Capítulo 4 - Passa-se Um Ano

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"A flor é como o sofrimento, ambos deixam suas marcas para sempre."

Estava cansada, no dia anterior havia sido o aniversário da Beatriz e fizemos uma pequena festa, mas acabaram vindo mais pessoas do que esperava e a casa ficou uma bagunça. Não havia tirado nem metade dos presentes dos pacotes e aquilo seria ainda mais cansativo. Enquanto limpava a casa, deixei Beatriz no bebê conforto assistindo Pepa, seu programa preferido.

Era incrível como ela gritava alto. Não sabia dizer nada ainda, pois estava muito cedo. Mas tentava falar mamãe e não saia muito bem, mas ela tentava. Logo após a casa estar toda limpa, ouço a porta abrir e fechar. Gustavo estava chegando com o café. Ele colocou na mesa as compras e em seguida quando fui lhe dar um beijo, sua cara estava fechada, fazia tempo que não o via dessa maneira.

- O que aconteceu Gustavo? - perguntei, enquanto lhe fitava.

- Adivinha quem está na cidade. - ele falou, tirando as compras das sacolas.

- Não acredito que esse pesadelo vai se repetir mais uma vez. - falei, e minha voz saiu fraca.

Tomamos café da manhã como se nada houvesse acontecido. Beatriz já tomava alguns sucos naturais, mas bem pouco, pois, ainda estava amamentando ela. Porém ela já conseguia pegar a mamadeira sozinha com suas mãozinhas. Tudo parecia estar bem. Teria que ir trabalhar, e como sempre levava Beatriz junto. Troquei de roupa e coloquei uma saia longa e uma blusa que combinasse, coloquei minha rasteirinha que era mais confortável.

Peguei a bolsa da Bia e as coisas necessárias. Voltei para baixo e Gustavo estava com ela em seus braços. Parecia estar protegendo ela de algo que estaria prestes a acontecer e aquilo me deu um aperto no coração. No ano passado decidimos ficar juntos, mas não como vocês devem estar pensando. Apenas ele está agora morando com a gente. Mas não tivemos nenhum tipo de relação. Quer dizer rolou uns beijos uma vez ou outra, mas nada demais. Mesmo assim ele se sente na obrigação de cuidar de nós duas.

Despedi-me do mesmo, peguei Bia e coloquei em seu carrinho e sai caminhando com ela. Sentia a sensação de estar sendo seguida, mas deveria ser coisa da minha cabeça. De vez em quando me batia uma loucura, e era como se visse coisas. Cheguei até a loja onde trabalhava e deixei Bia ao meu lado no caixa. Logo vi aqueles olhos me olhando, e me encarando enquanto apoiava seus braços no balcão.

- Olá. - falei, desviando o olhar.

- Eu falei que voltaria, não é mesmo? - ele fez uma pergunta que saiu mais como uma afirmação.

- Pois é. - e foi só aquilo que consegui dizer.

Beatriz começou a fazer um escândalo na loja e não parava de dar seus pequenos gritinhos, que chegavam a doer os ouvidos. Olhei para ele e o mesmo entendeu o que queria dizer com aquele olhar. Pegou a mesma no colo e saiu para passear. Muitos clientes entravam e saiam da loja a todo o momento. Bruno não voltava mais com nossa filha e já estava ficando preocupada. Com certeza ele não seria capaz de voltar para cidade apenas para sequestrar nossa filha. Quer dizer, eu não esperava essa atitude vinda dele. Quando o mesmo voltou com ela no colo, que agora segurava um ursinho muito fofinho e sorria feita boba. Não pude deixar de sorrir com aquela cena.

- Ela adorou o bichinho, não pude negar a ela. - ele falou rindo.

- Ei, não acostuma ela mal. - reclamei, e sorrimos.

- Posso levar vocês para almoçar? - ele perguntou.

- Não sei se seria uma boa ideia. - respondi.

- Por favor, a gente precisa conversar. - ele implorou.

- Tudo bem. - nos levantamos e fomos almoçar em um dos restaurantes que ficavam próximos a loja.

Quando O Imprevisto Acontece Onde histórias criam vida. Descubra agora