O grande dia.

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Capítulo Três.

O grande dia.
Talvez nem tão grande assim.

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Não deixem de comentar, votar e compartilhar, meus amores!
Assim vou saber se tudo está bom
e mais pessoa vão fazer parte desse universo cheio de magia. 🤍

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   Lady Madelen o ajudava a dobrar as últimas peças para encaixá-las dentro da pequena mala. Gael havia separado duas malas e uma mochila, sendo uma delas apenas para itens de trabalho, três cadernos, diversos carregadores, fone de ouvidos, canetas e lápis, seu computador e tablet, tinha tantos papéis e pastas, marcadores coloridos que Lady o questionara se havia comprado toda uma papelaria.

"Tem mais alguma coisa que você gostaria de levar, filho?" A senhora perguntou, sentando-se na beirada da cama, olhando o mais jovem de costas.

   Gael olhava a parede, naquele canto tinha alguns rabiscos, frases que Gael costumava dizer a si mesmo. "Você consegue" estava escrito de muitas formas. As vezes ele tinha que se lembrar do porquê estava ali, de como foi corajoso em pegar uma bolsa e sair de casa, tendo poucas roupas, um cartao em maos e alguns documentos importantes em uma pasta de papel.

"Gael?"

"Sim?" Saiu de sua bolha de pensamentos, com um sorriso singelo para a senhora. Hoje ela tinha os cabelos em seu chanel branco laqueados para trás, em uma elegância que só ela sabia como fazer. "Estava tentando recordar se faltava alguma coisa. Acredito que esteja tudo ai, Lady."

   Seu olhar passou pela cama, encontrando suas malas fechadas, e seu gorro e cachecol bem colocados em cima da mochila. Lady era tão delicada ao ajudar com suas coisas que, por mais que a garoa ao lado de fora fosse pouca, faria questão de vestir cada peça dos acessórios antes de sair, para deixá-la feliz ao ver que estava bem agasalhado como esperado.

"Estou muito orgulhosa de você, garoto." Ergueu-se tocando o rosto do menor e arrumando alguns fios bagunçados e longos pela face do mais novo. "Seu primeiro trabalho sem acompanhamento, mal posso esperar para lê-lo e emoldura-lo em minha parede."

   Oh sim, Lady Madelen tinha uma parede de conquistas, com matérias sobre ela, sobre o cancã e agora, sobre as matérias de Gael. O mais novo sentia seu peito quente ao vê-la sempre apreciar aquele canto de sua sala de estar.

"Obrigado, estou um pouco nervoso... Não sei como vai ser e você sabe qu-"

"Sh, filho, acredite em mim," Dizia olhando no fundo dos olhos acinzentados, os próprios olhos cintilavam diferente. Anos de vivência passavam por aqueles castanhos que transferiram confiança e sabedoria sem precisar de muito. As rugas que contornavam toda a face a deixam macia e acolhedora, Gael sempre sentira isso ao olhá-la. "As coisas não acontecem por nada, meu menino, você vai tirar cada momento de letra. No final você vai estar aqui comigo, dessa mesma forma, me contando cada coisa boa que viveu e cada lição aprendida."

   Holland nada mais disse, apenas abrindo seus braços para logo ser acolhido pela mulher num abraço terno e aconchegante.

   Na noite anterior, Flôr, Valentina, Francis e Lady fizeram um jantar de despedida para Holland. O jovem sentia como se estivesse se mudando ou até mesmo prestes a fazer uma viagem longa para muito longe.

   Valentina tinha em sua mão água saborizada, rindo de como o amigo era sortudo por ser pago para se divertir em um circo, Francis retrucava fingindo estar rabugento dizendo a sobrinha que aquilo não era brincadeira enquanto, ao seu lado, Flôr revirava os olhos com sua frase de sempre "se não for trabalhar com algo que te faça feliz e animado, então nem trabalhe". Lady, em todo seu porte, misturava sua xicara de chá, falando ao pé do ouvido de seu menino Gael "não fique sobrecarregado com toda essa agitação, vai dar tudo certo, você só precisa acreditar nisso." Ela era sua calmaria no mar agitado.

   Já havia dado o horário para aguardar seu transporte direção ao aeroporto, sentado nos pés da escada de sua casa, a palma das mãos deslizavam pelo tecido da calça jeans. O ar gélido daquele início de novembro fazia-o sentir calafrios, calafrios pelo tempo, calafrios pelo novo. A intenção das suas mãos no pano da calça era que seu atrito o esquentasse ao menos um pouco, poupasse dos frios pelo seu corpo, o que parecia ser inútil e só esfolava a palma de sua mão já tensa.

   A rua estava vazia pelo o horário. No seu relógio marcava dez e quarenta e cinco da noite, todos em suas casas, comendo e tomando seus banhos, prontos para um descanso e um novo dia, enquanto Gael preparava-se para o carro que buscaria tão em breve. A sensação do novo misturada a ansiedade do que estava por vir o deixava anestesiado.

   Puxara a touca para baixo, cobrindo as orelhas do vento e esticara a perna, a cabeça que antes pedia no batente da porta e se acomodava ali, doía em seu pescoço. Foi quando estava prestes a levantar e se alongar que o grande carro preto parou e de dentro dele o motorista da jornal saltara, ja vindo em sua direção.

   No relógio, onze da noite em ponto, o carro estava adiantado em dez. E sim, Gael estava adiantado em trinta minutos de pura ansiedade.

   Quando fora deixado em frente a área de embarque, suas malas já despachadas, sua bolsa nas costas e alguns papéis de estudo nas mãos, sabia que ali começaria algo. Seria o início de seu início anterior, o ciclo que abria agora não tinha volta.

   E dessa forma, respirando fundo, apertando os dedos nas pesquisas e anotações que segurava, sorriu, a caminho do avião que o levaria para imensidão.

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Obrigada por ter lido mais esse capítulo de Coulrofobia, meus amores!

Perguntinha necessária: vocês estão recebendo notificações dos capítulos? Fiquei sabendo que está chegando pra muita gente, inclusive até mesmo a própria visualização do capítulo já diz sobre isso 😞

Ps 2: PROMETO que o próximo capítulo compensa esse. Quem não está louco pela chegada ao circo, não é mesmo?!

C O U L R O F O B I A  • 🏳️‍🌈 - ON HOLDOnde histórias criam vida. Descubra agora