prólogo

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verão de dois mil e quinze

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verão de dois mil e quinze

Nas caixas de som penduradas no topo das paredes do ginásio, uma música da ¹Jennifer Lopez tocava alto acima de nossas cabeças enquanto todo mundo dançava no meio da pista improvisada com um tapete quadriculado perto do palco de madeira. Mesmo para mim, que estava usando o vestido vermelho que minha mãe tanto insistiu em costurar, sandálias de salto aberta nos dedinhos dos pés e a trança longa que levei horas para fazer no cabelo, era surpreendente o fato de que o colegial realmente estava terminando. Não era como se eu quisesse passar mais algum tempo dentro daquela caixa de muros azuis e portões beges chamada Sain't Mary, mas era o mais próximo do real que eu podia sentir ainda. 

Encostada perto das bebidas sem álcool e servindo ponche vez ou outra para alguns dos meus colegas, eu esperava a bebida alcoólica que Hunter havia me prometido estar escondida no vestiário masculino do time de atletismo. Eu não era uma viciada em drogas lícitas aos dezessete anos de idade, mas bebia em algumas festas que Hunter me levava de bagagem com a banda dele. Então estava torcendo para que fosse algo verdadeiramente bom para que eu conseguisse sobreviver às mil voltas que meu cérebro estava dando dentro da minha cabeça desde a hora em que entrei no carro do meu melhor amigo duas horas antes da festa começar na entrada da minha casa.

Quando Hunter me convidou para ser sua acompanhante no baile três meses atrás, me esforcei para tentar encontrar alguma desculpa para não aceitar sua proposta. É de Hunter James que estamos falando. Para ele, não faltavam acompanhantes pelos corredores do colégio. E mesmo quando eu havia dado a ele a opção de convidar uma das outras garotas da turma, ele insistiu que era ao meu lado que ele desejava curtir a última noite de sua vida na cidade de Lincoln. Ele partiria na manhã seguinte para o estado de Ohio, na direção do Instituto de Música de Cleveland. Era praticamente irrecusável, ainda que eu tivesse esperanças de que ficasse e aceitasse ir para alguma faculdade mais próxima.

A Sain't Mary faria mais falta do que eu poderia imaginar.

Nesse mesmo ginásio retangular, agora com decorações de balões nas cores azul e bege em formalidade as cores do colégio, eu havia dado meu primeiro beijo numa brincadeira de Salada-Mista; havia quebrado a antiga armação do óculos de grau que moldurava quase todo meu rosto num jogo de basquete; tinha separado brigas de Hunter em jogos de futebol; organizado um Show de Talentos para que ele pudesse tocar para todas as turmas com sua famosa banda Culture Club; matado algumas aulas de História Política, mas principalmente e ardentemente confirmado que eu estava sim apaixonada pelo meu melhor amigo popular.

Por mais clichê que pudesse ser, não era nada parecido como nos contos de fada. Hunter não me enxergava como as garotas que já tinha visto em seus braços e sempre parecia reforçar isso quando estávamos no meio de outras pessoas. Em nossos quartos, ouvindo músicas no notebook jogado no chão ou assistindo filmes trash de terror, ele sempre conseguia agir de algum jeito que me confundia chegando próximo demais ao ponto de nossos narizes se tocarem ou agarrando uma de minhas mãos largada na cama. Mas era apenas isso, e eu não chegava nem perto de ser como as outras garotas do colégio ou das garotas que iam até os pequenos bares da cidade para ouvi-lo tocar com a banda. Eu era mais como uma sombra, atrás dele sempre que ele pedisse.

A Todos os Amores da Sua Vida - RETORNO EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora