Capítulo Dez.
Familiar,
A ironia da palavra..
As costas já doíam, sentado a quase uma hora nos bancos em torno do palco daquela lona, fazia com que Holland sentisse todos os músculos e ossos que poderia muito bem esquecer que tinha caso estivesse em uma posição melhor.
Havia projetado em seu caderno um cronograma de ideias e informações que poderia ter daquele lugar, mais histórias por trás, mais explicações. E, como se ouvindo seus pensamentos altos, Allan havia chegado a pouco alegando estar com saudades. O que acabou arrancando um riso engraçado de Gael junto a um revirar de olhos. Emocionado, ele havia pensado.
O loiro circense questionou o porque de não tê-lo visto no almoço, desistindo após os ombros do jornalista terem sido sua única resposta. Ele estava concentrado em sua escrita e, apesar de extremamente animado como sempre, Parker sabia quando ficar quieto e esperar. Podia não ser paciente, mas aprendia fácil a se comportar quando necessário. Durou poucos minutos no entanto, as íris azuis empolgados cintilavam para cima de si, e Holland podia ver isso pelos cantos dos próprios olhos. A excitação em observar o que era novo para ele era similar a excitação de Gael ao vê-lo andar sob cordas.
Tirando o óculos e deixando-o dobrado sob o caderno que usava, suspirou, sorrindo simples para o circense animado.
"Em que posso ajudar, Allan?" A pergunta soara curta e direta, porém, de longe seria rude. Parker sabia disso, pois continuava com seu sorriso intocado.
"Apenas pensando, como você nos vê? Quero dizer, temos mundos completamente opostos. Eu vivo de viagens, entretenimento e atuações, enquanto você vive de ser calado, quase como uma sombra... e não me leve a mal pelo uso dessa palavra, é na melhor forma dela se houver uma." Se sobressaltou ao explicar, logo relaxando novamente. "Você observa e escreve, trabalha com isso sempre. Como somos no seu olhar?"
A questão era uma curiosidade nada atual. No primeiro trabalho que fez com Lady, tivera a mesma questão levantada pela senhora. E ele a descreveu exatamente como a via, o que arrancou algumas lágrimas disfarçadas da mulher e um corar nada novo de Holland.
"Não posso afirmar nada por agora, ainda estou descobrindo sobre vocês, é intrigante no entanto. Ainda não pude ver muito, tudo que sei é sobre os treinamentos que me apresentaram e o jeito que se tratam. Familiar, eu diria. Não para mim, mas para vocês."
"Familiar é a palavra perfeita."
Os azuis brilharam mais uma vez, enquanto os acinzentados se perdiam e ofuscavam levemente. Imperceptível para quem não o conhecesse. A ironia que rondava sua vida, batendo na porta novamente.
"Gostaria de me dizer algo interessante sobre o circo ou os profissionais? Alguma estória que eu deva saber?" Perguntou, fazendo o que sempre fizera de melhor, empurrar para longe o incômodo que sempre insistia em reaproximar. Trabalhar sempre seria sua palavra chave, estudos e trabalhos eram suas ferramentas mais utilizada.
"Na verdade, sim. A minha história." soou baixo, dando um vislumbre ainda não antes visto pelo jornalista. Allan parecia sempre ser a figura animada, que saltitava por todos os cantos a todo momento, no entanto, naquele instante, Parker parecia um garotinho. "Como eu vim parar na família Gaigher, e como sou agradecido por isso."
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C O U L R O F O B I A • 🏳️🌈 - ON HOLD
RomanceCOULROFOBIA NAO É TERROR! "Coulrofobia é o termo psiquiátrico usado para aqueles que tem medo de palhaços. É comum entre crianças, podendo também ocorrer com adolescentes e adultos. Às vezes o medo é adquirido após experiências traumáticas com um in...