capítulo sete

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❝ Use my head alongside my heart

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❝ Use my head alongside my heart.❞

O Pappy's era um dos bares mais antigos da cidade. Localizado no ponto final da praia, praticamente na divisa com Wellfleet, sua estrutura era parecida com a de um casebre de madeira, misturada com uma pitada de country meio Texas, finalizando com uma placa iluminada idêntica a de motéis de beira de estrada que não funcionava a sílaba Y. Não que isso fosse um problema. Era mais como um charme, um conforto. Aquele lugar era conhecido por ter música boa, comidas típicas e bebidas tiradas da internet. Os filhos de Peter Robinson, um veterano de guerra, tomavam conta do bar há mais de dez anos e contavam sempre suas histórias em noites de pouco movimento.

Para mim, ir até o Pappy's era como voltar a adolescência. E mesmo após a partida de Hunter, eu nunca havia deixado de voltar pelo menos uma vez no mês. Todas as músicas do rádio velho, que ficava no palco improvisado de lona aos fundos do bar, já haviam passado por meus ouvidos.

Estar ali novamente, com Hunter, parecia como retornar às noites em que a Culture Club tocava e eu aplaudia das mesas do fundo, tentando passar despercebida. Era pura nostalgia.

— Robbi Fernández! — Theodore Robinson, mais conhecido como Dorinson, interceptou nossa mesa assim que nos sentamos, perto do palco improvisado, nos bancos acolchoadas de couro falso. O homem parrudo, de provavelmente um metro e tantos, era tanto o barman quanto o atendente e não só conhecia a mim, como também toda minha família. — Como está o seu velho? Faz um tempo que ele não toca por essas bandas de cá. — Ele sorria, esbanjando os dentes brancos da boca, enquanto me estendia o pequeno cardápio com as comidas da casa.

— É. É verdade. — gargalhei brevemente. — Faz tempo que meu pai não vem aqui. Vou falar que mandou lembranças! — Com um aceno breve de cabeça, estava agradecendo pelo cardápio, mesmo já sabendo o que iria pedir antes mesmo de descer do ônibus que nos levou até ali.

— E você é o — Dorinson pareceu pensar por um segundo, encarando Hunter a minha frente com uma careta — Hunter James! O garoto que foi embora viver da música! — os dois trocaram um aperto de mão animado, como se não se vissem há muito mais tempo. — Você cresceu! Se parece mais com sua identidade falsa agora.

Levei as mãos até a boca para prender uma risada escandalosa, enquanto Hunter se virava para mim chocado com a constatação de que eu havia revelado para Dorinson o nosso segredo do colegial. — Foi só eu virar às costas, e você já saiu contando das minhas cartas na manga?

— Maxine e Miranda contaram. Não eu. — tentei me defender, fingindo ultraje. Na verdade a história era muito mais longa e constrangedora do que aquela, já que eu contei tudo para as gêmeas meses depois de Hunter ter ido embora para a Cleveland numa noite em que enchemos a cara no bar. Por um bom tempo, os Robinson não me deixaram beber até eu completar vinte e um anos. Muitas vezes voltei ali apenas para comer o famoso bolo de carne de Nora Robinson, a cozinheira e esposa de Theodore.

A Todos os Amores da Sua Vida - RETORNO EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora