Por tras das lonas.

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Capítulo Seis.

Por trás das lonas.
E por trás dos receios.

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Assim vou saber se tudo está bom
e mais pessoa vão fazer parte desse universo cheio de magia. 🤍

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De fato, nem tudo era diversão ali.

A compreensão que alguns espectáculos são moldados por meses ou até mesmo anos, por detrás de uma única apresentação torna-se cada vez mais admirável, e Holland nem ao menos havia passado um dia inteiro naquele ambiente para começar a dar conta disso. O almoço acabou estendendo por um pouco mais que meia hora, como autorizado por Rose, ao comentar que ainda havia muito pelo o que o jovem jornalista precisava ser instruído.

   Durante a conversa na mesa, alguns outros circenses e profissionais que trabalhavam junto a eles, foram apresentados. Entre eles, Gael descobriu o nome da jovem de cabelos coloridos, Jessica Gaigher, a qual também era filha de Rose. Que por sua vez, tinha uma relação de amor e ódio com Allan, seu irmão de coração, esse que foi adotado pela família tão cedo.

"Como pode ver, sou mãe de três crianças grandes. Jessy é a minha mais velha, então temos Heitor e Allan, o nosso caçula. Heitor e Jessy são filhos do mesmo pai, e Allan é o meu filho do coração." Rose dizia, ao que ria e empurrava um Parker carinhoso de cima de si. "Isso não me impede de ser mãe de todos nessa escola. Todos tem um pouco de mim, e eu tenho um pouco de todos. O circo acompanha minha família a gerações, e foi graças aos meus antepassados que temos isso. Esse colégio foi uma conquista dos Gaighers."

Foi desse modo que Holland compreendeu já de início a força que havia por trás de cenários montados e danças coreografadas. Os laços de sangue e de alma que envolviam aquele ambiente eram além de trabalhos para sustento e sobrevivência. Ali, haviam Allan Parkers que, desde muito jovens, desenvolveram amor pela arte e encontraram em sua família a não compreensão do fato, e foram abandonados antes mesmo de a abandonarem para seguirem seus sonhos. Haviam Gaighers que, em gerações, construíram um forte em torno de amor e confiança naquilo que acreditavam e viviam por. Haviam Frusmonts que, ao encontrar amor em uma pessoa, descobriram seu próprio amor pelo o que os faziam, esses eram os casais que dividem alianças e encontros românticos, alguns até mesmo haviam gerado seus pequenos frutos do amor. Havia também o amor profissional, que todos supriam, dos circenses ao público, dos maquiadores e estilistas aos técnicos de luz e som, dos instrutores e ginastas aos fisioterapeutas e quiropratas, do pessoal que montava tudo ao que cozinhava tudo, tantos tipos de família, e desses tantos uma só era formada.

Tinha muito por trás das lonas.

O dia havia começado às sete da manhã para a maioria deles, andando pelos corredores tão iluminados, das salas de ginástica e ginásio podia ser ouvido os barulhos de saltos, de movimentos, e até gritos e aplausos. Era estimulante. Alguns andares acima, um soar baixo de violino e piano, um som sofrido de uma melodia doce. Tão rico em sentimentos que o jornalista fora obrigado a parar em frente a porta e observar. Ao lado de dentro, tantos instrumentos e apenas três pessoas. Uma mulher ruiva, de cabelos encaracolados e semi presos, tocava de olhos fechados o violino, enquanto ao seu lado, uma garota baixinha e pálida cantava a voz dos anjos e era acompanhada pelo senhor barbudo e robusto em seu piano. Gael reconheceu todos eles do refeitório, Julien, Victoria e Kelud.

A música sempre fez Holland sentir demais. O jovem acreditava fielmente que era um dos seres humanos mais difíceis de chorar na face da terra, ao que em contraponto, contrastava claramente com a explosão de sentimentos que existiam em seu interior. Ouvia músicas que o faziam sofrer por amor, sem nunca ter chego perto dele. E músicas que o faziam sentir raiva, sem nunca ter permitido sentir qualquer fúria.

C O U L R O F O B I A  • 🏳️‍🌈 - ON HOLDOnde histórias criam vida. Descubra agora