capítulo dez

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❝ I do anything that you like

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❝ I do anything that you like. I mean anything that you like.❞

As rodas da bicicleta deslizavam pelas calçadas, enquanto eu me esforçava para pedalar contra a brisa do verão que insistia em me empurrar para trás. O brinquedo azul, que havia ganhado no último aniversário, já estava cheio de arranhões porque eu mais caía do que andava. Minha mãe gritava do portão para que eu não fosse tão longe e que tomasse cuidado com os carros nas ruas, mas eu não me importava verdadeiramente. Já tinha onze anos e sabia muito bem me cuidar com um joelho ralado, ou dois.

Depois de virar à esquina de encontro a rua Old Paine Row, uma outra bicicleta começou a me acompanhar pelas calçadas no mesmo ritmo das minhas pedaladas. O brinquedo era vermelho mas parecia com um daqueles modelos antigos, meio anos 90 como a que meu pai escondia na garagem. A menina que ultrapassava a minha velocidade parecia estar indo na direção da praia, e atravessou o sinal vermelho que nos separava dos carros na rua curvando para a avenida Pine sem parecer se preocupar com nada. Seu rosto até então era desconhecido para mim, mesmo numa cidade tão pequena quanto Lincoln.

À medida que me aproximava, com a bicicleta em seu encalço, conseguia descobrir coisas novas sobre suas roupas e seu rosto sorridente: os cabelos eram longos e escuros, e cobriam boa parte de seu vestido florido de mangas curtas. Sua pele era bronzeada demais para a península de Cape Cod, então deduzi que realmente não era dali. O que uma garota como ela poderia querer numa cidade como a minha? Vivíamos em uma espécie de caixa por aqui. — Oi! Veio visitar alguém na cidade? — precisei gritar para que ela me escutasse, mantendo o ritmo para acompanhá-la a cada novo obstáculo no caminho. Minha curiosidade infantil estava aguçada demais para deixar escapar a chance de conhecer alguém novo que estava tão perto assim. Já havia me cansado dos mesmos rostos todos os dias desde sempre. — Sua bicicleta é muito maneira! Meu pai tem uma quase igual. — usei meu melhor sorriso para a menina, que não parecia tão interessada assim em conversar comigo.

— Meus pais se mudaram pra cá tem uns dois dias. — ela se virou para mim brevemente, desviando a atenção do caminho para me encarar com certa desconfiança. Seus olhos também eram muito escuros, mas eu os achei muito bonitos perto do que já estava acostumado. Até seu sotaque carregado era divertido. — A bicicleta era da minha mãe. Vivíamos em Porto Rico. — com um dos pés, a menina freiou a bicicleta em cima da calçada e pareceu resolver me dar um pouco de atenção antes que sofressêmos algum acidente. — Qual é a cor da bicicleta do seu pai?

Parei ao seu lado, equilibrando o peso da bicicleta com um dos pés no chão, e não consegui evitar a animação da possibilidade de ter um amigo em potencial para uma aventura futura tão perto da minha casa. — A do meu pai é preta. Ele falou que ganhou ela do meu avô há uns vinte anos atrás. — tentei não parecer desanimado por não ter mais informações sobre a bicicleta para continuar o assunto. Quando retornasse para casa, iria pedir para que meu pai contasse a história mais umas vinte vezes para que lembrasse com detalhes dela. — Eu me chamo Hunter. Hunter James, na verdade. Minha mãe acha muito legal meu nome e sobrenome formarem um nome composto. — estendi uma das mãos na direção da menina, num cumprimento.

A Todos os Amores da Sua Vida - RETORNO EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora