito mal, sentia um forte cheiro de podre. Abriu os olhos e se deparou com o céu azul e imediatamente fechou os olhos devido à claridade. Seu corpo estava dolorido e não tinha ideia de onde estava. Se inclinou para o lado e presenciou pilhas de lixos, tentou se levantar mais escorregou e rolou até o chão imundo do lixão onde veio parar. Se apoiou no lixo para se equilibrar, estava ferida havia cortes por seus braços e pernas e sua garganta, sentia que foi quebrada, mas o que de fato havia lhe acontecido. Tudo começou a rodar, Ester perambulou até ouvir vozes e risadas avistando alguns homens que assim que a viram pararam, tudo que conseguiu sair de sua boca foi:

-Me ajudem. -murmurou. Ao dar um passo para frente tudo ficou escuro e caiu no chão completamente esgotada.

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